Daquilo Que Chamam Estranhas Coincidências




Acabo um livro e entre um copo de uma prosaica limonada e de um tempinho a pensar no que li e são quase 3 da manhã. Mesmo assim, agarro no teclado e decido escrever umas coisas sobre esta mania de repetição de enredos e faço um post aqui no blog.  Às 7:56 uma noticia fala sobre o mesmo assunto, disso de repetir erros e faz-me pensar até que ponto mentes podem ter sintonias tão interessantes, ou que há coincidências do catano (las hay?)

Repetição de ciclos, de cagadas, de tiros nos pés e mesmo assim, no alto desta nossa santa sapiência cometemos os mesmos erros. Aprendemos mal e porcamente a maneira correcta de viver, mesmo que com isso pague-se um preço demasiado alto. No entanto, o assunto dos refugiados é algo que me deixa dividida entre o lado emocional de quem sofre com a guerra e o lado céptico ou mesmo cínico que percebe e entende que no meio das galinhas há imensas raposas. E bate de frente com o meu lado pacifista, uma embrulhada de pensamentos um pouco caóticos e sem resultado que se preste.

Em cada fotografia de grupo de refugiados, faz muita impressão a quantidade de homens que decidem não lutar pelo país que deixam a mercê dos rebeldes ou invasores e fogem com os filhos nos braços com olhares pedinchões de ajuda, perdoem-me a falta de coração, mas ser pacifista não significa ser abestada ou atrasada dos cornos.  Onde andam aquelas mães? As mulheres desses homens que fogem da guerra? É vê-los em bando a chegarem sempre com crianças meio dopadas para a viagem e que depois... vejam lá, abandonam essas crianças nos campos de refugiados desaparecendo do mapa. O número de crianças que são abandonadas nos campos de refugiados é alarmante. Dos países que receberam refugiados, alguns sentiram na pele que os que chegam não só querem impor os seus hábitos e costumes como interferem na paz existente nos países que os acolhem. Ou reclamam que estão demasiado longe das grandes cidades e decidem não sair do autocarro.

Eu, numa situação de guerra e tendo oportunidade de fugir do caos, morte e medo, sentiria-me muito agradecida por ser recebida por pessoa que me dessem um tecto e condições de lavar uma vida pacífica e se for no campo, longe das grandes cidades, melhor ainda. Mas houve quem fizessem isso e depois desaparecessem do mapa. Óbvio que paga o justo pelo pecador, mas há demasiadas evidências que a Europa, por melhor boa vontade que tivesse, não estava e nem está preparada para acolher um êxodo desta envergadura.

Se vamos em médio prazo pagar pelo erro desta entrada atropelada de refugiados, em que a vontade de ajudar foi maior do que a estratégia, é coisa que está já a ser um começo pouco doce, entre atentados e ameaças e da segurança de cada país que acolhe. Hoje contam-se por poucos os países que estão tranquilos na sua vidinha. Felizmente, Portugal não é um país que seduza os refugiados que tem como a Alemanha o país alvo para viver (é karma dona Merkel, é karma) e vamos vivendo menos mal com estas balbúrdias de tensões.

E dentro de coincidências deste mundinho velho e convulsivo, tenho certeza que não sou a única a pensar que nem sempre a boa vontade dá frutos comestíveis. Que o erro é a nossa marca registada e que temos esse entusiasmo de tentar novamente sabendo que tem 98,89% de chance de dar para o torto,

Uma fatalidade, sem dúvida.


Rakel.

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