Meses... longos e muitos meses que ando alheia dos meus vícios, do mundo em geral. Passam-me ao lado uma data de coisas, pois neste momento há tantas coisas a concretizar que, o mundo em geral, anda numa velocidade diferente da minha. Quando dou por ela, misturam futebol com alarvidades do nosso mais viajado presidente, Ariel Sharon finalmente encontra a paz, a Cáritas diz não ao calendário dos nossos bombeiros, enquanto o Vaticano vende os padres mais giros em calendários junto dos postais e demais lembranças de Roma/Vaticano.
e... há a prova irrefutável que o romantismo tem os dias contados. Uma das coisas mais evidentes, é quando um tipa que sai da casa dos degredos resolve ser "cantora" num feat. com um tipo que nunca ouvi falar num tema duvidoso. Eu nem sei quem é a dita tipa, nem sei o que raios fez na casa além de se expôr voluntariamente a troco de um tico de fama. No mesmo saco das Liliane Marise e da mana do C. R, que vão cavalgando na sombra de um qualquer personagem famoso... o que fica de romantismo nacional acaba nos braços dum Carreira & Filhos. Fora de portas... a coisa não melhora.
Abro ali o meu armário dos CDs... e dou-me conta que ao mesmo tempo que uma Rihanna com o Eminem (um Michael Jackson inverso) com o seu "Love The Way You Lie" e uma pita cheirando a fraldas tenta ser uma nova Madonna escandalizando uma muito puritana América, o "All My Love" dos Led Zeppelin não encaixa-se no panorama musical de hoje, nem nada do que tenho lá encafuado e mal arrumado. É realmente muito difícil fazer hoje chegar aos ouvidos das pessoas algo que não meta imagens apelativas ou chocantes. Não me choca ver uma pita esfregar-se num gajo ao jeito de simulação sexual, de língua de fora (ai a marota) nem uma data de meninas reboletes ao som de música pimba num palco de qualquer praça do país, bem despidas apesar do inverno tormentoso que temos. Sexo existe, é bom e recomenda-se.
Até entendo que hajam músicas de duplo sentido, clipes afogueantes, e gente "bonita" a compor o cenário. Entendo tudo isso, mas o que realmente não entendo é a moda de. Passar pelas estantes de livros hoje é bem diferente duns tempos atrás. Houve a época do vampiros e do qual saiu uma data de novelistas que saturaram o mercado com as suas obras. Depois do advento 50 Sombras, surgiu um nicho de outra vertente: a de quem domina e quem se permite dominar. Uma catrefada de gente que se calhar nunca leu o pai do deboche e de todas as possíveis formas de sexo, o Sade, escreve sobre a dominação e de como uma pessoa pode ser descaracterizada em favor de agradar outra. Alguém leu Hitoire d'O um livro de 1954? Nop, claro... tá lá longe no tempo... nem tem uma carinha laroca conhecida das revistas que faça o filme, que aliás... é de 1975.
Não sei, não sei... já anda difícil encontrar coisas novas que sejam apelativas ao cérebro, tá tudo escarrapachadinho, mastigado e bem fácil de engolir. Me perguntaram outro dia qual era o motivo da minha imensa birra com o livro O Segredo. Não é birra, até acho bastante didáctico para aquelas pessoas que, sempre tiveram dificuldade de concentração. É que passar anos e anos a ler coisas com "bonecos" não permite que se concentrem no que estão a ler, nesse caso, o dito livro ajuda, já que tem uma frase por página. :)
Mas o romantismo... hoje faz-se em sms, em posts lamechas no Face, de jantares nos shopping dividindo a mesa com outros tantos desconhecidos. Frases de descompensação, de pura e simples carência emocional repetidas em músicas delicodoces, ou então sem pejo nenhum descambam na calhordice mais solene, chamando isto de quente ou para aquecer os ânimos.
E aí temos o "Minha Xuxa", o suprassumo do mau gosto, onde a única coisa que apela é o decote da moça e deixa claro que Freud tinha razão e o que chama a atenção masculina são os seios. E ao lado do Pai da Criança e outras coisas do género... há de ser sucesso, nem que seja pela facto de ser cretino. Eu logo assim que bati os olhos nessa coisa (no Tube está como destaque) pensei... que raio de merda é esta???? E aí fui saber que a tipa era quem era e o tema... é o que é. Uma bosta, mas há de fazer sucesso.
Se te amo (Quinta do Bill) , Baia de Cascais (Delfins) , Se Um Dia Eu Fosse O Teu olhar (Abrunhosa) já estão tão distantes do tempo como a Lua da Terra. O Funk Carioca, que eu agradecia aos deuses a distancia conseguida, aterrou de vez nesta joça de tema Minha Xuxa, numa pobreza tal que até o jardinzinho serviu de palco para o clip, com uma mão cheia de reboletes... e moça não tem voz, digam lá o que disserem. Mesmo editada, remasterizada e rezada... não dá mesmo.
Vou li meter os fones nos ouvidos... e ficar com o Nothing Else Metters dos Metallica ou com a Susana Felix... fugindo dos LOLs (que hoje já serve de pontuação nas frases) e dos postais lamechas e repetitivos...
... e lamentar a definhar do romantismo...
Apareçam
Rakel.
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