Malvados Números



Admito de boca cheia que detesto números, mesmo quando lá do outro lado da linha do apoio ao cliente a colaboradora da empresa do programa com que trabalho me afirme a impossibilidade do erro do tal programa. "É matemática, não pode ser possível tal erro!" afirmava ela. Mas no fim de contas o programa dava erro, e o tal do 2+2 dava 5 com a maior cara dura possível.

Há uma incompatibilidade nata entre a matemática e a minha vida prática, daí que vez por outra veja nela os grandes males sociais e na minha vida pessoal. Já nem vou ao caso do programa da LUZ, que a gente bem manda a contagem e chega a cartinha de amor da EDP com estimativa exorbitante. Tão cabeluda e exagerada me chegaram estas contas as avessas, que depois de muita reclamação o acerto se deu e...mês que vem além de não pagar nada, ainda por cima me restituem mais algum. Contas e mais contas...

Aí tem a tal da ESTATÍSTICA,  aquela senhora que diz que mesmo eu só tendo um telemóvel (antigo e descontinuado) faço parte (estatísticamente falando) de uma X de população do pais que tem telemóvel de última geração. Mesmo que isso seja uma grande peta. Da mesma forma, a tal da estatística diz que também faço parte da fatia de portugueses que fazem férias fora do país... e vai por ai adiante.

É nessa base que o desemprego está a baixar: por cada inscrito nos Centros de Emprego e Formação Profissional, tem duas opções: ou entra num cursinho sem vergonha e sem saída profissional ou fica sem aquela míngua de subsídio e com a inscrição no Centro de Emprego cortada. Chamar isto de chantagem, poderá não ser bonito, mas é  a verdade. E sendo que escolher fazer um cursinho sem vergonha equivale a menos um desempregado pois está fazendo "algo" (isto pelos olhos da tal estatística), voilá, o desGorveno anda a trabalhar bem.

Com a mesma desenvoltura no ábaco contabilístico estatal, há menos fatalidades (mortes por acidentes) nas nossas estradas do que o ano passado, porque só contam aqueles que morrem no local do acidente. Os que morrem durante o o trajecto na ambulância ou que morrem no hospital não contam, está claro: MORTE NAS ESTRADAS.

E com estas habilidades todas, andamos a ler e ouvir estórias da carochinha em jeito de me engana que eu gosto. Com a matemática feita no jogo viciado da estatística, seja que lado do mundo for, dá sempre uma falsa imagem da realidade. Andamos todos na casa dos espelhos a ver imagens distorcidas de uma realidade nada bonita e nada prometedora.

...apareçam

Rakel.

Comentários