Dez Anos




Eu às vezes me pergunto se realmente estou ou não no século XXI e todas essas coisas supra-ultra-modernas da humanidade. É que raia o ridículo quando associam uma marca de cerveja (com perdas de vendas e lucros) ao vírus da moda e já desancam a paulada no primeiro desgraçado que tenha ar de asiático, não seja ele o culpado transmissor do vírus. Vinte anos passados de um novo século e ainda somos uns campónios de forquilhas e archotes nas mãos para queimar "bruxas" tal e qual os dos tempos das "trevas".

Depois dei em pensar na mesma palhaçada que aconteceu, mais ou menos, há dez anos atrás com o H1N1 que foi um Uó de achismos, agoiros e escândalos mil. Foi em Abril de 2009, andava eu ainda entretida entre dois blogs diferentes e com filhos ainda no miolo da adolescência. Depois dei-me conta que abri este, que nem tinha dado conta do tempo passar tanto. Foi no dia 09/09/09, até parece meio drama, meio como quem quer não esquecer (e eu esqueci)  e deu-me para perceber que para algumas coisas é uma questão de repetição, outras...são tão interessantes.

2009 ano do surto da H1N1 e sou convocada pelo centro de saúde para ser vacinada pela nova vacina (feita na China, em cima do joelho) já que faço parte do grupo de risco. Eu fui categórica em não vacinar-me...porque uma vacina como deve de ser leva no mínimo 10 anos de experiências em seres humanos, antes disso, pelo menos 5 anos em ratos de laboratório, aquilo tinha um par de meses entre primeiro caso e pandemia (que foi significativamente mais rápido do que este) e não me sugeria confiança (lembram das mortes por causa da vacina?).
Um dos componentes dessa vacina é um "gatilho" que despoleta com mais agressividade o sistema imunitário; isso para um asmático é um assunto delicado, já que o que provoca uma crise é justamente o nosso sistema imunitário ficar em alerta vermelho com a entrada de um agressor qualquer. Portanto, ou morria da gripe ou da vacina, e preferi arriscar as minhas chances. Por incrível que pareça o médico achou na minha resposta a mesma opinião (no estilo, cá entre nós) também achou que seria melhor tratar dos efeitos da gripe do que uma reacção adversa à vacina. Mas só fiz isso só com essa vacina Made In China com meses de laboratório.

Há mais de 10 anos atrás... também as manchetes de cada jornal ou Telejornal era o mesmo: lançar o pânico na população, não tendo outro assunto que não fosse a gripe ou o CR7. No caso de agora , ver que os jornais de todas as plataformas giram em torno do Corana19 e no tal jogador do Esportém que saiu... é voltar dez anos no tempo. Estranhamente não falam dos números de ex- infectados que recebem alta, número em muito superior ao dos que morrem pelo vírus. Mas aparece-me uma notícia da OMS  na Euronews a dizer que "sendo um vírus novo, ninguém tem imunidade" e é a descoberta do século... (affff, cumcaneco, quantos anos de estudo são precisos para essa confirmação?). E sendo um vírus novo, não resta grandes dúvidas que foi realmente criado em laboratório e "solto" (como um teste) para conter uma certa revolta popular que saiu da mão das autoridades. É a primeira vez que leio que um vírus humano infectou um cão, tornando-o num transmissor para, se calhar, qualquer mamífero. Feito pela mão do capeta, certamente.

Fica patente então que é M.O da informação limitar-se ao polémico, escandaleira, achismos e copianço sem o menor pudor. É mexer com emoções primordiais e chantagem emocional pura e simples e desse desconcerto de não poder ter opinião própria.
Mais tarde, vou falar sobre o movimento Me2 e o caso Depp....uma vergonha, minhas senhoras, uma vergonha!

Mas...

Há dez anos atrás, meu filho anunciava-me que tinha casado com uma personagem dum jogo para subir de rank (Fly For Fun ou FFF para abreviar) e achei um piadão do caraças. No entanto neste ano, ele prepara-se para casar com a sua companheira (de carne, osso e alma, gente em suma), oficializando a relação e seguindo aquilo que ele acredita que deve fazer.

Há dez anos, o senhor engenheiro, em entrevista na televisão afirmava que Portugal não pediria um novo empréstimo ao FMI quando já tinha negociado mais um, e largado nas mãos do Primeiro ministro que viria a seguir e a ter um pepino e tanto para descascar e uma crise gigantesca para gerir. Hoje temos um deslumbrado, cheio de "obamismos" nos discursos cor de rosa...e nunca estivemos tão bem. E esse tão bem resume-se que aqui e agora o serviço nacional de saúde nunca esteve tão mal como agora, que o poder de compra é pior do que há 15 anos atrás... mas tá tudo bem!!

Sem perceber bem, dez anos passaram num instante; filhos já adultos, pessoas que entraram e saíram da minha vida, outras que são uma constante e confortante, sem igual. Dez anos que serviram para mudar não só aquilo que me impulsionava a escrever como o modo como escrevia. Crenças que caíram outras que nasciam, trabalhos diversos, tanta gente, tantas experiências e no fim, umas são repetições, outras puro espanto da novidade. Perdi a pressa, perdi a ânsia e aquele olhar para o relógio e achar que preciso de mais tempo, que o dia é pequeno.

De 2009 para cá, percebo que não adianta explicar muitas coisas que não se fazem entender logo; os mistérios de cada ponto da nossa vida são tão singulares que não encontram reflexo em mais ninguém. Cada pessoa só entende quando fica diante desse mistério e consegue decifrá-lo e gera a paz interior.

E certamente, estou-me nas tintas pelos achismos de carneirada; vive-se melhor com bom senso e usando a cabecita... e aquilo que dizemos.


Rakel.


 

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