The Black Halo - O Fim da Demanda do Alquimista Ariel





Deixamos Ariel no post sobre Epica, álbum da banda Kamelot, meio perdido, triste e cheio de dúvidas sobre a sua demanda pela verdade. Depois de ter percebido que as suas palavras tinham levado Helena ao suicídio e a morte de um filho por nascer, Ariel começa a questionar-se sobre todas as coisas que o levaram neste caminho. Mephisto ao perceber que Ariel está triste vê as suas hipóteses de ir mesmo parar no Inferno cada vez mais sólidas. Nesse caso, ele precisa de mudar o ânimo de Ariel e fazê-lo voltar ao que procura, à felicidade e assim conseguir  a sua alma.

Mephisto tem por outro lado cada vez mais influência na vontade de Ariel, mas mesmo assim é difícil lutar contra tanta amargura e tristeza; percebe então que Helena é o ponto fraco de Ariel e que se continuar assim, o alquimista mesmo que venha a encontrar a resposta na sua descoberta da "verdade", nunca vai encontrar alegria nisso, condição descrita no contrato de entrega da alma. Ali, perdido em pensamentos sombrios, a beira do rio onde Helena matou-se, Ariel deixa-se ficar repleto de amargura.

Dentro das engenhocas e ases na manga, Mephisto consegue encontrar uma bela jovem que parece Helena, fala como ela e tem o mesmo olhar...e entrega-a à Ariel. Cego pela lembrança de Helena e numa névoa de delírio ele seduz a moça, Margerite, passando a noite com ela e reforçando o poder de Mephisto sobre ele. Só que...

...na manhã que começa a nascer, a memória de Ariel volta num estalo (do que uma queca é capaz, né?) e ele começa a perceber todo o controle que o anjo caído teve sobre ele; começa a perceber que Marguerite não é Helena "Helena is dead to all, dead to all" e então despacha Marguerite, explicando toda a sua vida até ao momento a que chegou e dizendo que não pode ficar com ela, afirmando o quão podre se sente por dentro e que...quem sabe o que o futuro reserva para ambos?  "Leave me for now and forever, Leave me while you can""Nothing can bring her to life, don't pretend that I'll be loving you, once I belived she was gone, I'm corrupeted from within".






Ariel, agora com total controle dos seus pensamentos começa, como bom pensador, a questionar que, se em tantos anos de demanda, de conhecer pessoas e lugares, de ter vendido a alma ao anjo caído e tomando poderes...e sem respostas, será que essas respostas não estariam noutro lugar? E se a resposta não estiver aqui, numa vida terrena? E se todas as respostas do Universo estivessem lá no outro mundo, nas mãos do Divino e do espírito?

Arrependido, Ariel lança um pedido sentido à deus, percebendo que errou e magoou muitas pessoas com as suas escolhas; percebeu que a procura levou-o a desfazer-se daquilo que mais importante tinha de si, a alma imortal. Percebe que isso o vai impedir de entrar no céu, de rever Helena, já que acha que ela foi uma vítima inocente dos actos que cometeu e de encontrar finalmente respostas. Mas todo o arrependimento e todas as preces de perdão não recebem resposta do Criador.

Dá-lhe um estalo no peito e enche-se de coragem e vontade de confrontar Mephisto, por isso atravessa o rio e vai ter ao castelo do anjo caído; confronta-o, acusa-o de manipulador, abusador e renega-o, dizendo que todos os laços estão quebrados a partir daquele momento. Ok, Mephisto balança na frente dele o contrato assinado e inquebrável, mas Ariel está decidido a mudar tudo; decide levar uma boa vida como a sua amada levava, mesmo sabendo que a sua alma estava condenada ao Inferno. Ele então finalmente percebe que a humanidade vai sempre viver e batalhar a procura das mesmas respostas que ele procura. Percebe que, mesmo que num acaso encontre essas respostas, não conseguirá ser feliz. Percebe que o amor, caramba, era isso? essa coisa démodé e batida e com um significado subjectivo, afinal é a grande resposta. O amor entre ele e Helena, algo que já estava com ele antes de partir na demanda, era a resposta que procurava.  Bom, catano...levou anos até perceber que o grande significado da vida é o amor. Aleluia, oremos e salve, salve. Descobriu a resposta.

Quando chega nesse ponto, Ariel percebe que a demanda acabou, que chegou aonde deveria chegar, que estava tudo dentro dele, não fora. Ao ter-se dado conta disso, uma alegria imensa cresce nele, uma compreensão total da vida e do mundo encaixa-se como num perfeito puzzle e essa alegria é tão intensa e sublime, que ele quer ficar preso nesse momento de puro êxtase de alegria e felicidade para sempre.  Aí o contrato celebrado com o anjo caído entra em vigor e alma de Ariel pode ser reclamada por ele.

No entanto, lá em cima nas alturas, Helena que com seu filho (que são levados para lá a pedido do espírito do rio), intercede junto ao criador. Roga-lhe então que perdoe-lhe os actos, que veja a mudança nas atitudes do alquimista arrependido. Que ele tinha renegado todo o mal e mesmo sabendo que a sua alma estava condenada, queria fazer o correcto. Então, no momento que a alma dele começava a ser retirada, o Criador reclamou-a para si, deixando que Ariel entrasse no céu.

Mephisto, que até ao último segundo pensava-se vencedor, vê a aposta feita com o Criador acaba e vencido, assim sendo, vê-se lançado ao Inferno.

Em resumo: somos muitas vezes uns tapados e cegos. Ariel buscou verdades e para isso não mediu meios nem valores. Todos os dias pensamos em algo que nos faria realmente felizes e nessa compreensão do mundo. Enchemos-nos de ânsias em conquistar lugares, obter mais coisas que nos distingam dos demais e que nos façam perceber tudo. Perdem-se coisas e pessoas valiosas pelo caminho, pensando que mais além estará o que realmente interessa. E quando pensamos que alcançamos tudo o que queremos, entendemos que não há grande felicidade nisso. Procuramos no lugar errado? Ou o objecto da procura era o errado?

Na verdade as coisas são simples assim como as respostas; por vezes, percebemos tarde demais que tínhamos tudo, mesmo sendo tão pouco. Que no fim das contas, magoamos as pessoas que amamos pelo simples facto de não conseguirmos enxergar o evidente. E percebe-se também que nunca é tarde e que há sempre possibilidade de mudar. No entanto, o que muda tudo é o facto de termos sempre uma nova chance. Apesar de nem sempre podermos mudar as coisas que fizemos antes, temos a possibilidade de mudar e ter a oportunidade não somente de compensar os erros, mas permitirmos-nos a sermos felizes. Apesar de todos os riscos, apesar de todos os problemas; é uma questão de consciência.

O vídeo aqui no post mostra a melhor dupla no campo do Metal Sinfónico, Roy Khan, ex vocalista dos Kamelot (o Tommy agora não fica por menos, mas falta aquele timbre do Roy) e Simone Simons dos Épica, uma das Divas do género. Ao vivo e com o mesmo poder na voz. Isso é inegável. O tema é justamente quando o controle de Mephisto acaba e Ariel fala com Marguerite e diz-lhe que não pode ficar com ela.


Apareçam

Rakel.


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