Épica - A História do Alquimista e de Mephisto- por Kamelot




Numa noite de bater castanholas com os dentes, com este bafo polar a dar o ar da sua graça por estas paragens, será talvez uma boa conjugação tirar o álbum Épica dos Kamelot e ouvir na voz de Roy Khan na Saga do Alquimista Ariel e a demanda de Mephisto, o arcanjo caído.

Num paralelismo que ouso fazer, dentro das nossas procuras incessantes de conhecimento, de poder e entendimento, esquecemos de perceber que a vida e o mundo continuam nas suas tragetórias.

Na "história", Ariel insatisfeito com as respostas que a religião e a ciência davam sobre a vida e o mundo saiu da cidade onde vivia, despediu-se de todos, inclusive da única mulher que amou, Helena, e saiu à descoberta das grandes "verdades". Em muitos anos de caminhos, de conhecer todos os prazeres do mundo, do lado bom e menos bom da humanidade...mesmo assim, estava sem respostas. No auge do desespero e sozinho no deserto, ele pensa que o suicídio é a única saída. Nesse momento aparece Mephisto, que em troca da alma de Ariel diz que lhe dará meios de descobrir as respostas que tanto procura. Ariel só assina o pacto depois de assegurar no contrato que só lhe entregará a alma depois de encontrar a alegria nas resposta que procura. Depois de abandonar o castelo de Mephisto ele encontra Helena, e ela conta-lhe que durante todos esses anos andou a procura dele e nunca deixou de amá-lo. E nessa noite, na mais fria das noites desse Inverno, Ariel e Helena concebem um filho, mas...Ariel abandona Helena e diz-lhe que o amor não lhe chega e que não lhe serve para nada "love means nothing to me, if there is a higher place to be" e que ainda anda a procura de respostas. Helena vê-o ir embora e jura que estará eternamente a espera dele. Sem saber que estava grávida, atira-se ao rio morrendo tanto ela como o filho de ambos.



Mais tarde o corpo dela é encontrado e o pregoeiro anuncia a sua morte assim como a da criança que trazia dentro de si. Ariel chocado com esta revelação cai em si, depois triste  chora a morte dela. Depois começa a culpar deus, depois...ao verdadeiro culpado, ele mesmo. E percebe em cada dia que passa as respostas que procura nunca mais aparecem, fraqueja e Mephisto aparece. Diz-lhe que são esses os sentimentos que o distraem do caminho do conhecimento, que ele, se deixar isso tudo para trás, vai conseguir as respostas.

Ele concorda em voltar à sua demanda, mas promete à Helena que um dia os dois vão se reencontrar no noutro lado.


Em suma...sacrificamos muitas vezes as melhores coisas e pessoas que podemos ter em prol do belo mote de "um bem maior". Não podemos culpar deus, a ciência quando somos nós a escolher ser uns nóias. Daqueles que se colocam acima dos outros, que não precisam de nada nem de ninguém, que se sentem o bastante para si mesmos. E procuram o poder na sabedoria que ultrapassa o entendimento ou experiência humana. No fim, nada mais tem do que o vazio, só percebendo tarde demais o que realmente é a verdade e que deixaram pelo caminho, na mais fria das noites de Inverno. O calor, o abraço e aquilo que só muito mais tarde terá uma réstia de oportunidade para recuperar. Nessas horas, apetece dar um pontapé onde as costas mudam de nome e fazer acordar para vida. Ninguém está morto definitivamente, ninguém adormece e se deixa ficar vazio nessa gruta onde escolheram ser ascetas.

Ficou em jeito de libreto de ópera, mas vale a pena ouvir o álbum e depois a continuação da história do Alquimista Ariel em Black Halo, com o começo retumbante na primeira faixa com March of Mephisto. Vale a pena.


Apareçam

Rakel.

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