Companhia, Direita Volver!!!!



Um ano sem televisão em casa e a única coisa a lamentar é não poder jogar na PlayStation ou ver um filme; de resto não lhe sinto falta e dá-me um certo descanso à meninge que não tem que alâmbar com discursos da treta. Por outro lado, fica-me a alternativa de informação dos jornais, comparando, filtrando e tirando as minhas próprias conclusões.

É no entanto um pouco triste perceber, que algumas publicações fizeram uma adaptação aos "novos tempos" ao estilo das revistas de escandaleiras e com as fotos das mulheres dos jogadores da bola em trajes diminutos. É o caso do Blitz, que agora até fala da mulher barbuda platinada, como se isso fosse uma notícia de interesse no mundo da música. Mas enfim, lá vamos nós, deitando fora umas coisas, a ter atenção noutras e depois debruçando-nos e antecipando alguns movimentos político/sociais que, passam desapercebidos graças aos dramas do Gnomo Verde de Alvalade e pelo Mundial de Futebol, que são (estes movimentos) entretanto muito interessantes.

Há coisa de ano, ano e meio, a Tia Merkel (tomando como veículo Bruxelas) apontava o dedo à Hungria e Polónia, ameaçando com sanções se não aceitassem refugiados. Estes dois países ficaram pé e disseram que não às ameaças daquela senhora que julga-se dona e soberana da Europa, ditando o quê devem ou não fazer dentro de cada país. Foi preciso que uma menina de 14 anos fosse violada e morta por um desses refugiados para que ela agora exija (pois a madame não sugere nem pede, pois não) que sejam feitas políticas (internas, está claro, Alemanha é Alemanha e os outros…) de filtragem desses refugiados que chegam às bardas e dar ordem de saída à mais uns tantos.

Pergunta inocente: então, como ficamos?

Da Áustria sopram ventos que, indubitavelmente, são ao contrário da actual  visão dos refugiados, já não entram assim aos bandos e começa a dar guia de marcha para os que já lá estão. O novo governo italiano parece estar já farto dessa boa vontade que não "permite" que se diga não; que essa boa vontade iniba de exigir que refugiados, que se são acolhidos num país que não é o deles, que assimilem os hábitos, leis e costumes e que vivam com honestidade e dignidade. Aquilo que dizem os pós-modernistas (que geralmente é da esquerda deslumbrada e pouco realista) é que devemos abraçar tudo e mais alguma coisa, mesmo que isso prejudique os cidadãos da nação. O Aquarius, o barco entre Pilatos e Herodes, pejadinho de refugiados, levou nega da Grécia e Itália, sendo agora recambiado para Espanha.

Os ventos agora não sopram do Norte, mas sim da Direita, que vem aproveitando os tiros nos pés que os da Esquerda vem dando. As políticas sociais desarranjadas e mal calculadas tem vindo a mostrar os pés de barro dessa benevolência ao refugiado. Paris, a cidade luz, a romântica cidade, viu-se com acampamentos pelas ruas dessas pessoas que ficaram a mercê da boa vontade... e sem meios. Coisa para dizer que de boas intenções está o Inferno cheio. Até foi preciso um tipo fazer um hipotético salvamento de uma criança pendurada numa varanda, para ganhar o direito ao trabalho e a ser legalizado. Digo isso, hipotético, já que segundo alguns jornais franceses, com vídeos a mostrar esse salvamento, o senhor que segurava a criança poderia ter puxado e tudo sem espinhas. Casualmente, ele até conhece o salvador da criança e esperou que ele escalasse as varandas e assim, imortalizando em fotos e likes esse acto heróico.

Durante os últimos 10 anos, a Direita tem vindo a adoptar o sistema de assistir o panorama e não entrar nas grandes discussões enquanto as políticas pós-modernistas bem intencionadas tentavam fazer "o melhor" pelos países. Não é a Direita raivosa ou abrutalhada à Le Pen que vem mostrando que ainda vive. Mas mesmo assim, é algo que tem vindo a ganhar terreno aos poucos e que vem mostrando cada vez mais adeptos e que de certo modo, embora não radicalizado (ainda) assusta um bocado. Aqui mesmo ao lado, Espanha emerge já com alguma vontade e pelo cansaço do anterior desGoverno do Mariano, a ter saudades franquistas.



Aqui, enquanto houver bola e jolas, a coisa vai correndo bem, com aquelas estatísticas duvidosas que nos dizem que vamos muito bem, apesar da escandalosa dívida pública. Infelizmente é proibido tirar fotos dentro de instalações estatais, pois teria o maior gosto em publicar aqui as salas atulhadas de desempregados a serem obrigados a tirar cursos de formação no IEFP. São esses que depois passam para as tais estatísticas como "ocupado" e contando nessa baixa de desemprego. Passei pela porta e vi aquele mundo de gente, entre eles, pessoas que conheço, e que depois pude entrar e ver...tanta gente desempregada e a servir de números estatísticos. É assim que uma pessoa perde as ilusões todas…

Talvez, o caro leitor poderá pensar que estou numa "fase" pessimista e que veja coisas que não existem. Mas se há algo que a história mostra, é que passamos por fases de ascensão e  queda periódicas, com modelos adoptados e desfeitos. Os ídolos morrem (falíveis como todos humanos), caem e voltam a erguer-se nesse movimento de descontentamento ou aceitação. Poderão por um tempo, estes senhores que foram símbolo servir de base para que alguns continuem votando no partido e dizendo para si, que assim, sim, tudo há-de melhorar. Mas o mundo gira e não se compadece de símbolos de resistência, fundadores de partidos e nem de modelos que, no papel parecem ajustados mas que não funcionam na prática.

E no que toca aos movimentos sócio-culturais e políticos, há um retroceder (será cansaço?) tanto fruto da chamada crise, como de toda essa ilusão que tudo pode ser imposto sem discussão.

Veremos as cenas dos próximos capítulos e como vai ser encaminhado o problema dos refugiados e daqueles que abandonam os seus países procurando de melhores condições de vida. E principalmente, aos nacionais que precisam de melhores condições antes de presentear outros.


Rakel.


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