Há uns tempos atrás, o nosso maior inimigo era os ovo, juntando o chocolate, o vinho (esse pernicioso líquido que nos leva ao vício e comportamentos alternativos etílicos). Dormir era visto como um tempo regulamentado, daqueles que sendo demais poderia descambar em doença, de menos também. Café, o motor de arranque de muita gente de manhã foi visto como o vilão das desgraças estomacais e dos nervos em franja. Agora é benéfico comer ovos, chocolate protege o coração e vinho emagrece...vai lá entender esta cena.
Da mesma maneira, sumidades apontavam que as crianças não deveriam comer coisas com muito açúcar, pois despoletariam comportamentos hiperactivos, reduzindo assim as doses e colocando as crianças o mais calmas e suportáveis que fosse possível. Se cortando açúcar não funcionava, toma lá risperdona; não é açúcar, essa coisa malvada e que só faz mal, mas dopa e cria tanta habituação como a cocaína, daí o facto que para largar ter que fazer desmame. Agora novos estudos apontam que não é o açúcar o mau da fita, mas sim a falta de exercício e os espaço fechados onde as crianças passam a maior parte do dia. Dããããã, grande descoberta.
Estudos apontam que ter gatos podem levar à esquizofrenia, que orelhas grandes são sinal de aptidão musical (caro Beethoven, mesmo que tivesses as orelhas como as do Dumbo, sendo surdo como uma porta, comporias na mesma as belas obras que deixaste, certo?). Estudos que falam que irmãos mais novos são mais inteligentes que mais velhos, estudos que falam de nalgas grandes = QI superior (nesse caso, a Kardashian deve ser praí de uns 230 pontos) e caramba, de cada estudo que vou tendo a sorte de ir lendo e me surpreendendo...só me faz pensar no que realmente a ciência nos dias de hoje investe em recursos e tempo.
Vá lá, ciência sempre teve um cunho, uma chancela de superioridade em relação aos nossos pontos de fé saloia e uma visão simples da vida. Quando alguém que acreditasse na reencarnação falava sobre isso, havia sempre um céptico, esperto e armado em ateu a deitar abaixo, chamando a ciência como escudo contra uma hipótese ou uma possibilidade (que no fundo, é no que se baseiam os cientistas) mas que agora, pela boca de um cientista quantico, provando por A+B, parece que sim, é uma verdade. Então como fica? E aí malta, perderam o pio?
Ciência sempre teve essa cara, esse jeito de "sou uma verdade inquestionável" e que tudo o resto não passam de balelas. Do foco da ciência, essa coisa Reike e energias não passa de uma forma triste de placebo das pobres cabecinhas ocas, das mentes acanhadas de tentarem reverter um processo natural do nosso corpo. Durante anos, a medicina natural foi rechaçada e colocada na fogueira, começando na homeopatia e acabando na acupunctura. O negócio era mesmo abrir, talhar, jogar fora e tomar remédios sintéticos, feitos por uma conceituada empresa de fármacos, que se baseou em receitas antigas das nossas avoengas.
O mais engraçado...
Darwin jogou a pedrada no charco da ciência, que até então acreditava na concepção do mundo ao jeito do Criador e do Adão e Eva. Essa parte acho a mais interessante de todas. Dizer que evoluímos de outras espécies, que no básico somos apenas um macaco nu, foi a celeuma dentro das hostes científicas. Porra, mas então a ciência não combatia essa cena saloia de deus lá no trono, que não era ele que fazia os terramotos e as chuvadas e tal e couves? Pelo jeito, as descobertas e estudos deste cientista foram demasiado avançadas para época e colocaram em causa as crenças dos restantes pensadores e criadores de ciência. E se Darwin levou na cabeça... foi colocado no canto com chapéu de burro nas classes científicas e tachado de maluco e herege...
...que faz tanto sentido como todos os que se chamam a si de ateus, contra religião num modo geral, apostarem de pedra e cal no satanismo. Para acreditar em Satanás, há que acreditar então de onde ele veio... que nesse caso, será a religião cristã. E diverte-me um bom bocado essa cena do ateu empedernido apostado no pentagrama invertido e nas cabeças de bode. Decidam-se, se faz favor.
Mas no geral, recursos são usados para medir tempo de orgasmos, tamanhos de nariz e correspondências com pirilaus; se o que comemos pode estar ligado às tendências suicidas, e por causa da merda do vestido que ninguém acertava na cor, fizeram estudos sobre fotocromia e a maneira como cérebro entende os estímulos visuais.
Colocar um limite do que é ciência e do que é pura crença, começa a ficar tão fina que não se sabe bem onde começa uma e acaba outra. No geral, aparece sempre uma contra-pesquisa anulando as anteriores, num certo combate entre titãs da sabedoria.
O giro disto tudo, ao fim e ao cabo, é que na verdade sempre estive nas tintas para os impedimentos científicos dos ovos, do chocolate e dessa coisa perniciosa que é tirar um bom cochilo sempre que calha. É que de algum modo, mudam o disco e lá estamos outras vez a mudar tudo porque alguém descobriu alguma coisa que, se calhar depois dizem que não... e o cenário todo. E sinceramente, não há pachorra.
Bom senso... onde andas?
Apareçam
Rakel.
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