♪♫ ...and the sky ♪♫♪ is grey...




Livre arbítrio, direito de escolha que não esteja sujeito a pressões de qualquer natureza.

Por sistema, acordo de mau humor, não é uma escolha certa de abrir os olhos e decidir que hoje vou embirrar com tudo e mais alguma coisa. Mas posso decidir permanecer no mau humor, fazendo o dia dos outros e o meu um verdadeiro caminho aos infernos, ou simplesmente começar a ver os pontos positivos e arrepiar caminho.

Por sistema, há essa particularidade de acompanhar a tendência social de reclamar de tudo, ou podemos comparar outros lugares que ainda estão piores do que nós. Ou tentar mudar um bocado as coisas, como por exemplo, chegar no Centro de Saúde para uma vaga no médico e conseguir isso falando com a senhora dos serviços administrativos com modos, falando com cordialidade, coisa que falta à muita gente. Dizemos que o mundo está ruim, mudado para pior, mas não cedem a vez à senhora que vai com um bebé ao colo ou pegamos do chão algo que caiu da senhora já com alguma idade. Abrir uma porta para quem leva as mãos ocupadas... há uma infinidade de coisas que podemos fazer que muda o aspecto nefasto da sociedade que tanto criticamos.


Livre arbítrio será uma sucessão de portas as quais decidimos qual delas abrir pela nossa conta e risco e assumir como escolha nossa. Não dos outros. Não por vontade de deus. Não por falta de opções. É responsabilidade nossa.

A vida não corre bem, nem tudo é um mar de rosas como a dos outros, e sempre fazem comparações com os outros, sem saberem bem se há essa felicidade Disney de verdade. Então vamos pegar nisso tudo, nessa comparação em que se fica sempre a perder, em que ser o umbigo do mundo dá-se tão bem na actual exposição pública de sentimentos e valores. Espalhe entre os mais de mil amigos de perfil, escreva livros manhosos e sensacionalista a publicar num qualquer clube do livro televisivo, expondo aquilo que só interessa ao próprio. Ou que alimente aquele tipo de inveja "toma lá, que é para veres que não sou só eu que passo mal na vida". Muda alguma coisa?

Podem decidir reagir com violência à tudo aquilo que acham de errado, podem escolher insultar, podem humilhar, mas decididamente, deixam de lado questionar, reflectir ou ponderar e escolher a melhor forma de responder ao que não gostam ou entendem. Escolhem o caminho mais fácil, mas nem por isso melhor.

Poderão dizer que há coisas que não se escolhem, como ter que trabalhar para viver. Mas se há praí tanta gente a não fazer nenhum por escolha, verdadeiros profissionais da baixa, gente que recusa trabalho por não ser do seu perfil (ou porque tem que pegar no pesado sem glamour de título ou fatiota catita). Pode escolher ir viver no campo, vivendo do que produzir, sem patrão. Certo? Há sempre escolha.

Mas isso de decidir qual das portas há de escolher no exercício do livre arbítrio tem mesmo a sua responsabilidade: a da lei do retorno. As duas estão de mãos dadas. Não fiquem a pensar que basta escolher a porta e pensar "vamos lá despachar isto que ainda tenho que limpar os canteiros e dar de comer ao cão, a minha vida não é isto". Mas a vida é isto mesmo. Escolhas que se fazem recebem na justa medida o seu retorno.

Se escolhem a violência e o desapego, é justamente assim que hão de ter a resposta. Se escolhem mortificar-se pelos infortúnios e pelas perdas, mais virão. Se decidem culpar toda gente pela própria impotência perante um facto nada bom, irão na volta receber a mesma coisa. Se escolhem viver da aprovação dos outros que nem sequer conhecem, mas isolam-se dos que são mais chegados... mais isolados serão. E as nossas escolhas agem em forma de eco, repercutindo nas paredes das outras pessoas. Por isso que a porta que se abre e entra é tão importante e não deve ser feita de ânimo leve, vivemos numa teia de pessoas e sentimentos que serão os agentes da nossa lei do retorno.

Israel decide bombardear a Palestina; uns mongos quaisquer que sejam, decidem mandar um avião abaixo a tiro de rocket (e imagino aqui, a foto de grupo ou um selfie do anormal que tomou a decisão, encostado ao lança rocket e que passou entre os amigos da bravata), mudam-se vidas, maneiras de pensar, agudizam-se separatismos e pior, perdem qualquer tipo de razão que pudessem ter, apenas por terem feito uma escolha sem jeito nenhum em demonstração de força. Escolha e retorno. A escolha pior para um retorno 3 vezes pior e mais forte... é da lei.


Vamos lá, teria seu peso dizer que dentro de cada um de nós há um inocente a escolha destas portas de decisões. Embora que já não somos assim tão inocentes, na verdade muitos preferem fixar arraiais nas comunidades virtuais repassando coisas que nem são originais, mas sim facciosas e mesmo assim, pesando mais na escolha do tipo de vida que há de ter. São escolhas... mas não vou massacrar no ponto.

Eu poderia fazer como faz a família Sousa* do tarifário vermelho: ficar falando com alguém, sem ligar ponta de corno aos que estão à minha beira, ou ser como aquele puto do tarifário da molhada e fé em deus, e desligar o aquário e as máquinas de suporte de vida da avozinha para poder ter bateria para saber como andam as postagens. Poderia reclamar do tempo: calor demais, frio demais, chove demais, seco demais... e ficar emburrada, desfiando o que os outros tem mais sorte do que eu, ou do que não tenho.

Mas prefiro gastar o meu tempo, mesmo que chova, que o dia esteja emburrado e vestido como um tecnocrata, em tons de cinza, e ver que: estou de saúde, em casa a gozar de uns dias de descanso, que se hoje não vou poder ver as estrelas poderei na mesma apreciar a noite e que a companhia das Minhas Pessoas é mais importante do que se passa num mural qualquer. Elas estão aqui comigo, hoje, agora. E a única certeza, aquela que não me escapa mesmo é essa: o hoje e o agora e para ser vivido bem.


Apareçam

Rakel.


* se há algo que anda um bocado mudado em questões de tendências... é da cabeça dos criativos da publicidade. Assunto para debruçar mais tarde.


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