Me pergunta então um jovem munido de um recente título de eleitor, se realmente, dada a conjunctura actual, vale a pena votar. Respondo eu, de boa fé, que votar é um direito de todo cidadão que queira participar do destino do país. O certo é que precisa-se com urgência ensinar às pessoas a saber perder, coisa que particularmente custa-me um bocado.
Mas dizia então o jovem recém saído do secundário, como cargas d'água nestas eleições faz-se esta história de coligações em cima do joelho e sem entender este sentido de provisório. Peço então que pegue no exemplo da associação de estudantes que todas as escolas tem e que são o pontapé de saída para o mundo político. Suponha então que que há as listas e a A por dois anos seguidos ganha, não com muitos votos, mas ganha. Aí a lista B, C e D resolvem juntar-se numa coligação, dizendo eles que a margem de votos de vitória da A é pequena e que todos os outros juntos fazem melhor do que eles que estão no poder há dois anos. Na verdade, todas as listas prometem mundos e fundos que sabem que não vão conseguir cumprir, mas faz parte das plataformas eleitorais prometer tudo aquilo que se deseja, mesmo sendo coisas irrealistas. Poder, as pessoas gostam de poder e fazem até pactos inverossímeis, podendo fazer até de conta que gostam muito uns dos outros e que tem o mesmo objectivo final.
Desde o tempo dos memoráveis debates televisivos entre Mário Soares e Álvaro Cunhal que se percebe que não há maneira da dita esquerda dar-se bem. Nem vou alargar-me no quesito dos expulsos do partido, que pretendiam a modernização do mesmo, nem dos que abandonaram a visão arcaica comunista que só funciona bem na Festa do Avante.
A questão que se coloca é o oportunismo e a sede de poder. E vemos aí as meninas do bloco, aos saltinhos, muito eufóricas a espera de conseguir ser governo e fazer seguir a lei anti piropo, aquele projecto de lei que realmente faz falta no país. E pedi-lhe que fosse ler dois livros: 1984 e Animal Farm, (ou a Revolta dos Bichos) ambos escritos por George Orwell, um tipo que até participou na guerra civil espanhola e foi militante do partido comunista e que recomendo à todos.
Depois me perguntou se realmente esta coisa toda sobre a carne e demais lista de alimentos cancerígenos é algo real. Pois é, pois é... os recursos do planeta estão a diminuir a olhos vistos e a população cada vez em maior número (e agora com essa cena da China a acabar com a lei do filho único... sei não), há que tomar estratégias. E por uma estranha coincidência (e eu não acredito em coincidências) a União Europeia legisla finalmente o uso de insectos para uso alimentar... mesmo dois dias depois da nefasta notícia que colocava o chouriço e o bacon na linha de fuzilamento alimentar. A velha táctica de derrubar a imagem por via do medo, aproveitando-se de que o povo emprenha pelas orelhas, denegrindo o opositor para sair vitorioso. Carne é mau, insecto é bom.
Há muito que se pretende que se coloque nos hábitos alimentares mundiais o uso de insectos, já que são a maioria neste planetinha azul. Possivelmente há uma indústria apostada nisso, há interesses económicos também, até porque já há muito não acredito em boas intenções sem o toma lá, dá cá. Na Ásia é comum encontrar barraquinhas de rua com escorpiões fritos ou lagartas assadas, e tomem atenção, não são estripados e come-se tudo num crunch "apetitoso"... Quem sabe, num futuro não muito distante, a União Europeia pague aos criadores de gado que se desfaçam das suas quintas com animais e que criem quintas de formigas ou de lagartas para uso alimentar. E surge assim um admirável mundo novo...
Diz-me ele que então, a mudar de assunto, que não percebe mesmo nada das raparigas. E eu, de boa fé, digo-lhe que até não é muito complicado, desde que ele próprio seja honesto naquilo que procura encontrar e que seja realista nos afectos. Que aceite o facto de que ninguém é insubstituível, e que mais cedo ou mais tarde, as coisas mudam de panorama. E que sim, apesar de ele ser muito jeitoso, há outros tantos tão ou mais do que ele. Que se cultive interiormente, e que principalmente, seja honesto com ele mesmo, que se conheça a fundo e que saiba aquilo que realmente quer.
Está na fase das dúvidas da vida, da sensação de não saber que rumo tomar. E eu só lhe digo que viaje o máximo que puder, que conheça muita gente, que crie as suas próprias certezas e que faça escolhas que saiba como se responsabilizar depois.
É que isto de ser adulto não é fácil não, a não ser que decida-se seguir o rebanho, balindo todos ao mesmo tempo no caminho que todos fazem. Isso é escolha de cada um, certo?
Apareçam
Rakel.
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