Escalões, hierarquias, chefias e subordinados. Uns tomam para si a responsabilidade de liderar, outros tomam a escolha de seguir esses líderes e há outros que nem escolha tem. E nada nesta vida é mais evidente que o poder não só é sedutor como uma meta a ser atingida. Queremos (alguns) ser fortes capazes e acima de qualquer possibilidade de ser um joguete nas mãos dos outros.
Gente que manda, gente que decide por nós o nosso caminho, os impostos que pagamos, as multas que vão escorrendo em cada legislatura que se diz mais justa e para o povo. O poder, em si, além de sedutor tira o senso de realidade. Banqueiros disseram que já que o povo estava acostumado ao sacrifício, por que não carregar com mais uma carga dele? Ou então quem não gosta de ser contrariado, mesmo quando errado. Quem se sente acima de qualquer pessoa, seja pelo facto de deter conhecimentos, dinheiro ou até a capacidade de movimentar massas populacionais em nome de uma fé ou ideologia política...acaba como qualquer outro cidadão na base dessa hierarquia de mais ou menos importante. Há quem se sinta deus e que possa dispor das vidas das pessoas.
Era por isso que, quando os generais romanos voltavam das campanhas para expandir o território romano, tinham direito a parada em via pública, com o desfile dos legionários, escravos e os espólios de guerra. Um escravo segurava por cima da cabeça uma coroa de louros, (e foi assim que quando é distinguindo por algo notável, dizem laureado com o prémio tal e tal) símbolo de autoridade e notoriedade. Mas esse mesmo escravo, enquanto viajava na quadriga com o triunfante, sussurrava no seu ouvido : Memento Moris.
Lembra-te que és mortal.
Esse trabalho feito por alguém que está no ponto mais baixo da escala hierárquica de uma sociedade, fazia lembrar ao triunfante que sim, ele fez algo notável, mas que não lhe subisse à cabeça e supusesse que agora era um semi-deus. Era um mortal como qualquer outro e que um dia teria que prestar contas ao senhor dos mortos. Que tal como o resto dos seres que tem um coração batendo no peito e que tem emoções, também comete erros. Ninguém é perfeito.
E vendo bem a prepotência de tanta gente à quem se deu um cargo de chefia ou que acumulou conhecimentos e que nem sequer percebe as responsabilidades inerentes vejo-os cegos e perdidos. Mas eles sentem-se longe de qualquer infortúnio, mesmo quando são tão passiveis de errar e acabar como tantos, destituídos de poder e sendo relegados a condição de simples cidadãos.
É como se costuma dizer: no fim do jogo, as peças de xadrez, sejam rainhas, reis ou bispos, acabam na mesma caixa que os peões...
...e a vida são dois dias para serem vividos em meras e fúteis ilusões.
Rakel.
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