Profecia Maldita

Depois de ler o comentário do Judas, de saber que uma grande e velha amiga está passando por difíceis momentos de um pré divórcio (mais uma pra colecção) resolvi falar dos filhos.

São esses seres que nos moem a cabeça desde que nascem, que são extremamente divertidos e acima de tudo são gente. Muitos se esquecem deste pequeno detalhe.

Queria falar dos meus, que estão numa fase muito interessante e divertida, daquelas que a gente conversa imenso, se diverte e ri a brava. Com os seus defeitos e qualidades, com as suas capacidades direccionadas pra diferentes lados...e donos da suas próprias personalidades.

O mais velho...bom...herdou bastante de mim, vive numa desordem organizada, ao ponto de ter dias em que entrar no quarto dele só mesmo de catana e fato de guerra bacteriológica. Desbocado, contador de anedotas e humor fácil. Meu génio informático que quando acorda de manhã fala por monossílabos..."MÃE MEIA"...que traduzido significa : "Mãe, arranja-me um par de meias?"  Um gajo porreirinho já perto dos 19 anos de idade.

O mais novo...herdou outras coisas minhas...o sarcasmo, o amor pelos livros e música e uma dedicação responsável pelos estudos. Dedica-se mais ao verso que à prosa, sente as coisas intensamente..mas guarda-as todas dentro dele...e tem um humor muito especial... Tem bem definido dentro dele aquilo que considera as linhas de conduta, uma linha de pensamento altamente filosófico e bem equilibrado. Um gajinho de quase 15 anos...muito adulto.

Quando me largaram aquela profecia maldita : "Filho és, pai serás" jurei pra mim mesma que os meus filhos poderiam ser aquilo que quisessem e mais do que isso... que tivessem a oportunidade de serem felizes do jeitinho que eles querem. Porque eu não fui a filha que se encaixou nos moldes estipulados pelos meus pais...muito pelo contrário. E como filha de pais que se separaram de uma forma bastante conflituosa, em que os filhos foram usados como pedra de arremesso, jurei também que se um dia chegasse ao fim o meu casamento, eles, os meus filhos, teriam que ser resguardados dessa situação.

Eu desejei os meus filhos, eu os trouxe cá pra este mundinho de delícias por que eu queria-os cá. Se fiz um bom ou mau trabalho... não sei, mas que foi divertido e interessante ver como cada um criava as suas próprias visões de vida e criavam o seu próprio caminho...é verdadeiramente fantástico. E não estou à espera que mais tarde os dois venham a me prestar homenagem ou agradecimentos pelo que eu ensinei ou mostrei à eles...quero ver a felicidade deles.

Por isso que me dá uma raiva do catano, quando vejo adultos, que em princípio são bem formados e usam os filhos como modo de ferir um companheiro ou cônjuge. Das maiores covardias que podem haver neste mundo...esta é a maior. Eu gosto mais de ti do que o/a teu pai/tua mãe...fazer escolher entre duas pessoas que não acabam de ser pai ou mãe com a chegada do divórcio. É uma bosta...mas existe isso demais.

Embora eu não concorde que um casamento se resolva no insulto, na agressão física e psicológica, se o quiserem fazer... excluam os filhos. Arranjem argumentos válidos para se degladiarem, e tirem as crianças do meio. Isso é uma covardia...

Quem trás filhos ao mundo assume uma responsabilidade enorme. Mas é das coisas mais giras que podem acontecer a nossa vida. E não façam dos seus sonhos perdidos os sonhos dos seus filhos...eles nasceram para ter os seus próprios sonhos e caminhos.

Pra vocês, João e André... com todo o amor da vossa mãe maluquinha...

Apareçam

Rakel