Há uns tempos atrás, escrevi um post sobre o desapego; os que leram o dito post, poderiam dizer que fiz uma apologia ao desinteresse ou a procrastinação. Não será esse o sentido, se foi isso que resolveram entender, lamento, mas não era isso.
Era sobre a necessidade de sabermos entender que nada é nosso, que esta vã tentativa de prender, segurar sentimentos e pessoas por uma dependência doentia. Aquela mania de querer ter sempre mais e que nunca chega, de estar agarrado ao que tem e não saber dividir. De exigir mais e mais e nunca estar satisfeito.
Caixão não tem gavetas, ter uma pedra tumular com o nome de Sr. Engenheiro fulano de tal, não o fará um VIP no cemitério. A vida é curta, demasiado curta para tantas coisas por ver e fazer, coisas que realmente valem a pena fazer e ver. E isso, é tudo quanto a nossa alma leva deste mundo. Aquilo que viu, viveu e conheceu. E vale tudo, desde os dias tristes e que sentimos que nada somos no meio de tanta gente, como os dos momentos plenos de felicidade. Ninguém percebe a felicidade se não passa de vez em quando por momentos menos bons. Há que saber viver com os lados sombrios e luminosos da vida.
Aprendi, não sem custo, a desapegar-me de pessoas, deixa-las ir e fazerem o caminho que acharem melhor. Acho que chega uma hora que precisamos desapegar; as escolhas devem ser feitas com base nos benefícios e não da obrigatoriedade. Ninguém deve estar, falar ou conviver com outra por obrigação... então, deixa-se ir e que seja feliz. Mesmo que no fundo, sinta falta de algumas delas, sei que não tinha outra opção.
Das coisas materiais nunca fui mesmo muito apegada, tanto se me dá que seja novo ou em segunda mão, reformado ou recuperado. Só tenho aquilo que faço uso e preciso, o supérfluo ocupa espaço e ganha pó. Um mono. Quem gosta de monos? pergunto..
O que mais me compadece e me amarfanha por dentro, é essa capacidade de total alheamento do mundo, esse desprendimento de sentimentos que facilmente são substituídos por outros e por outras pessoas na velocidade da luz. Como conseguem olhar para algo que podem fazer e não fazem...
Jogaram na porta do meu prédio um pedacinho de gato, acho que nem 3 meses terá; uma coisinha de olhos azuis, pele e osso e que sei que não vai conseguir passar muito tempo na rua. Fizeram isso porque sabem que tanto eu como um vizinho meu alimentamos o gato que também foi jogado aqui na porta. Como fizemos com a gata anterior, que morreu com a longa idade de 12 anos, uma tipa que não admitia viver sob um tecto e com comodidades, era uma vadia nata, preta de olhos verdes.
E eu não percebo, não compreendo como posso ser responsabilizada e multada por dar de comer, desparatizar e dar mimo aos abandonados e por outro lado, as pessoas que simplesmente deitam fora as ninhadas que não souberam evitar, fiquem ilesas.
Ou quando o animal "perturba" a paz da novela ou do futebol, joguem-no na varanda e esqueçam que lá deixaram o pobre...que acaba muitas vezes por ficar em estado lastimável, ou como aconteceu antes da lei, do animal no desespero se jogar do alto da varanda. Aconteceu aqui no andar de cima, com uma desclassificada senhora que não tinha pachorra.
É tão certo como 2 e 2 serem 4 que essa menina vai ficar cá em casa a dividir o feudo com o gato residente, mimado e bem tratado. Adivinham-se guerras e motins, rabujas e birras com consequências...mas na minha alma não cabe saber que aquele tico de gato vai passar frio e chuva na rua...
Não comprem gatos e cães por causa da raça ou moda, os gatis e canis estão cheios de criaturinhas amorosas e com uma personalidade fantástica que podem ser a melhor companhia do mundo. Mas são também uma responsabilidade, como qualquer ser vivente que dependa de nós.
Apareçam
Rakel.
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