O VOLDEMORT de 2015



Já beirando o fim do ano, olhando assim por alto pelas notícias, vendo o cancelamento de algumas festas ou um apertado dispositivo de segurança, senti um aperto no peito... e deu-se a vitória de bandeja aos bandalhos que se chamam daesh.

Tal como na história do Harry Potter, não tarda nada enconlhem-se de medo de até chamar de bandalhos aos cabrões que pensam que fazem o trabalho de deus. Um Voldemort  que assusta até pelo nome, que inibe a vida das pessoas e que faz que até um festejo seja condicionado; que ir num Metro seja motivo para taquicardias, e de que ter a lata de dizer o que pensa seja um prelúdio de guilhotina.

Dá-me então volta ao miolo este sistema de passagem de calendário, que por artes mágicas tudo muda em 24 horas e SÓ nesse dia. Então os outros 360 e tal são lambujinha; e toca de fazer os mesmos erros, continuando os mesmos vícios, as mesmas fraquezas e o mesmo dedo podre para escolher o par para toda vida. E esta mania de emprenhar pelas orelhas, seguir o que toda gente diz e faz, sem parar um instantinho para pensar, reflectir e formar opinião própria. Bem podem fazer tchim-tchim com espumante gelado e comer passas... vai mudar pouco o ano se a cabeça não muda também. Como diz o Gabriel O Pensador : "O medo é uma forma de censura..."

Ponho-me aqui, em cima dum banquinho, em jeito de Mafalda crescida e cansada de ver tudo no mesmo, ponho-me, pela força da afonia da gripe, a deixar em post o meu manifesto para o próximo ano:

Pelo amor dos deuses, parem com as meias palavras, subentendidos ou entre linhas. Não há nada que goste mais do que fazer um puzzle, gosto de charadas, mas entrar na cabeça de uma pessoa e traduzir intenções que não são possíveis de descodificar, já chega, por favor. Digam na lata, sim ou não, é ou não é, foi ou não foi. O mais ou menos, o talvez, o nim... aporrinham as minhas duas neurónias. Mais ou menos é o tal copo a meio. É meio e mais nada e deixem lá de filosofias de meio cheio ou meio vazio: É MEIO PORRA!

OK, parece que toda gente tem "alguém" na vida que lhe dá sorrisos, beijos e que lhe chame de seu. Não tem agora um xamego, anda num tipo de travessia no deserto... mas caramba, não é o fim do mundo. Aprendam a viver com vocês mesmos e com a vossa boa companhia. Façam alguma coisa de útil, saiam e façam mais do que chorar pitangas e a fazer de uma fase  uma tragédia em 3 actos. Se vocês tem tempo de sobra para esse melodrama todo, posso deixar o meu endereço para que façam a gentileza de vir aqui e passar um monte de roupa que já está a chegar na zona do absurdo de tamanho. Quem tem tempo demais arranja argumento para tragédias, portanto, contribuo para arranjar preenchimento nas vossas vidas. Já agora, se quiserem tenho uma garagem para organizar e limpar... é só pedirem.

Já chega de promessas que não podem cumprir: para isso andamos nós a pagar salários milionários aos políticos. Façam o seu melhor e não prometam nada que nem sabe se conseguem fazer; juntem à isso a tal lista manhosa que fazem sempre para o próximo ano e que nunca cumprem. Um objectivo de cada vez, com sentido, e cada um conquistado festejem e tal e façam outro. Um de cada vez. Melhor assim do que chegar no final de 2016 e lembrar que não fizeram ponta de corno daquilo que se propuseram fazer.

Aprendam a encaixar um não, é pedagógico e fortalece o caráter. Beicinhos contrariados e burros nas couves por que não conseguiu levar a sua avante é já mau em crianças, em adultos é execrável. Ver marmanjos de birra por terem sido contrariados é no mínimo triste e sem dúvida, a culpa é dos pais que não souberam dar-lhes uma boa dose de NÃO na vida. Até descascam a fruta do marmajo já na casa dos 40, tadinho, que nem sabe como fazer isso com uma faca numa mão e a maçã na outra. Ok, o tipo até é engenheiro, mas descascar a fruta é algo que ultrapassa as formulas mais sofisticadas da matemática ou da física.

Leiam... por favor leiam. Larguem a merda do telelé, olhem à volta e vejam o belíssimo mundo, o pôr do sol ao vivo e a cores e não a foto para colocar o like. Sorriam, olhem nos olhos, falem... bom, tudo menos piropos. Eis a última alarvidade destas cabecinhas pensadoras do partido das Bimbas Enfadonhas, ó moças... muitas vezes um Olá carrega mais intenções (pelo olhar e pelo tom de voz) que um "Ó jóia, anda cá ao ourives que te lustro toda" (98% das vezes o cão late e não morde nada, lá em cima do andaime fazem concurso para ver quem é o mais ousado, lá em casa o tipo até pia fino).

Difícil será definir aquilo que se considera assédio sexual e o normal convívio. A tia Adalgiza poderá então colocar o médico de família em tribunal, pois ao falar com ela colocou a mão no ombro para confortar dos achaques. E lá vamos regredir até ao tempo em que os médicos faziam diagnósticos por telepatia ou então com bonecas onde apontavam para perguntar à doente se era naquele sítio que doía... e tanta ressabiada a denunciar o pinga amor inofensivo lá do escritório que nunca lhe deu um rapa pé...
Um sem número de coisas tão mais importantes a mudar e lá conseguiram levar avante esta pérola de um feminismo mofento. Mas isto dá para os dois lados. Proponho aos senhores que denunciem todas as que fizerem propostas indecentes, ou mesmo declarações de intenções pouco louváveis. Força nisso rapazes!!! Vocês não são meros objectos de prazer...

Mas conversem, sem ser por chat, matem o LOL por favor, riam muito, e tenham espírito de observação para rir do caricato, de vocês mesmos. Vivam simplesmente, nas duas versões da palavra simples. Vejam lá se aprenderam alguma coisa com a crise, a poupar, a saber gerir melhor a carteira e não percam a cabeça logo assim que sintam o cheiro da retoma económica. Se isto tudo serviu de alguma coisa, foi para perceber que se pode viver com menos tralha, fazendo escolhas e que coisas, objectos não trazem felicidade e não são assim tão importantes.

Percam uns quilitos caminhando pela sua cidade e visitando o comércio tradicional; comprem o nacional e assim favoreçam o emprego no país. Façam valer do voto em branco como forma de repúdio à essa cambada que vem desde o 25 de abril a fazer tudo menos algo de bom pelo país.

E peço só uma última coisa: que percebam que felicidade não é viver na Terra do Nunca, mas sim momentos que passam desapercebidos durante o dia. É que esperam sempre uma coisa em grande, quando na verdade vai pingando, ao longo de todo o dia, motivos para se sentir feliz.

Tudo de bom, todos os dias para toda a gente.

Apareçam


Rakel.


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