Há coisas que realmente custam-me um bocado a digerir e a entender, coisas que escapam por completo uma logica simples, de tirar por A+B. Nesses dias escuso de escrever seja o que for, porque já de muito longe percebi que tudo aquilo que se faz de cabeça quente geralmente nos tira a razão. E eu sou um bocado controladora e gosto de ter razão. Sempre.
Ontem foi o dia de gastar a paciência numa fila que encaracolava pela rua em frente da EDP...já de si não favorece uma cabeça fresca e sensata. Nas primeiras 3 horas de pé a espera de chegar perto do balcão onde distribuíam as senhas, descobri uma outra dentro de mim louca de todo, já me via na pele de uma Carrie com banhos de sangue e muito fogo a pegar por todos os lados. As outras duas horas mostraram-me que há em mim uma santa merecedora de canonização. Mas vaderetro tal coisa, pois não almejo o céu. CINCO horas na EDP, tempo precioso tomado assim ao desbarato por opções e mais uma data de manias parvas as quais nem fomos tidos e achados.
Como será fácil de imaginar, saí de lá matando cachorro a grito e de paciência no limite; é verdade, ninguém tem culpa, mas meus pés e a minha paciência também não, e não é assim que um cliente deve ser tratado. Bom, já não foi mau ter conseguido resolver alguns dos assuntos e depois ainda ter conseguido almoçar apesar de ser hora do lanche.
Fico cá eu pensar que hão de divertir-se muito estes génios que decidem o que é melhor para nós, apesar de pouca ou nenhuma divulgação (e digo aqui do interior do país) de alternativas de outras empresas de energia, e temos que decidir sem saber para onde mudar.... deve ser o slogan. E há uma data de génios, verdadeiras sumidades que todos os dias levantam-se e deitam cá pra fora uma nova ideia cretina. Meio ao jeito do Pensador de Rodin na sanita.
Vivi uns anos em Santarém, e estudei lá como já referi anteriormente, ainda no tempo que era Liceu e não Escola Secundária Sá da Bandeira. Em frente do dito estabelecimento de ensino, dois jardins cortados por uma rua, um espaço de relva cuidada, árvores de médio porte e uns bancos. Escusado será dizer que em cada aula vaga, em cada hora de almoço, era fatal como o destino os grupos sentados na relva, a conversar e piquinecar ou na marmelada ocasional. Nesse mesmo relvado, no tempo das greves dos contínuos, o professor Eduardo Matos Costa, sabendo que não podia usar as salas de aula chamou quem quisesse para assistir uma aula lá no relvado. E o jardim encheu-se de alunos de várias turmas e foi uma das memoráveis aulas de filosofia com esse professor. Porque ele era mesmo um professor e gostava de dar aulas. Outros tempos, outras vontades.
O Zé Freitas, que foi meu colega dos tempos de Liceu, que agora dedica-se à arte da fotografia, ronda a cidade pegando ângulos, formas e cores pela perspectiva dele. E qual não foi meu espanto... quando vi uma foto que ele publicou do jardim em frente ao liceu que está a sofrer obras... pouco dignas do nome. Que o jardim sofre... sem dúvidas que sim, mas de melhorias eu cá tenho as minhas dúvidas.
Árvores abatidas...tudo virado do avesso e mais tarde, possivelmente, este que antes era um espaço verde, provavelmente será mais outro espaço feito de betão, com alguma estátua de gosto duvidoso e que há de custar os olhos da cara. Poderia dizer que tal acto seria para fazer conjunto com aquilo que se transformou o antigo jardim da biblioteca Gulbenkian e que agora é só uma superfície cimentada chamada de Liberdade. Ou então o conjunto completo com a infeliz rosácea plantada na fachada do convento de São Francisco, obra etílica (é de bêbados mesmo, e não estílica) e que durante mais de 4 meses foi motivo dos espasmos cardíacos e rosnares do meu amigo das fotos.
Espaços verdes na cidade não abundam, os dias de calor ainda hão de ficar piores com a falta de sombras e de locais onde levar a passear os filhos ou apenas descansar na relva como qualquer mortal merece. A lei da estupidez e das ideias cretinas, pegou de estaca e medra a olhos vistos.
Túmulos ricamente talhados na pedra, servem de apoio aos casaquitos de lã e de suporte para as bolsas de trapilho no bazar de Natal das senhoras da Cruz Vermelha e/ou Cáritas, ou até aquela calhordice de pintar com tinta preta esmalte o numero nas peças arqueológicas no museu/igreja de São João do Alporão.
Se por outro lado pendurassem na Torre das Cabaças todas as ditas cabaças que representassem todos os idiotas que imaginam e fazem estas obras... teríamos uma torre ao jeito da de Pisa, pois seriam tantas, mas tantas, que inclinariam com o peso a dita torre.
E pagamos os salários desta sumidades, destes iluminados seres... que depois de uns anitos afinfam uma boa reforma e ainda participam de jantares e homenagens. Até hão de virar nome de rua e tudo. Quiçá até de uma Fundação que será muito lucrativa... recebe do estado e não faz lhufas. Lucro certinho.
Depois de cinco horas de pé, de ver como quão bem são gastos os nossos impostos, de como a polícia informa de maneira supreendente, que o roubo do carro da minha amiga se deveu a um gang (noooooosssaaaa, nem Sherlock chegaria tão depressa a este vaticínio) na cidade, me resta pensar que isto tudo é uma grande anedota, num show de stand up duvidoso e que logo logo acaba.
Acaba, não é? Fala sério....
Apareçam
Rakel.
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