O Amor Revisitado


Faz mais ou menos um ano, ainda no tempo que a Stela escrevia sob o nome de Jessy, que falamos cada uma da sua maneira sobre o amor. Um ano pode parecer pouco, depende, podem ter acontecido tantas coisas, mas tantas, que esse pequeno lapso de tempo de 12 meses tenha servido de muito. 
Talvez por isso mesmo, embora a minha opinião não tenha mudado muito, acho que posso acrescentar outras coisas. No meu caso, à força de conhecer mais pessoas, de conhecer melhor outras, de me debruçar sobre aquilo que eu chamo de "análise da Lucy", criei mais um paragrafo ao assunto.

A Lucy é aquela personagem do Charlie Brown que tem a barraquinha de consultas e não usa o método paternalista. De paternalismos estamos servidos, temos os nossos pais e demais chegados que pensam em nos ajudar sem dar um leve puxão de orelhas. 

Há uns tempos atrás, em conversa, uma rapariga daquelas que é boa onda, gira, nova, independente economicamente, me dizia que queria se apaixonar. Eu muito prosaicamente respondi-lhe : "Vai-te à eles miúda!"

A resposta do costume..."mas quem?"

É a situação actual que se repete vezes sem conta, querer amar, por querer sentir isso. Não sabem quem, esperam que surja do nada a alma gémea que as complete. Que as façam sentir  de bem com a vida. A gaita é que na maior parte das vezes, o amor não está ali, ao virar da esquina. E a essa necessidade de amar e ser amado cresce ao ponto de, qualquer pessoa que diga um "Amo-te" é a bóia de salvação. Não importa, ama-te, verbaliza isso, quando muitas, ou na maior parte das vezes, são só palavras. Porque esse "Amo-te" também sai da boca de quem está desesperado para amar e ser amado. Joga a deixa e espera que o resultado seja aquele que espera, o fim da solidão. E só se sente além da necessidade de ter alguém... uma atracção física. Isso é manifestamente pouco.

A coisa ainda continua correndo para pior quando, ao ler as palavras chave que levam as pessoas a caírem neste blog...leio coisas como:

Como conversar com uma gaja
O que fazer para conquistar uma gaja
Coisas que as gajas gostam de ouvir

Só estas 3 frases dariam um post imenso...e mostra quão pouco se tenta, por meios próprios, arriscar a conhecer alguém, encetar conversa e tentar brilhar por si mesmo.
Por isso e por tudo aí em cima que escrevi, queria revisitar o tema do amor. Mas não assim de qualquer maneira, jogando apenas a minha visão de gaja. Pra já, não seria muito famoso colocar aqui caso a caso todas as coisas que passaram diante de mim durante este ano. Teria que expor algumas coisas que não me pertencem, que me foram confidenciadas. Pra mim, a confiança de um confidencia ou segredo é sagrada.

Por isso queira me socorrer de alguém que, pra ja não fosse do sexo feminino, alguém que colocasse uma óptica diferente sobre o assunto, de uma forma lúcida e vivida como deve de ser. Que não entrasse com paninhos quentes neste assunto de amor. Poderia pregar aqui umas quantas frases do Fernando Pessoa ou Vinícius de Moares, ficava bonito e com pinta...poderia falar com os homens e pedir opinião, mas anda tudo ao mesmo. Numa procura lírica e com uma ideia estereotipada do amor. Preso às palavras standart.

Aí, aproveitando o feriado farrusco, dei em ler as crónicas do jornalista, cronista, crítico de teatro e cinema (entre outras coisas) Arnaldo Jabor. Gosto da maneira aberta, fácil e directa como escreve. E concordo com aquilo que vou publicar dele logo abaixo destas palavras que deixo aqui. Adorei ler.



EU TE AMO... NÃO DIZ TUDO!


Você sabe que é amado(a) porque lhe disseram isso?
A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e palavras.
Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, 
Que zela pela sua felicidade, 
Que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, 
Que se coloca a postos para ouvir suas dúvidas, 
E que dá uma sacudida em você quando for preciso.
Ser amado é ver que ele(a) lembra de coisas que você contou dois anos atrás, 
É ver como ele(a) fica triste quando você está triste, 
E como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d'água. 
Sente-se amado aquele que não vê transformada a mágoa em munição na hora da discussão.
Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente inteiro.
Aquele que sabe que tudo pode ser dito e compreendido. 


Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, 
Sem inventar um personagem para a relação, 
Pois personagem nenhum se sustenta muito tempo.
Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; 
Quem não levanta a voz, mas fala; 
Quem não concorda, mas escuta. 


Agora, sente-se e escute: Eu te amo não diz tudo!


Arnaldo Jabor

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Apareçam

Rakel.


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