Há coisa de dois anos na minha despensa, houve um ataque de traças mutantes; curioso é o facto que não havia por lá uma peça de roupa, coisa que automaticamente atribuímos às traças; elas gostam de fazer buracos nas roupas e mastigam tudo. Acho que de tanta fibra sintética que as roupas vem ganhando de ano para ano, elas desenvolveram, por evolução, uma dentição que ultrapassa a imaginação. Chamo-as de mutantes pois furavam os sacos de arroz, bolachas, deixavam os feijões em jeito de passar um cordel e fazer pulseiras de tão esburacados ficavam.
Ele foi papel pega traça, ele foi castanhas bravas (e eu já naquela de começar a pensar em bazuca e mísseis quando a coisa não surtia efeito) até que eu vi uma aranha bem pequena e pensei: inimigo natural = fim da praga. Como sabemos, aranha é do tipo tímido, gosta dos cantinhos, não anda para aí a dar o ar da graça e foi assim que nesta Primavera dei-me conta que não havia mais nada roído, nada estragado; a tal aranha cumpriu o seu dever, pensei eu. Como disse, essa bichinhas são do tipo esquivo, portanto, só dei pela proliferação dessas pernudas tarde demais.
Hoje...me senti a Ripley à procura da "aranha mãe", a que despejou praí um exército delas e aproveitando aquela procrastinação que só dá quando olhamos a quantidade de inutilidades para deitar fora e com os 40º que não apetecem enfrentar. No lugar daquele canhão que lança chamas e balas explosiva da Ripley, numa mão eu tinha o aspirador e na outra insecticida; e eram mais que as mães...fugidias como o Speedy Gonzales, mas fui pegando uma a uma. Mas faltava a mãe. Nunca na minha vida tinha deparado com teias tão transparentes e resistentes, do tipo de puxar e ela a esticar. Mais uma mutação que dá que pensar. Até que lá no alto, na prateleira mais alta que pede escadote, estava a gaja...corpinho do tamanho da unha do indicador e pernas ao estilo Gisele Bundchen, daquelas que nunca mais acabam. Ano que vem é o quê? Formigas Ninja ou estilo Mirmidons, com lanças e escudo a dar cabo da minha paciência?
Missão cumprida, lavadas as estantes, 3 sacos de 100 litros depois tenho a despensa num mimo; pensará agora o leitor: "mas então, não é na Primavera que acontece o advento da fúria das limpezas grandes?" Mas claro que sim, tem toda a razão. Mas na verdade, biologicamente para mim que nasci a Sul da linha do Equador, agora é que é Primavera.
No entanto ainda estou em dúvida se a bazuca entra ou não como opção, desde que este Verão prolongado tem dado aso as moscas aqui na cidade. Chatas como o raio, aos montes, graças a ineficácia da Câmara e do seu "presidente" que deixou meio que ao acaso a limpeza do rio e desinfecção das bermas. E só por isso peço chuva. Ou um taco de baseball também será uma boa ideia...
Rakel.
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