Aquelas Coisas Que Dão Nos Nervos...





Como eu não acredito que hajam pessoas totalmente boas, nem totalmente más, refugio-me nessa crença para poder dizer que há coisas que me "dão no nervo" e que fazem surgir de mim palavras menos doces e atitudes menos amenas. Escusado que me digam que as pessoas realmente felizes não dão valor às coisas  nocivas do mundo, ou aquilo que realmente incomoda-as. Isso eu não acredito; podem sublimá-las ou colocar debaixo do tapete, mas queima a retina e fica em marca d'água no cérebro. Será talvez um dos muito tijolos na construção dessa muralha pessoal que todos nós erigimos em jeito de defesa contra as agressões exteriores e que perturbam a paz e ordem interior. Uma pessoa feliz também constrói, dentro do possível, o seu conforto e paz de espírito. E não há nada que seja mais desconfortável do que aturar com as manias dos outros ou maus hábitos.

Já vi o Dalai Lama um bocado passado da marmita num dos seus discursos, portanto, até os iluminados se passam um bocado de vez em quando. Falar contra a violência de forma enfática e contundente, embora não pareça, pode ser uma forma passiva de agressão ou de até de influenciar outros para que tomem uma atitude mais violenta. Este tipo de assunto pode levar à imensas conjecturas que, no caso deste post, não tem grande relevância.

Meu assunto são as coisas corriqueiras que me dão nos nervos.

Não é o facto de que mais de metade dos condutores não fazerem os sinais luminosos (o pisca) quando mudam de direcção; temos que ser nós a adivinhar. Há por exemplo a taxa de recolha de resíduos sólidos que é mais cara do que a água que eu gasto. Escoteiros, isso é algo que transcende-me em explicações. Dá-me no nervo. Vincar papel com a unha e ficar ali raspando vezes sem conta aquele vinco... ficar cinco, bem contados, minutos a bater com a colher de café na chávena para dissolver o açúcar faz despertar uma outra eu que se vê de machado na mão. The little bell of hell, é o rock que as minha neurónias entoam na minha cabeça (uma música adaptada, vê-se logo) para me distrair e não arrancar aquela colherzinha da mão do cidadão e achar melhor lugar onde inserir nele. Berbequim, num domingo às 9 e meia da manhã, não é contra a lei, mas é contra natura.

Quando me dizem que está tudo bem com ar emburrado e de que eu deveria saber a razão (já que tenho bola de cristal e sei os números do euromilhões de cada semana), mesmo que a pergunta justifique a minha ignorância, não resulta e ofende-me.

LOL é a segunda opção da lista dos mais "dá nos nervos"; mais de 400 mil palavras na língua portuguesa e vemos esse trio de letras a servir de muleta de conversação. Dá ganas de atirar um dicionário na tola da pessoa. Já ouvi verbalizar, o que torna ainda pior o assunto e mata por completo qualquer tipo de atracção possível.

Mas aquilo que descobri que me dá ganas de de chutar paredes... é corrector automático de alguns sistemas. Pensam que sabem o que queremos falar, mudam sem permissão aquilo que escrevemos e ainda por cima, pensam que isso faz todo os sentido. E quanto mais uma pessoa tenta corrigir e dar o sentido que pretende, mais aparecem outras tantas que não foram chamadas e nem dão significado.

É caso para dizer, que um post que leva prai...uns vinte minutos a fazer completamente, com fotos e links, leva uma hora numa nova e avançada tecnologia; e sem garantia de que aquilo que queríamos dizer é o que vai aparecer. Digamos que será um exercício de paciência que, melhor que a meditação, revela-se um desafio em cada frase ou sentença.

E dizem que é para facilitar...


Apareçam


Rakel.



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