Glamour



Pelos idos de meados do século passado, a moda feminina era do estilo arranjadinho: as saias rodadas, luvas e malinha, o chapéu ou capeline, lencinho de mão, batom vermelho e colar de pérolas fingidas ou verdadeiras. Foi daí que começou esse mito urbano de que mulher leva pelo menos duas horas para se arranjar só para ir comprar pão.

Também era sinónimo de feminilidade e de um certo "estar bem na vida" ou de marido/amante desejoso de agradar, de também um certo status social que as diferenciava do resto das comuns mortais: os casacos e estolas de pele e os diamantes. Já a tia Marilyn cantava que os diamantes são os melhores amigos de uma mulher, assim como uma garrafa de litro de nº 5 da casa Chanel. Não havia actriz que não aparecesse nos eventos sem um pouco de pele de raposa ou vison; vison era o Ferrari dos casacos de peles.

Embora os diamantes não sejam mais que bocados de carvão sob pressão e calor que ficam branquinhos, brilham olhos e desejos de os ter; digamos que não deixam de ser bocados de vidro mais rijos que decidiram valorizar. Essa valorização criou entre outras coisas, guerras, escravidão que ficam ofuscados pelo brilho dessas pedrinhas que muitas vezes são chamados de "diamantes de sangue" e seguem um tráfico do tipo "mete nojo". Se a questão é ter um desse cachuchos nos dedos ou no pescoço, podem optar pelos feitos em laboratório, que custam um quarto menos que os tirados de minas e que podem até ser na cor que desejam. São diamantes na mesma, o processo é apenas recriado em laboratório e não morre ninguém por conta disso.



Actualmente, com a informação largamente difundida e de todos as captações posteriormente tornadas virais, sabemos que para fazer cada um desses casacos animais inocentes são esfolados vivos, e que com esse comportamento bárbaro estávamos caminhando para a extinção de algumas espécies. Tia Brigitte Bardot deu o pontapé de saída desse movimento anti-pele animal, quando defendeu nos anos 70, o fim da caça às focas bebés. Estas criaturinhas fofas, inocentes e branquinhas eram mortas com pauladas na cabeça (para não estragar a pele) apenas para satisfazer a futilidade de algumas peruas em ascensão. Depois disso, cada vez mais pessoas ficaram conscientes do papel importante de manter as espécies e acabar com essa estupidez exibicionista de usar pele verdadeira.

Actualmente, a indústria da moda evoluiu de maneira a acompanhar as exigências de mercado e dos movimentos sociais e conservacionistas. A bem dizer, ainda não atingimos o ponto de perfeição; no que tentam melhorar as condições de vida animal, banindo cosméticos e roupas feitas com matéria prima animal, montam estaminés em países pobres e fabricam os produtos com manufactura infantil e de pagamento miserável. Ainda há um longo caminho a percorrer no sentido de ter nessa área o melhor de dois mundos.

Provavelmente vindo de uma raiz mais asncestral e genéticamente tatuado nas nossas cabeças, já que o melhor caçador e aquele que trazia as peles para cobrir o corpo eram os escolhidos para acasalar, ainda temos estes tiques cavernícolas das fofuras das peles. Tendo então as fábricas a produzir pele sintética e pelagens quase iguais às verdadeiras, o mundo da moda tem se esbaldado sem peso na consciência.

...o pior é quando o sol mal deu o ar da sua graça e vamos ainda em modo "quase acordado" pela rua e damos de caras com um enorme Yeti * cor de rosa.Os casacos ao estilo peluche da Rua Sésamo estão aí em todas as cores do arco-íris e a rapariga, logo de manhã estava apetrechada para enfrentar o frio e mostrando o seu lado pink-barbie.

Uma pessoa até pensa que o cigarro que acabou de fumar não é o habitual e veio temperado com outras ervas.

Yeti*= Abominável homem das neves; bigfoot.


Rakel.

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