Hã? Parte 2





Temos duas alternativas quando estamos expostos com a informação disponível: ou passamos os olhos por cima, vociferando os comentários habituais ou... prestar a atenção às palavras jogadas na rede ou jornais e ficar entre confuso ou apardalado.

Passando assim por alto pelas notícias (e vou tentar não falar do pequeno gnomo verde de Alvalade) dá-me a sensação que tal como o tempo, anda muita gente com questões ambíguas e de difícil tradução.

Passei os olhos por cima de uma notícia/receita sobre esta fantástica e nutritiva novidade que são as "panquecas paleo". Antes de começar com isto, devo de dizer que, tentando comer melhor e cortando nas tais "porcarias gordurentas" caí na esparrela de comprar uma caixa onde dizia "Tostas de Milho"; pensei cá com os meus botões que seriam fatias de pão de milho que passaram pelo processo de tostagem e que seriam um bom substituto das batatas fritas. Aquela substituição saudável de quem está em frente do computador, pelas 10 da manhã, matando a cabeça com fórmulas de cálculo e com fome canina. E vai daí que aquilo de tostas não tem nada e são umas primas directas das bolachas de esferovite, vulgo bolacha de arroz tufado. Voltando então ao assunto "alimentação paleo"...

...os nossos antepassados que andava de porrete na mão e tapando as nalgas com um bocado de pele animal, faziam então panquecas? Se calhar a Dona Growna, mal raiando o sol e levando o corpinho da terra batida para mais um dia de labuta, fazia umas panquecas para o Sr. Drowel não sair para as caçadas de bucho vazio. E com a incerteza de apanhar caça ou não, pelo menos enganava a fome com a tais panquecas.
Isso da dieta paleo deve ter sido inventada por algum fã dos Flintstones, pois em verdade, dependiam do conseguiam caçar e recolher da natureza, não sendo assim tão certo de ter uma reserva condigna de alimentos como muita gente pensa. E não se esqueçam, esperança de vida nesses tempos idos era praí duns 35 anos no máximo.

Voltando à realidade que vivemos, o prof. Marcelo diz que é uma vergonha nacional os níveis de pobreza; não são só os sem tecto os visados nesse discurso. São aqueles que vêem-se forçados pelas contingências a recorrer aos bancos alimentares e aos programas da U.E de combate à pobreza. Discorrendo bem no assunto, um país com real saúde económica e com prosperidade não precisa de peditórios e campanhas de recolha de alimentos e roupas. Um país realmente saudável economicamente, tem emprego e sustentabilidade para as famílias.

No entanto, dias depois, o prof. Marcelo diz então que temos que ser solidários e receber mais refugiados. Hummm...ok, tá certo...mas onde está a lógica? Então andamos aqui a lutar para conseguir trabalho, uma bolsa de estudos para os filhos, rezando para que ninguém fique doente e no entanto, cada refugiado que chega tem casa gratuita, escola ou universidade gratuita, emprego e saúde gratuita. Então temos que ajudar, e sem dúvida é povo que sofre, os refugiados, sem antes ajudar os filhos da nação? Andam a despejar moradores dos bairros antigos de Lisboa para construir mais hotéis e afins. Onde vão parar essas pessoas? Na rua? Nos fogos desprezados pela Câmara? E emprego senhores? Mais de 18% de desempregados nas estatísticas reais, não as fabricadas pela Geringonça, e vai-se arranjar emprego para esse milhar que espera receber?? Mas a coisa não fica por aí; o nosso primeiro ministro alega que precisamos dos que vem de fora para corrigir o desnível de natalidade.

Peraí...

Podendo ser solidário com as desgraças alheias tudo bem; não nego essa estupidez que há mais de 7 anos anda a destruir lugares e pessoas, mesmo que fique perplexa pela quantidade de homens que escolheram fugir ao lutar pela terra que nasceram. Ok, percebo isso, mas Sr, Primeiro, a malta não tem filhos agora por falta de vontade ou porque esqueceram como se faz isso. É que fazê-los é fácil, divertido e tira insónias. O problema é criá-los e com condições dignas. Se estamos num país em que a dor de cabeça dos estudantes começa pela epopeia de conseguir bolsa e depois trabalho quando acaba o curso, colocar filhos no mundo e dar-lhe a possibilidade de um futuro está incerto. Conseguir um T1 a 600 paus e vai lá vai, com sorte, mercado de trabalho instável e sustentado por empresas de trabalho temporário e friso o TEMPORÁRIO... Sr. Primeiro, a coisa assim não vai não. Andamos aqui pisando ovos para conseguir levar o mês ao fim de cabeça erguida e vem o outro chamar imigração para povoar o país; só se vai dar à essas pessoas garantia de emprego, habitação e saúde de mão beijada, senão vamos ter aquela coisa linda dos chamados bairros da lata a crescer como chuchu na cerca e deixando os nacionais a ter que lutar, no duro, pela vida. Isto tem algum jeito?

Derreti a caixa toda dessas tostas de milho, primas da bolachas de esferovite e senti uma saudade imensa das minhas "porcarias" nada saudáveis mas, mesmo assim, autênticas e não fingidoras que apesar de apregoarem saúde não passam duma falsa satisfação. Ao fim e ao cabo aquilo é o mesmo que as tiras de milho fritas, daquela marca do boneco sorridente, mas sem temperos e aquele nadinha de gordura.

Saio, vou ao balcão do banco do estado fazer um depósito; 13H00 e não tem viv'alma em lado nenhum e começa a música da série Quinta Dimensão a tocar na minha cabeça. Lá aparece um solícito colaborador (e chamo assim pois fiquei na dúvida se era gerente ou operador de balcão) a me dizer que a "tesouraria" fechou ao meio dia. Hã? mas então e a malta que trabalha e que aproveita a hora do almoço para resolver os seus quesitos com os depósitos e outras miudezas habituais de quem paga, e bem, pelos serviços da dita instituição? Pois acabam-se as cadernetas, acaba-se o atendimento ao público, tomam por garantido que toda gente tenha Internet em casa e que os mais velhos se entendam com a caixa multibanco. Porreiro... cheira-me que a tal taxa de desempregados vai subir não tarda nada.

Uma pessoa assim não se safa e vai mesmo jogar pelo seguro e afastar-se um bocado dessa cena dantesca que é a informação formada e formata ao jeito de quem precisa. Jogo a toalha no chão e "vou-me" à torradinhas com sabor a alho, que não levando o bio na embalagem, pelo menos alegram o meu dia.

...e parabéns à todas as mulheres que ainda tem coragem para colocar, de forma consciente, uma criança no mundo com esta cambada de iludidos que nos governam, mesmo que não tenham a chancela de realeza. Mesmo que não sejam notícia em todos os jornais e sites de informação (que até enjoa), vocês são umas grandes mulheres!!


Rakel.


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