Os Bons Rapazes E O Objectivismo







É quase apanágio das conversas entre pessoas desemparelhadas, que aquilo que almejam é alguém que as aceite como são; defeitos e virtudes dos quais somos feitos e que fazem parte da bagagem de vida que carregamos. Quando vamos, vamos por inteiro.

Já escrevi posts sobre esta evidente e estúpida dificuldade de ser feliz, de ser boa pessoa e de ser aceite na sua totalidade. As relações tendem a ser cada vez mais complicadas e sem uma boa razão para isso. Ou carregam demasiado nas expectativas ou então vivem de sentimentos descartáveis e na velocidade da Internet mega-super.

No que toca na conversa sobre bons rapazes, a coisa pia mais fino; queixam-se com razão desse estatuto de bom amigo que lhes calha na rifa em que muitas vezes até dizem que ele é um tipo fantástico e que desejaria encontrar alguém como ele (o gajo tá ali na frente dela ouvindo esta enormidade) mas fatalmente ela tem em vista outro objectivo (como aquele traste que ela tem uma paixoneta)  E não, os bons rapazes não são pouco atractivos. Falta-lhes aquela dose de ruindade que segundo consta, dá charme aos trastes.

O inverso acontece da mesma forma e com os mesmos argumentos, destruindo por completo aquela tal lista de predicados que tanto se afeiçoam a desfiar em conversas. No caso, a felicidade sendo uma questão de que seja outra pessoa a proporcionar, torna o assunto mais complicado ainda.

Há uma corrente filosófica que prega o objectivismo: a felicidade para ser alcançada acaba por ser ou deverá ser um assunto egoísta. Estranho pensar que o altruísmo fique de lado, mas não é o caso. Aqui o que se propõe é que uma pessoa alcance a sua felicidade sem a culpa de dar justificações à terceiros ou ser algo que seja esperado pelos demais. Se há uma acção altruísta não é com o propósito de agradar a sociedade e nunca com a meta de auto promoção. O "olhem para mim que sou tão boa pessoa".

O nosso objectivo de cada um é ser feliz, ter uma consciência leve com base no conhecimento do que é certo e errado e não magoar intencionalmente ninguém. Na maior parte das vezes querem tanto agradar aos outros que se desagradam cada vez mais, não há consenso no que toca a agradar toda gente. E como actualmente as pessoas indignam-se por caquinhas sem jeito,  enquanto continuam a encontrar defeitos e nunca aparecem com soluções, tem todo o sentido que uma pessoa decida ser feliz sem dar cavaco à ninguém.

Aos bons rapazes, acreditem, nem eu percebo muito bem a cabeça de algumas mulheres que vêem em vocês o modelo de homem perfeito, que não só está diante delas como disponível para elas e prefiram os trastes que as tratem mal. Mas continuem a ser como são, durmam bem com a consciência tranquila que são incapazes de magoar seja quem for por prepotência. E no caso contrário, não se percebe a atracção que os homens tem pelas mulheres que mais os maltratam emocionalmente.

São daqueles mistérios que eu nunca vou conseguir entender.


Rakel.


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