Todos os Verões, com maior ou menor intensidade, é o costume: as florestas por aqui ardem com uma fúria incontida. Culpados, isso começa logo por ser o ponto base dos políticos, apontando dedos e achando que há solução para o assunto e que tudo é má vontade do Governo para resolver a questão. Nos anos de 2003 e 2013, a oposição apontava o dedo ao Governo pela culpa dos incêndios de Verão; no caso, a oposição é agora Governo e...continua tudo na mesma. Ano passado por exemplo, e se calhar por causa do dinheiro que envolve as empresas privadas, o Governo não autorizou a Força Aérea de ajudar no combate aos incêndios. E foi o que foi. Morreram bombeiros, e civis, núemros que fazem parte duma estatística macabra e anónima.
Até agora, fazendo de vidas números, morreram 62 pessoas, contando também com bombeiros, que no caso aqui do país, na grande maioria são VOLUNTÁRIOS. É uma tragédia enorme e que serve de charco onde alguma "média" rebola alegremente. Ele são drones a mostrar onde as pessoas morreram, eles são a mostrar corpos ainda por recolher (e como os bombeiros trabalham numa sala climatizada e sentadinhos, não se compreende como ainda não foram tirados do local) mas lembrem-se há-que ficar a espera das entidades competentes para autorizar o levantamento dos restos mortais. No caso, os delegados de saúde pública.
Bombeiros de outros países estão dispostos a nos ajudar e até o tio Putin está disposto a emprestar uns aviões assim para o lado do grande, para deitar umas litradas d'água nos incêndios. Solidariedade. Obrigada.
Felizmente a população respondeu ao apelo dos bombeiros: comida, água estão sendo enviados para as diversas sedes de Bombeiros Voluntários que depois encaminham tudo para os que estão ainda a combater 4 frentes activas. Mais de 40 enfermeiros entraram em contacto com a Ordem na intenção de prestar apoio em forma voluntária, esperando que as diversas secções hierárquicas aprovem. No entanto, a Ministra da Administração Interna pede agora que parem de doar mantimentos, pois já se torna um problema de logística. A resposta dos cidadãos foi rápida e farta. OK, veremos então a intervenção do Governo no apoio nas questões mais prementes: os desalojados, os feridos (física e emocionalmente) e quantos estudos, gabinetes e assessores, secretários e esse sem fim de pessoas chegam à uma conclusão exequível, efectiva. Quais os apoios reais a fazer aos bombeiros. Este ano, calor infernal, ventos fortes e trovoada seca foi o motor de arranque da tragédia.
Há uns 17 anos, lembraram-se de dar telemóveis aos pastores, os que mais deambulam pelas zonas em risco, para que avisassem de qualquer possibilidade de fogo. Com o tempo, a pastorícia tem sido cada vez menos e por isso, menos gente a vigiar potenciais perigos.
Soluções, é disso que efectivamente precisamos; não é o olhar triste do Presidente, nem das visitas dos Ministros. Nem do mundo cão para ganhar audiências ou "Likes" nas redes sociais, nem vamos dar sentidos pêsames. Nem bandeiras pretas.
Soluções.
Rakel.
Comentários
Enviar um comentário
Estamos ouvindo