Em jeito de começo
Segundo estudos, o Neanderthal e o Homo Sapiens coexistiram durante um bocado de tempo naquela época em que os mamutes e os dente de sabre ainda achavam que o ser humano era um bom petisco. Tirando o facto de que enquanto o Neanderthal eram assim um pouco pro lado básico e da porradaria, os Sapiens já começavam a dar os primeiros sinais de uma cultura mais evoluída. Isso há mais ou menos 350 mil anos atrás, uma nica em comparação a criação deste mundinho azul.
Bola pra frente!
Agora somos Homo Sapiens-Sapiens, uns seres catitas e evoluídos na escala dos viventes e senhores do universo; não satisfeitos em detonar o planeta de origem, espiolham no Universo e procuram um outro lugar para colonizar e parasitar. Mas desenganem-se que o Sapiens-Sapiens anda por aqui sozinho, acabrunhado e sem quem o faça pensar nas consequências dos seus actos: há a coexistir o chamado Neanderthal-Cavernícola.
Este último espécie disseminado pelos quatro cantos do planeta, que apesar de redondo e do fim da era geocentrista e do mundo plano, ainda adopta esta expressão dos quatro cantos do mundo, vestindo desde o fatinho do Hugo até a garbosa farda. É o juíz que acha que sim senhora, aquela mulher fez por ser violada pela roupa que usava; é o padre que come criancinhas, mas ataca braços de fora da mãe que vai batizar o filho; é o CEO mui respeitado e idolatrado da empresa de prestígio mas que arreia uma carga de porrada em casa quando contrariado; é a louca que joga ácido em cima do ex por puro despeito ou a dona de casa, desprezada e pouco reconhecida que desenvolve requintes de crueldade nos filhos; tem também aquela professora que vai dar a luz na casa de banho, pega no bebé e mete num saco plástico e na mala e volta para a sala de aula como se nada fosse. Embora uma parte minha tenha uma fé muito grande nas coisas que a humanidade pode fazer de bom e certo, há a outra parte que enxerga cada vez mais como a raça Neanderthal Cavernícola desenvolveu-se numa procriação ao desbarato. Eles andam aí...
Admito, eu escolhi ser do Benfica, contrariando o meu avô que era da Briosa e o meu tio, um Sportinguista ferrenho. Mas apesar do Bi conquistado, tenho a consciência que.. ok, tá certo, é fixe; mas isso não é o centro do meu Universo. A roupa ainda está por passar, as contas não se pagaram por causa do Benfica, ainda tenho milhentas coisas a fazer... e o Bi do Benfica não aquece nem arrefece a minha vida. Nem é o paleativo das minhas agruras. Não andei feita histérica aos pulos e gritos, nem berrei que era o melhor nem nada disso. Venceu, ponto
Então, vendo da bancada este jogo hipócrita e bastante viciado temos:
Pessoas que criticam as meninas que bateram no menino, mas dariam os dedos de uma mão para arrear um enxerto de porrada no Coelho e no Portas; partilham e comentam milhares de vezes sobre violência doméstica e são ao mesmo tempo a favor da pena de morte; criticam a violência policial e ao mesmo tempo rosnam que não há direito pagar impostos e destruírem o estabelecimento que construíram com o suor do rosto e com empréstimo do banco e não haver mais polícias nas ruas, mais actuantes. Esta ambiguidade é visível todos os dias e o jogo do empurra das culpas anda sempre de um lado para outro.
Conheço bons agentes da segurança, em todos os "ramos" por assim dizer, mas já ouvi da boca de um PSP que arreava na amante, que segundo ele... ela merecia, como conheço agentes que, se calhar por uma dose elevada de frustração, anda nas ruas na caça de licença dos canídeos levados pelas trelas dos donos. Também conheço agentes que são fixes e que ficam sempre com o meu elevado respeito pelas atitudes acertadas e que valorizam a instituição naquilo que é dito servir e proteger. Não os coloco todos no mesmo saco, isso seria uma atitude Neanderthal, considero-me uma Sapiens-Sapiens e não vou seguir o balido do resto do rebanho. Mas uma coisa é certa, há muitos armados em Rambo ou então num Bruce Willis no alto de uma arranha-céus, que acham que podem fazer justiça nos moldes de um Dirty Harry. Se chegou o momento que se acham acima da lei... está na hora de sair da instituição.
Jamais em tempo algum levaria os meus filhos para um jogo de futebol desta natureza, sabendo que no caso de uma vitória, os neanderthals passam-se da marmita e derretem tudo à frente, levando a que os frustrados e os Dirty Harry da corporação façam gostinho ao dedo e ao bastão de aço. Lembram-se bem do episódio chamado Manif Que Se Lixe a Troika? Vai já para um par de anos, mas lembram-se das imagens dos tipos mascarados que ficavam a picar a Força de Intervenção para logo depois saírem quando o fogo entre a multidão já ter sido ateado para tirarem a máscara e juntarem-se aos colegas da Força de Intervenção? Há que ter muita fé para manter respeito, para compreender e ter estômago para este todo político-social.
Há verdadeiros cavernícolas que assumidamente colocam fotos deles com a camisa de outras equipas de futebol e dizendo: Sim, eu estive lá para dar porrada e estragar a festa. E acredito, há frustados em todas as cores e sabores. Da mesma maneira, que acreditando como acredito na lei do retorno, todas as pessoas do Benfica captadas pelas câmaras de vigilância do estádio a destruir bancadas e a roubar material e equipamento do Vitória, venham a ter o justo retorno de um acto que se calhar reprovam nos outros. Por outro lado, a GNR teve que conter alguns adeptos do FCP que esperavam os jogadores com pás e picaretas...mas que raio de mundo é este e aonde pára o desportivismo?
Percebo muito pouco dos movimentos sociais desta "nova" era evoluída e ao mesmo tempo rasca nas questões de convivência comunitária. Não entendo as razões, ou se calhar até tenho algumas teorias, mas ficam para outra hora, nem os motivos que levam à quem deveriam dar o melhor exemplo sair-se com o pior de todos os modelos. Tivesse o homem cuspido em jeito da menina no filme Exorcista, ele como exemplo da lei deveria agir em conformidade da mesma. Crianças ao pé assistindo este espectáculo de um verdadeiro cavernícola (que segundo parece também é pai, e me pergunto... como será aquela vida familiar?) da lei, ficando já com uma imagem de merda que culpabiliza toda a corporação.
Se adeptos de todas as equipes tem esta falta de civismo, se fazem destas merdas em nome de uma euforia vitoriosa, se calhar seria melhor fazer como lá no Egipto, não há bancadas pra ninguém nem ajuntamentos. E já agora senhor agente cavernícola da PSP, se realmente o processo de expulsão for para frente, sempre poderá ir para a Arábia servir de carrasco... é que parece que abriram vagas, e como sabe, lá jeitinho e pouco respeito pela vida já mostrou ser capaz...quem sabe uma carreira com futuro para si?
...e ainda dizem que estamos a entrar na era do Aquário, a futurista, justiceira e evolutiva...
não me parece.
Rakel.
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