A Lei de Tetris

 

Mesmo a actual geração deverá saber ou lembrar do tal jogo de encaixar formas diferentes e conseguir a pontuação máxima e bater records. Por outro lado, e neste T-Zero inventivo, amadurecem leis, teorias e mais alguma coisa onde sempre acabo por arranjar um modelo base ao qual dou o nome ao assunto. Sempre aviso, e desta vez torno a avisar, que o assunto aqui exposto não passa de mais um exercício filosófico/sociológico pessoal, as figuras de estilo e os exemplos são puramente baseados na minha ilimitada imaginação.

A Lei de Tetris, chamei-a assim pelo simples facto de ser algo que faz parte da nossa cultura e que facilmente entendemos...

Anteriormente já debati de leve sobre questões sociais, das tribos, das formas de ser e estar na vida, as pressões culturais e sociais que nos empurram para modelos aceites e perpetuados. Muito embora os tempos tenham mudado, na verdade algumas coisas continuam a ser valorizadas e ensinadas.

Então, vamos mesmo por aí: no Tetris as formas e as regras são escolhidas para o jogo e toca de encaixar, virando de cima para baixo, escolhendo o lado: esquerda, direita e centro e tentando formar um grupo grande. Quanto maior for o grupo formado, maior a pontuação.

Vendo assim pela minha óptica, na vida é quase a mesma coisa, encaixar-se uns nos outros, num modelo perfeito e ganhar pontos. As formas aceites no jogo, não necessariamente implicam a forma exterior, a maior parte das vezes é a forma que nos apresentamos e como pensamos que define a forma de encaixe. Mal de nós que nesse jogo de Tetris, tenhamos nascido com a forma de um triangulo, círculo ou pentagonal. Encaixar ou não... heis a questão.

Há exemplos na história recente da humanidade, em que figuras públicas encaixaram ou não de formas diferentes, consoante o tipo de jogo ou de quem coloca as regras do jogo. Amália, a grande fadista e embaixatriz da música portuguesa pelo mundo, logo após o 25 de Abril, foi conotada e um bocado colocada de lado, por ter feito sucesso no tempo da Ditadura, logo, pela lógica da batata dos revolucionários, ela seria um símbolo da Ditadura. Não encaixaria. Mas quem é realmente talentoso, passa por cima de ideologias politicas e mais um par de botas. Fidel e Xanana passaram de terreoristas à libertadores do povo, símbolos de luta e coragem... conforme as regras do jogo foram sendo mudadas.

Passar de besta à bestial é tão fácil no jogo de Tetris social e global que as contínuas mudanças de regras já não assustam ninguém. Temos o caso do ex- Ministro, aquele Sr. Engenheiro que iniciou o processo de afundamento desta jangada de pedra, é agora comentarista televisivo e fala dos erros dos outros. Com a maior moral do mundo, certo?

Quem define as regras e a forma das peças, aonde elas encaixam ou não... será responsabilidade nossa ou de quem? Um jogo só funciona se houver jogadores de queiram jogar o jogo e aceitem jogar dentro das regras estabelecidas. É assim que funciona (mais ou menos) qualquer sociedade, qualquer participação de qualquer coisa que envolva mais do que uma pessoa.

Dentro desta definição de regra de jogo, de querer jogá-lo e querer encaixar-se, nem que para isso forcem a mudar tanto forma que são como a maneira que pensam e agem, que não me admira nada que tanta gente diga que "os homens são todos iguais" e "as mulheres são todas iguais". Sobra muito pouca identidade à quem procura nos outros a fórmula correcta de encaixar no jogo.


Apareçam

Rakel

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