Imagem de Marca


Já vos deve ter acontecido, de numa consulta nos hospital, passar pelo corredor uma médica dos seus quase 30 anos e ouvir alguém dizer: "Tão novinha.... tomara que não me calhe na rifa, não deve saber nada do assunto".

Porque médico bom, daqueles mesmo bom, já sai da faculdade com 50 anos e com os cabelos brancos e ar contemplativo. Porque a imagem de marca do médico "bom" é essa. E essa conversa calha em qualquer profissão liberal que se prese, do dentista ao advogado (alou, bom dia Catekista) se não tiver a cara cheia de pregas, cabelo branco e usar fato e gravata... não é bom profissional. Que o povo tenha estes tiques, eu ainda aceito,  mais não seja pelas memórias de infância que perduram pela vida, ou até pelas inevitáveis conversas em família, onde se implantam estes tiques.

Mas aí vocês pegam numa determinada fatia de pessoas, aquelas que se dizem "boa onda" e o que vale é o bom som e Rock'n'Roll, sem esquecer umas cervejolas frescas. Essa malta que pra eles tá tudo bem, tudo na boa, grande parte dela anda a rondar a casa dos 40 e tals. A mesma que há mais de 20 anos chocou a sociedade com a imagem e comportamentos ditos não correctos, agora adultos, pais de família, mas continuando a curtir o som. Vão aos concertos, apanham uma bebedeira, cantam, tiram o seu fatinho e gravata e vestem os coletes pejadinhos de símbolos "roqueiristicos" e vão abanar a carola. Até aí tudo bem. 

No post ali do lado, o Comunicar Não é Só falar, falei sobre a linguagem visual como sendo UM dos meios pelos quais as tribos se definem. Mas deixei frisado no final, que apesar das aparências exteriores, o mais importante, aquilo que vale mais do que a imagem é o conteúdo. E apanho no LivrodaTromba um bate papo animado por causa de uma foto, nela vê-se uma banda metaleiro dos anos 70/80 e ao lado, uma banda metaleira de agora. Enquanto os dos anos "antes" tem aquele ar de Cocker Spainel ganzado... os do lado tem cabelos mais modernos, outras roupagens e outro ar. E lá vamos nós colocar outra vez um rótulo no que chega de novo : o New Metal.


E pior... ainda li a palavra TRADICIONAL. A tradição metaleira manda que uma pessoa, pra ser mesmo metaleira tenha que ter esse ar aí de cima, usar calças Spandex, que meus senhores, aquilo são leggins masculinas e coletes de ganga. E porque isso? Porque os metaleiros de hoje, os tais que andam na casa dos 40 e tals... não aceitam que os tempos mudaram. Pah.. 'tamos a ficar velhotes, e olhar pra novas gerações de metaleiros, novinhos, com outra postura... dá um aperto no estômago.

Porque metaleiro que se prese... que é macho e pega todas as "garinas" é mais ou menos isto:



As tais leggins masculinas, aqueles cabelos... pah... caramba... horas e horas em frente ao espelho armando aquela coisa toda (nem EU tenho pachorra pra isso), tatuagens?? Nááá...nada de agulhas, macho que é macho não precisa de desenhos na pele... (ahhh pois é bebé).

Será que tenho alguma coisa contra os Whitesnake? Lógico que não, foram no seu tempo, uma grande banda e tem ainda uma legião de fãs. Tem boas músicas? Sem dúvida que sim, e a imagem desse tempo era tida na altura como "UAU!". Embora agora me façam lembrar uma colecção de caniches arrumadinhos ao jeito, não lhes tiro o talento de jeito nenhum. Passados quase 30 anos... a imagem deles já não é bem assim né?? São assim:


Preto... como qualquer banda de Doom ou Gothic, um ar mais clean (hoje tou a abusar do inglês), nada daquele ar de Poodle de exposição. 

O que me dana o cérebro é essa cena corriqueira que, o que era bom era o de antes, de antigamente. Minha gente, o que não evolui e muda.. estagna e extingue. Antes a mudança de mentalidades e de atitudes é uma necessidade e um dos grandes pontos fortes do ser humano. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. E machismos a parte... deixem-se de merdas por causa do novo álbum dos Metallica se chamar Lulu... e não se esqueçam também aquele período beijoqueiro que esses metaleiros tiveram... o Lars tem uma linguagem podre... mas não se escusa de dar beijocas...


E se agora as novas bandas estão a criar uma nova imagem de identidade, uma nova cultura e som, que sejam avaliados não pelas aparências, mas pela qualidade do som, originalidade de estilo e virtuosismo nos instrumentos... e deixem de ser botas de elástico. Cheira a inveja de longe!!! Pah... podemos estar um bocado mais maduros... mas se a cabecinha continuar a evoluir... nunca envelhecemos!!

Apareçam

Rakel.


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