Toda gente tem bons conselhos para dar, verdadeiras pérolas de sabedoria intimista e de aturada reflexão de experiências de vida. No caso, aceitar ou não tais conselhos será sem dúvida uma escolha a ponderar, até porque muitas vezes o que os outros enxergam nem sempre é a totalidade do problema.
No entanto seria de desejar que, quem nos dá esses palpites tão arranjadinhos e de boa moral e costumes, fosse também seguidor deles. Que na maioria dos caso, fica aquém do desejado. Mais ou menos aquela frase: "Faz o que eu digo, mas não aquilo que eu faço". Longe de mim querer aqui posar de senhora professora e de entendida na construção da língua portuguesa e as sua diversidade. É possivelmente a língua mais bela e complicada, mas também a mais chutada sem piedade pelos que são filhos desta mãe gentil. E há coisas que estão no básico, naqueles quatro anos em que começamos a inteirar-nos das letras e sons delas. Das regras básicas e da caligrafia mais ou menos redondinha e acertada.
Há fóruns onde participo onde sem dó nem piedade "há" fica sem acento, ésses em lugares nunca dantes imaginados ou melhor ainda, o cê de cedilha no lugar dos dois ésses e por aí vai o cortejo. Os tempos verbais levam aquela coça no que toca na finalização com o ão e am, é uma baderna sem fim. E tem o senhor das profundezas grego, Rei dos mortos e do Estinge que é chamado em cada vez que há vontade de dizer que "vais voltar atrás" (e quantas vezes o verbo trazer é confundido pelo "atrás", advérbio de lugar) HADES cá vir, no que seria HÁS-DE.
Já tive a oportunidade de ver mensagens terríveis, mostram-me com aquele misto de desapontamento e tristeza: "um gajo tão giro e simpático e escreve uma merda destas" (palavras textuais de uma amiga a mostrar a gramática de troll de uma rapaz todo jeitoso) onde queria marcar nova saída no mesmo lugar onde se encontrarão pela primeira vez (e seria se calhar onde se encontraram) e o que matou mesmo foi um cê de cedilha em lugar de dois ésses. Vezes sem conta.
Agora atenção, tanto quanto sei, o Pretérito Imperfeito no Subjuntivo do verbo Estar é ESTIVESSE e sempre com a partícula "se" antes da pessoa do tempo verbal, exe. Se eu estivesse bem, iria com certeza. Não há tempo verbal ESTASSE. Até o corrector, por muito rudimentar que seja acusa erro, que pelo jeito, é fazer vista grossa e deixar andar.
O que me danou realmente foi aquela hashtag em inglês a mandar a boca mais ou menos no estilo de "pensa antes de te meteres com um tipo que até escreve letras de música e sabe do que diz." Olha, francamente e não querendo mais bater no ceguinho já que toda gente já se manifestou sobre o assunto:
Meu senhores em geral, tudo bem, sabemos que errar é humano e insistir no erro é burrice; mas pelo amor do santo pacotinho, abram de vez em quando um livro e leiam; as palavras que não sabem, recorram ao dicionário. Lá porque toda gente fala gíria e tem termos coloquiais chungosos, não faz de ninguém mais popular. Um homem que lê livros não fica efeminado, nem feio; fica rico em palavras, em conhecimento. E do conhecimento nasce a humildade de compreender que não sabemos tudo e que quando nos corrigem, é para o nosso bem. Não adianta ter um palminho de cara e o corpo de deus grego e seja um troll a falar e escrever. Mulher não gosta de homem bronco. Que só consiga enxergar até a dimensão do próprio umbigo. Na dúvida, quando escreverem, vão ao pai nosso Google e há uma infinidade de links de conhecidíssimas editoras com dicionários online.
Mas acima de tudo, por favor, não maltratem mais a língua que falam; as vossas professoras primárias devem estar a perguntar-se "Onde foi que eu errei??" por estas alturas. Aproveitem que agora começam as feiras do livro em algumas cidades, aproveitem lojas de livros em segunda mão, e vão aumentar um bocadinho o vocabulário e ganhar horizontes!!!
A gente (e não a polícia, o sr. agente) da ala feminina agradece. Mente sã em corpo são. Até palavras cruzadas ajudam...
É barato e acessível. Força com isso, rapazes!!!
Rakel.
Comentários
Enviar um comentário
Estamos ouvindo