♪♫Din-Din ♪♫ Momento Publicitário - Os Criativos Têm Que Começar A Meter Mais Tabaco Nos Charros





Tenho uma grande admiração por pessoas capazes de usar da imaginação com um q.b de sentido de humor. Não aquele humor baratucho e de fácil acesso que já vem mastigado e pronto a engolir. Mas o que realmente acho interessante é como são capazes de ver algo absolutamente normal e corriqueiro e torná-lo apelativo.

De certa maneira sinto-me interessada em perceber a cabeça dos criativos que as empresas contratam e que criam novos produtos para suprir os buracos consumistas de cada pessoa; fazem pensar que aquele produto único, embora produzido em série e massivamente, fará de nós especiais e também únicos. E no meio de tanta concorrência, é óbvio que as boas ideias tem que ganhar terreno no assunto. Mas da mesma maneira que os criativos ousam cada vez mais subir o patamar de apelos, a minha apardalada imaginação ganha corda e voa...

A Azeitona Guru

Uma determinada marca dizia que o seu champô era feito com azeitona mística; imaginei logo uma polpuda azeitona, na posição de Lótus, queimando incenso de mirra e fazendo OOOoooommmmm... tilintando os sininhos do auto conhecimento em plena união com o Universo e a natureza, atingindo o Nirvana da consciência para depois virar champô. Depois imaginei uma azeitona de turbante, diante de uma bola de cristal a fazer concorrência com aquela senhora que manda cansar os maridos na cama para não levar com um par de chavelhos. E uma pessoa acaba por sentir um peso Karmático de responsabilidade capilar e tentando corrigir os defeitos, não vá azeitona levar a mal e nos rogar uma praga de carecada.

Cuecas Hipster 

Roupa interior é daquelas coisas que, ou apostamos no conforto ou então na intenção do "crime" de sedução. No segundo aspecto é aquela aposta de que, SE porventura tiver um acidente e parar num hospital, que não quer ser vista com as cuequinhas bege ou dos moranguinhos. Há quem tenha a esperança de conseguir ser atendida por um tipo saído da Anatomia de Grey e na verdade nos calha aquela senhora da bata azul, que de muita boa vontade nos ajudam. Mas aí na questão do conforto uma pessoa escolhe não ter nada entalado entre os hemisférios e a repelar coisa nenhuma e decide por umas mini boxers... e dá de caras com o pacotinho a dizer que o modelo é Hipster. E vem logo à mente aqueles tipos barbudos e com umas bigodaças farfalhudas (será um tipo de associação depreciativa do nosso arranjo "florestal"?) ou dumas moças a  usar batom vermelho inferno e óculos, que em outra época pagaríamos para não usar, e muito vintage de voz afectada. Digamos que o padrão realmente é daqueles que deu carta branca ao estágiário do departamento de criação...mas era escusado o nome.

A Moça Que Precisa De Ser o Centro Das Atenções

É aquele tipo de publicidade que faz com que o meu lado pacifista sinta-se seriamente abalado nas suas convicções de não agressão. Ela está sempre a dizer o nome da empresa que deu o empréstimo, toda hora interrompendo, toda hora sendo uma grande chata do... pronto, do catano. E a minha vontade de cada vez que ela abre aquela boca para dizer o nome da empresa e interromper como que corrigindo o desgraçado do marido, é dar-lhe um calduço. Imaginem lá o tamanho do inchaço que ficava na tola. Se o motivo é falar em pouco minutos muitas vezes para que não nos esqueçamos do nome... a mim tem o efeito inverso. Só de ouvir dá-me ganas de colocar fita cola na boca daquela gaja.

O Gajo Todo Bom Que Estende Roupa

Essa publicidade até estava a ganhar pontos, era e é sem qualquer dúvida um colírio para os olhos. Tá lá a embalagem do produto, bastante visível por sinal, ele esbanjando ombros largos, cintura fina com músculos definidos e uns olhos claros a matar. Estava perfeito até ao momento que lhe deram voz... e pronto. Estragou-se tudo. Peca por isso e pela fraca insinuação ao colocar o produto logo abaixo do umbigo duma maneira tão... previsível que tirou logo a graça toda. O rapaz é do ponto de vista ocular um mimo...mas interpreta como um cepo. Reforça sem dúvida nenhuma aquela minha mania ou preferência, que um cérebro ginasticado e o uso da palavra com graça e inteligencia... é muito mais sexy. Buéda sexy.


As Banshees Dos Pará-Brisas 

Começou na rádio e passou directo para a televisão; um jingle fica no ouvido e ser for bem estruturado, imortaliza-se. Curto, directo e vivo, o jingle serve de suporte às marcas que vão dos gelados às bebidas com gás. Mas aí uma marca de reparação de pára-brisas faz um propaganda curtinha e que explica bem ao consumidor o que fazer em caso de levar com uma pedrita e ficar com o dito pára-brisas, sem ter que trocar por um novo... e vem das profundezas da noite aquelas vozes fazendo lembrar uma banshee com TPM já na fase da caixa de gelados e lenços de papel, a dizer que a tal marca é rápida eficiente. Juro que da primeira vez que ouvi fiquei com pele de galinha. Aquilo foi das experiências mais tristes em que pegam, acho que,  foi num par de moças e fazem-nas  usarem a voz de forma mais horripilante do que o filme do Jason. Não tem aquele impacto de um Olá, Olá... definitivamente, não tem.

...E Por Falar Em Rádio

Para falar a verdade deixei de ouvir rádio há muito tempo, o hábito desapareceu por causa do imenso falatório e a falta de variedade musical. Em bem da verdade, algumas rádios dedicam-se a determinados públicos com rubricas que agradam os diferentes gostos. Quando eu deslocava-me de uma cidade para outra por causa de trabalho, a rádio voltou por influência do meu colega e motorista, embora tivéssemos que encontrar um ponto de acordo entre estações, já que o rapaz gostava de martelinhos e house e eu tenho pouca tolerância com sons repetitivos. Dá-me nos nervos. Então numa das tardes de longa viagem, eis que surge um momento publicitário de uma determinada marca de medicamento para aliviar a tripa. Uma marca sobejamente conhecida do grande público onde então ouvi um senhor a falar em grande esforço como se, desculpem a expressão, estivesse a arrear o pedregulho de Gibraltar. Falando o nome do produto em di-vi-são sí-lá-bi-ca,  como disse em esforço e depois escuta-se ao fundo o pedregulho a aterrar no fundo da sanita. Foi de um requinte criativo que me deixou ali estupefacta olhando para o rádio e perguntando-me se tinha bebido água a mais ou algo assim pernicioso.


Digamos que temos que parar por aqui por enquanto. É que ando a contorcer-me para não falar da última criação sagrada da Vista Contente e que daria um post só para isso. Só posso dizer que apesar do preço, há-de fazer muita devota feliz...


...eu depois volto para continuar a saga


Rakel.


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