Momento de Reflexão



Posso ter as pancadinhas todas que me costumam atribuir (algumas exageradas, sem dúvida), mas no fundo sou uma pessoa pragmática, posso ter o meu lado da "Lua e energias em movimento", mas como sopa ao jantar, porque filosofias são um bom exercício, mas na verdade não enchem barriga. E sem dúvida nenhuma, sou uma mulher muito mais simpática quando estou devidamente alimentada e confortável.

Mas podem dizer: "mas ahh e tal e os desafios?"

Estão aí todos os dias, sem falhar na hora nem percurso: seja uma porcaria de um papel por carimbar, andar de Herodes à Pilatos em repartições, o mês que sobra demais no meu salário... e as coisas que nunca consigo controlar: os imprevistos. Mas consigo viver bem com isso tudo, que raios, eu até gosto de um bocado de confusão, de caos.

Mas o que eu não gosto mesmo nada é desta sensação de inquietação. Raramente sinto isso, geralmente as coisas correm na linha de encarar os desafios com bom humor, alguma bravata, mas sempre com dignidade. Sinto a inquietação nos outros, mas consigo manter a minha serenidade interior, mesmo com as minhas bocas foleiras, comentários sarcásticos e inconformismo. Dou-me bem comigo mesma, ralho comigo, dou-me o benefício da dúvida e tenho a benevolência de dar-me a auto-indulgência. Mas a inquietação é outro patamar. Eu não sei traduzi-la.

E bateu a inquietação, esta sensação de uma revirada em tudo que me rodeia de uma forma radical, brutal e quem sabe, necessária. Só sei que é como um comboio que já saiu da estação e que vai passar pelo meu apeadeiro. Esse comboio vai chegar logo logo.

Mudei aqui o espaço, precisava de uma limpeza grande, simplificar, deixar mais escorreito. Dei uma passada nos primeiros posts... caraças, mudou tantas coisas. Sem dúvida este foi um blog que foi um reflexo de uma fase. Aqui como Rakel, fui mas eu do que fui como Dora ou Penélope, (cada qual no seu devido espaço e movimento criativo) elas foram o começo da lide bloguista, um ensaio, por assim dizer. Aqui, se calhar mais do que em qualquer outro blog, tratei de arrumar o meu T-Zero escrevendo, na maior parte das vezes, numa assentada só, sem olhar para concordâncias e pontuações, pois aquilo tinha que sair logo.

O blog é uma arrumação mental, um local onde jogo as minhas ideias e não fico muito preocupada com o possível sucesso que venha a ter. Isso fez algum sentido na fase em que eu tinha que sentir isso, aceitação, mas essa fase como tantas outras... passou. Acho que há uma certa coerencia assim nessa forma de colocar as coisas na vida. Passar pelas diferentes fases, organizar as ideias, mudar o que não acrescenta e seguir em frente. Ando numa fase ruinzinha, aquela em que me torno mais egoísta e exigente. Primeiro venho eu, depois que venha o resto. É o que há de momento e não lamento ou peço desculpas.

Há quem diga que mudei os meus Doshas com o passar dos anos e que consegui uma relativa calma (o que se supõe então a animação que era há uns tempos atrás a cabeça desta gaja). Sei lá se os Doshas alinharam ou trocaram de polaridade, se os Chakras se acertaram numa outra forma ou se o cosmos resolveu brincar no alinhamento astral... se passei de Vatta para Khapa ou Pitta (já não me lembro) é coisa que não me deito a pensar muito nisso. Que o meu terceiro olho abriu (e escusam de piadas parvas, que o terceiro olho é na testa, a visão intuitiva) e agora estou mais reflexiva e com outra postura na vida. Tudo bem, na boa. Mas a inquietação encaracola-me o cérebro.

Não faço a mais pequena ideia do que está por vir, sei que é em grande, mas como acredito que todas as fases da vida existem por uma boa razão, e que por muito que esta inquietação me revire a cabeça, tenho sempre um hoje a realizar. Não sou só eu que movimento em fases, em entradas e saídas de novas vivências, mas o certo é que está para vir o tal comboio, sinto a vibração que os trilhos fazem nos meus pés...

... e para quem não entendeu uma ponta de corno o que acabei de escrever, lamento, costumo dizer e escrever coisas que de começo parecem absurdas ou saídas de efeitos etílicos. Mas no decorrer do tempo, acabam por mostrarem-se acertadas, encaixado no lugar correcto e com o significado alcançado.
Aos que estão familiarizados com esta minha faceta, não esquentem a cabeça, pois aquilo que tem que vir, ir, acabar ou começar está em andamento e o jeito é mesmo esperar para ver.

Apareçam

Rakel.

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