Passagem Para Lá-Lá Land





Com um Yorkshire Terrier no colo e uma Chou-Chou ao lado, ambos tosquiados em jeito de Verão, caminhei entre grous, flamingos e íbis. Um guaxinim despreocupado roía as bolotas que apanhou sem se atrapalhar com a agitação dos quatis que pulavam de galho em galho ou brincavam as escondidas nas tocas.

Os cães da pradaria dormiam o sono dos justos dentro das tocas, bem perto das nervosas lebres; tomei as devidas distâncias das doninhas fedorentas e disseram que ainda tinha que andar muito para chegar perto do iaquis. Sabendo que o tempo era curto, continuei no caminho determinado.

Um avestruz macho tomava conta do perímetro já que a companheira estava no choco de um solitário ovo. Logo ali ao lado, dois cavalos, um deles um bocado em baixo, já velhote, aproximou-se de mim, do tico de cão que levava ao colo e do chou-chou com visual de cotonete. O que para efeitos pessoais foi uma grande vitória ficar tão perto de um cavalo. Inspiram-me demasiado respeito, ou como diria alguém mais sábio, dá-me cagufa.

Tinham-me dito antes de começar este passeio, que a piton tinha conseguido sair do seu lugar e foi-se plantar numa árvore logo na entrada do portão para apanhar sol e matar saudades do seu natural meio de emboscada. Foi pena não ter assistido esse espectáculo...

Já o sol começava a desaparecer no horizonte quando deixei no chão o Yorkshire terrier e me despedi do chou-chou. Ambos excelentes companheiros de descobertas e fascinação.

Poderão pensar que passei o alegre dia de agosto a fumar cigarros estranhos e feito uma viagem pelo estranho mundo da fantasia, ou que os vapores etílicos tinham levado a melhor parte dos meus neurónios e que já até conseguia ver elefantes cor de rosa...

...mas não.

Num final de dia sem qualquer novidade ou plano,  chamam-me para ir até à uma quinta biológica para dar algum conforto ao tal cavalo já velhote. Inesperadamente fiquei maravilhada, pois pensava na quinta biológica na tradicional forma vacum e galinácea, jamais pensaria que teria a amistosa companhia de dois cães, de tantos animais exóticos e bem tratados e que em duas horas não consegui ver tudo.

Não tirei uma única fotografia, nem me lembrei disso...mas quem poderá dizer que andou a dar festinhas à um quati em pleno solo português ou que ficou a ver uma íbis de tão perto?

Cada vez gosto mais do inesperado.

Apareçam

Rakel.



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