Tabu que aqui falo, não é aquele perfume terrível que foi usado e abusado pelas velhinhas lá pelos idos dos anos 80, mas sim o facto ou a palavra em si. Portanto, Tabu é aquele assunto, questão que não se coloca porque causa polémica, ganhou contornos sagrados e acabou por se mostrar a prima do dogma.
Depois, sabe-se lá porque, calhou de ser associado à hábitos que não se contestam, aceites de forma pachorrenta pelo povo em geral e não se fala mais nisso.
sabendo disso tudo, cá a moça quando teve seus filhotes, pensou com os seus botões que uma nova geração poderia surgir sem tabus, dogmas e com respostas. Não imaginam o que isso custa, encontrar respostas compatíveis com as idades, com lógica e ainda por cima que acompanhe a criança de forma que não surjam depois contradições.
Uma das regras que institui foi com os brinquedos: acabaram-se as cenas de brinquedo de menino e de menina. Eles tiveram direito a tudo : carros, Lego, aviões, bonecos e bonecas, conjunto de pratinhos e frutas e legumes de plástico, quebra- cabeças, pintura de dedos, muito papel e lápis... nisso me senti vitoriosa, ambos brincavam sem problemas, sem aquelas parvoíces de feminizações. Sempre disse que um dia, todo gajo teria que enfrentar uma cozinha.
Eles foram crescendo com as perguntas normais, as curiosidades normais. Aí com as socializações, comecei a explicar que apesar de sermos todos diferentes, somos todos gente. Daí que não fosse nada estranho que o mais velho, numa época complicada para ele (mano recém nascido) tenha tido o seu amiguinho imaginário. O curioso disto é que o tal amiguinho, segundo as descrições do puto .. era um mulatinho que usava óculos, sapatilhas e TShirt vermelhos e calças de ganga... e se chamava Uó. :)
Um dia, ele me disse que o Uó se foi embora... porque sentei-me em cima dele (terá sido uma indirecta ?). Mas achei engraçado como ele "via" o tal amiguinho. E mais reforçou a minha teoria que o caminho que estava a fazer era o certo.
Muito mais tarde as inevitáveis perguntas que acompanham o crescimento: a sexualidade, as DST, preservativo... e lá veio a explicação didáctica, com gravuras, e a banana pra mostrar como se coloca. Expliquei o ciclo menstrual, expliquei o que era o tampão, o penso higiénico, o diafragma e a pílula. Nunca fiz destes ciclos Tabu cá em casa. Fazem parte da vida.
A coisa que sempre me divertia imenso quando ia à um supermercado, era ver um gajo, parado no meio do corredor de "assuntos íntimos femininos" com cara de perdido e tramado. Há uns 5 anos atrás.. um deles de telemóvel na mão me pediu ajuda, acabei por falar com uma muito irritada gaja que queria os pensos XPTO com alo vera...
Um belo dia, depois de ter gasto anos em ensinamentos, de abertura mental, me deparo sem pensos... tampões... zero... período? Fora de hora que chegou... resultado?
" Vais ao supermercado pra mãe?"
"Precisas de que?"
"Trazes pão e pensos higiénicos"
Nisso, dou de caras com uma feição igual a dos gajos lá no corredor do supermercado : "tou tramado". Entortou a boca, mordeu o lábio e ficou naquela batalha entre a sua masculinidade e a minha necessidade...
"Não tens mais nenhum? É que não me calha mesmo nada sair agora... até porque pão... acho que ainda tem.. Já viste a quantidade de marcas e tamanhos...? um gajo fica baralhado!!! "
Pronto, fui vencida. Corri todas as malas e carteiras, bolsas e bolsinhas até encontrar um solitário O.B, numa mala que usei um par de vezes há 4 Invernos atrás. E fui eu às compras.
Mas não desisto da minha teoria: um gajo pode comprar pensos sem ter que tirar um curso ou fazer terapia contra ataques de pânico.
Apareçam
Rakel.
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