Cada vez que apresento um Currículo, a primeira coisa que me dizem é que trabalhei em coisas diferentes; é com certeza uma realidade de que tive oportunidades diferentes e que proporcionaram diversas visões de vida e do mundo do trabalho. Embora no final isso não nos dê um diploma qualificativo, dá experiências e mais competências.
No que toca ao quesito profissional, cada qual sente-se confortável ou desafiado da maneira que mais lhe convém; por outro lado, aquilo que for de passatempos ou formas de evasão, podem, mesmo que tenham o mesmo trabalho há 20 anos, ter diferentes afinidades. Descobre-se o artesão que talha madeira ou a costura; a jardinagem, nem que seja no espaço acanhado de uma varanda ou então, o ímpeto de desenhar e pintar o que sentem. Também há quem permaneça há 20 anos a fazer o mesmo trabalho e a ocupação de evasão seja tão sistemática e única como a repetição da rotina.
Uma das coisas que costumava fazer nas pausas de trabalho e quando havia condições, era ocupar o tempo no origami (arte japonesa de dobragem de papel) enquanto ouvia conversas e ocupava a mente e os dedos nervosos a pedir um cigarrinho. Muitas vezes me perguntaram "mas que raio de utilidade isso tem?" como se tudo que produzimos ou fazemos tem que obrigatoriamente ter uma utilidade.
Dizia eu que era pela natureza distractiva e pelo sentido de realização de algo, ao que respondiam, "que isso era engraçado de ver, mas que não servia para nada". Ou então, "mas culinária vietnamita porque cargas d'águas?" ou "fazer sabão em casa...quando podes comprar isso em qualquer supermercado?"
Não percebem o factor de concretização e diversificação...é pena.
Então, por causa de um evento, lembraram-se desta minha modesta habilidade no origami e, tcharammm encomendaram-me uma boa quantidade de tsurus (garça).
Saber coisas diferentes sempre dá jeito, alargar as possibilidades, também ajuda. Nunca sabemos se aquilo que acumulamos e que aprendemos fará falta.
E vamos lá dobrar e abrir as asas dos Tsurus...
Rakel.
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