Analisando Intimidades



Finalmente, depois de um longo e tenebroso inverno de controvérsias e imposições, chegam os estudos científicos, o que dá toda uma veracidade ao problema, que afirmam que usar sutiã pode prejudicar a saúde.

Nem tarde, nem cedo, há uns dias apareceu como notícia num jornal nacional em estilo Maria/Caras/Jornal do Incrível, o assunto: 7 coisas que deve saber sobre o sutiã.

Eu sei só uma e é quanto me chega. Usar sutiã é uma estopada de todo tamanho. É a segunda peça a tirar logo que chegamos ao regaço do lar (ficando em primeiro lugar os sapatos) e a dar aquela sensação de conforto logo que nos vemos livre dele.

Mas os sutiãs e demais roupa interior que temos que usar são realmente um problema bicudo (salve seja a conotação) que toda mulher passa na vida. Supostamente, usamos sutiã para a sustentação das "meninas" e para que não sejam atacadas fortemente pela lei da gravidade. Sabe-se então agora, que o colagénio, esse reestruturante celular, é activado com as mamocas livres e saltitantes como os golfinhos. O sutiã então inibe a produção do colagénio e não é indicador que previna a decadência delas.

Para além do facto incontornável que nessa necessidade de tê-las mais subidinhas e juntas para ficar bem com a roup,a faz com que produzam sutiãs que são falsa propaganda. O que parece ser cheio, alto e de bom tamanho fica por conta de enchimentos, arames e elásticos sabiamente construídos para o efeito. E muita gente que se encanta com melões acaba por levar mandarinas para casa...

Tirando a parte científica do assunto, há a parte social de grande relevância no que toca o uso do sutiã; assumindo não usar, e perante o olhar pesquisador dos fãs, parece que as reacções normais de diferenças de temperatura, no caso mais frias, podem aquecer o culto observador fazendo assim num paradoxo interessante. Pena é a sensualização de tudo quanto o nosso corpo naturalmente é e sempre foi; há quem tenha que andar vestida de cortina, tapando os cabelos e até os olhos, para não exacerbar a luxúria dos senhores fracos da carne. No caso então, tudo é sensualizado e consequentemente pecaminoso e punível aos olhos da moral e bons costumes.

Mudando de pau para porrete, mas no mesmo assunto...

Uma das cartoonistas que contam os dias e as nossas manias como cromossoma XX, é a C. Cassandra; ela tem um jeito especial de colocar na personagem dela aquelas coisas que todas nós passamos com respeito ao corpo, comportamento e pensamentos mais ou menos filosóficos. E nisso de comprar roupa interior ela acerta em cheio. Raramente conseguimos a triangulação de preço/conforto/beleza no que toca a roupa interior.

by C. Cassandra
O assunto sutiã que ela coloca em sua história é sem dúvida aquilo que eu passo e muitas de nós, dentro de um vestiário e tentando perceber como os estilistas do assunto imaginam o nosso corpo. Ou sobra para fora, ou fica folgado nas copas ou simplesmente é uma camisa de força de alças...uma pessoa sua as estopinhas no gabinete de prova.

by C. Cassandra
Tal como eu, ela também é fã do algodão como roupa interior. Eu sei, não tem o glamour de uma renda entalada entre os hemisférios nem servindo de motor de arranque para satisfação mais da claque masculina do que da nossa própria satisfação. Todo ginecologista aconselha a não usar diariamente roupa interior de fibras sintéticas; isso prolifera uma data de fungos e outras coisitas mais que não são nada confortáveis. Mas convenhamos, se os motores de arranque precisam de tanto aquecimento...vai lá vai, algo anda mal. Infelizmente, a industria da roupa interior determinou que, roupa de algodão tem que ser horrorosa e para as nossas avós. Deveriam começar a mudar as perspectivas do assunto e tomar em conta o lado de saúde e conselhos médicos. Criatividade em algodão e fazendo coisas mais apelativas, se fazem o favor!

Outra coisa que vem aconselhando há anos e ninguém liga ponta de corno é o facto de dormir sem roupa, inclusive a interior. Conheço quem durma de sutiã como prevenção anti-queda, mas de facto, o que se passa é que a circulação fica pior com essa medida. O corpo precisa " arejar" depois de passar mais de 12 horas vestido; a pele, a circulação beneficiam dessa liberdade total entre os lençóis e dá um sono mais descansado, acreditem. Sinceramente, já tive há muito, muito tempo, a minha quota parte de lutas contra camisas de dormir e baby-dolls. Acaba que ambas ficam enrodilhadas pelo corpo e a fazer chumaços desconfortáveis... e pijama já é coisa que desconheço há bom tempo. A única coisa que eu rezo com fervor é que nunca tenha que sair de casa às pressas (por causa de um incêndio ou terramoto), é que eu posso me esquecer da condição em que durmo, saio de casa como vim ao mundo e acabe sendo presa por atentado ao pudor.

Mas no fim das contas, o que fica mesmo como certeza, é que sutiã é um desconforto e não é saudável; sem necessidade de queima-los para afirmação feminista, mas pela satisfação da sensação de conforto é começar acabar com esse tabu de que sem sutiã é errado. Conforto e saúde das mamocas deveriam ser mais importante do que arcaicos costumes, de moralismos duvidosos e desconfortos pelas formas do corpo.  


Rakel.


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