A Tua Cor



Os métodos podem ser diferentes, há gatilhos que disparam com menor ou maior força e nunca sabemos bem a hora que acontecem. Ou julgamos apenas que não sabemos. Costumamos dizer que "descobrimos" algo de novo em nós, quando poderíamos dizer que na verdade, sempre lá esteve a fagulha, mas nunca demos ar suficiente para atear a chama.

Há certamente esse esquecimento do que somos capazes, aquela pitada de "um pouco disto, um pouco daquilo" que não favorecemos, menosprezamos em nome de prioridades que na verdade são pesadas obrigações. E há aquele momento, que depois de já ter cumprido com os pagamentos sociais, que começamos a prestar mais atenção às nossas necessidades. E mudamos, aceitamos esse lado colocado de lado e começamos a dar valor. Não, não é preciso que outros achem valor naquilo que fazemos, nem precisamos que o "sucesso" seja partilhado em 200 fotos ou na aceitação de milhares de likes. É uma satisfação própria, é matar uma fome interior.

Vi este vídeo do Jim Carrey, um actor  que toda gente conhece e erradamente pensamos que se limita às gags e imitações. E descobre-se que há esse lado que precisa de cor para expor, falar e divagar.  Acredito que dentro de cada pessoa há uma expressão artística que ainda não foi exercitada; seja com telas e cores, num prato sensacional ou no engenho de moldar o barro, a pedra e o aço. Acho que num misto de vergonha e aquela coisa merdosa que nos incutem de que se é para fazer algo, que seja útil e que renda um bom preço, esquecem, colocam de lado a satisfação pessoal.



Se chamam de egoísmo a auto satisfação, a auto realização, então estou numa época tremendamente egoísta. Mesmo que ninguém perceba, mesmo que ninguém veja sucesso nisso; mas basta-me sentir realizada e completa. E como sempre disse que certamente tenho um lugarzinho guardado para mim no Inferno ao lado do Tio Lú, tanto se me dá que mais um dos 7 pecados, o do egoísmo (por oposição ao altruísmo) esteja a funcionar a todo vapor. Há certamente por aí muitos que precisam de encontrar a própria cor, som ou forma; muitos que ainda retraem-se por não ser a perfeição que o mundo exige. Estiquem o dedo médio, fechem os demais e façam aquilo que tem aí dentro e nunca fizeram e que poderá vir a ser a melhor forma de funcionar neste mundinho louco. Há sempre algo que não tem preço pela satisfação dada... e a vida é curta demais.


Rakel.

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