Dizem que é "dos nervos" quando uma pessoa ri-se de uma situação que tem tudo dar para o torto, como por exemplo, levar a tenda de campismo e estar no cu do Judas e sem a armação metálica da mesma, o esqueleto da desgraçada, por assim dizer. Funeral então é um problema sério demais e admito, sem culpas... falar com um estrábico é dos exercícios mais complicados que socialmente tenho que fazer, e o estilo camaleão é sem dúvida aquele que me desgraça por completo.
Digamos que tenho a capacidade de encontrar gente interessante sob vários níveis e que nem sempre consigo dominar-me por completo, e tusso feito uma tísica, para disfarçar um bocado. Conversas com fanho além de me pegar a atenção (para ver se consigo deslindar o que raio estão tentando me dizer) também põe à prova a minha capacidade de contenção perante a situação. Raramente apanha-se uma mulher fanha, mas fui agraciada por essa sorte e ainda por cima falando em dialecto histérico, o que coloca a fasquia mais alta no que concerne traduzir o que diz.
Eu nunca lutei para disputar o lugar de santa da Madre Teresa, por isso admito sem vergonha nenhuma que há coisas que apelam ao meu lado de mulher má, de humor negro e que sei, sem sombra de dúvida, que se existir um Inferno, eu tenho lugar garantido e com vizinhança ao lado do capeta. Daquilo que agora convencionou-se rotular de socialmente incorrecto fazer, dizer ou rir, fez-me pensar no quanto tudo indigna tanta gente e quão pouca indulgência e humor deixam-se levar. Eu rio-me na mesma e fazendo como cavalo em parada militar.
Foi pensando nisso ontem, quando fui redescobrir o CD dos Mamonas Assassinas no armário, que me questionei que. se eles não tivessem morrido há mais de 20 anos (porra, já passaram 20 anos) não estariam agora manietados pela censura boçal de uma populaça indignada e mal educada. Provavelmente teriam uma Associação dos Cornos Unidos a exigir que fossem banidos das rádio ou até processados. Ou então o povo gaúcho juntaria-se magoado e a pedir indemnização por danos morais e psicológicos por conta das indirectas contra a masculinidade dos mesmos.
Há 20 anos atrás venderam mais de 2 milhões de CDs e são um marco na música brasileira e toda gente cantava e sabia de cor e salteado as letras; hoje provavelmente ou estariam retirados ou então mudariam, infelizmente, de género por causa destas coisas de "indignados". Provavelmente o único povo que estaria 100% do lado deles seria a do forte e influente Lobby Gay que se estende até ao Vaticano e que manda e desmanda em tudo. E aí entende-se porque no meio artístico tanta gente agora se descobre ou sai do armário, não vá o diabo tecê-las e ficar sem trabalho por não ser da turma. As letras apesar de jocosas até deram apoio à causa.
O comediante Costinha seria outro crucificado se começasse a carreira agora, mesmo que tenha feito rir gerações com as suas piadas picantes e sem dúvida nenhuma, dando nomes aos bois hoje teria uma data de processos às costas. O mundo de uma hora para outra virou para ser hipócrita mas socialmente muito correcta e com lupa na mão tentando encontrar chifre em cavalo. Tudo é sexista, tudo é machista, tudo é racista e tudo é motivo para indignar-se.
Há uma tipa no Tube que agora, em jeito de indignação, diz que Star Wars é sexista e que a Força (do lado do mal) é uma alegoria ao TPM. A sério, isto já passa do aceitável, do divertido e raia o alarmante. É alarmante que as pessoas tenham tão pouco que fazer que se dêem ao trabalho de vasculhar cada pequeno detalhe para rotular de uma qualquer coisa que possam indignar-se e também por precisarem de tanta atenção, que coloquem isso "no ar" para ver se criam um movimento.
E nunca vi um povo tão cheio de azia e que não sabe rir dele mesmo. Os Mamonas, com os sotaques, os casos de vida caricatos, incorrectos (?) até mais não no actual panorama de gente certinha e indignada, ainda me fazem rir, seja por uma Arlinda Mulher ou pelo Bois Don't Cry.
Rakel.
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