Faxina Geral Precisa-se


Vamos lá a ver se consigo explicar-me sem levantar uma série de suspeitas ou sentidos dúbios. Colocando-me na pele de uma alienígena, dum visitante intemporal de outra dimensão, o que pensaria eu olhando assim só ao de cima por este mundinho azul no cu da galaxia?

Enquanto uns gritam pela salvação animal, outros que tantos promulgam leis que não visam a proteção dos mesmos, nem a punição dos que maltratam, abandonam ou negligenciam os animais. Andou praí uma conversa que num destes pensamentos, quem sabe, saídos de uma bagunça hormonal, chuva na tola, TPM agudo ou seja lá o que for... a limitar quantos cães uma pessoa pode ter na sua casa. Penso que muito provavelmente, tal ideia deve ter surgido da irritação das noites mal dormidas de quem tem um bebé que adora acordar durante a noite, uma dose de consciência-pesada-de-mãe-trabalhadora e uma pitada de falta de visão. Só pode ser isso. Admito: dou de comer à uns tantos gatos, lindos, ABANDONADOS pelos donos que mudaram de casa e deixaram ao deus-dará os companheiros, os tais amigos. Ninguém responsabilizou ou multou os donos, mas ai de mim se alguma vez me pegam a deixar a ração, um bocado de mimo e quando a carteira permite, as tais gotinhas no cangote pra afastar o pulgueiro. Mas vá lá, a coisa por enquanto ficou em águas de bacalhau.

Por outro lado, e aqui vai dar tudo no mesmo, a dita educação para todos mostra-se naquela base do "dois pesos, duas medidas". Se por um lado, a educação pública anda na queda livre, com salas de aula superlotadas, com um nível de qualidade caindo cada vez mais, com as cantinas servindo pior que num estabelecimento prisional... temos as escolas privadas, aquelas que os pais pagam uma porradona de dinheiro para ter lá os filhos, essas mesmas, a receber mais dinheiro e nascendo feito cogumelos depois da chuva de Outono. Se a educação é a base de um povo, se esse povo de década á década decai naquilo que será o conhecer do seu lugar na sociedade, dos seus deveres e direitos, certamente não será estranho que se vá parir pra uma sanita e depois matar acriança ou até acorrentar uma cadela aos trilhos para mata-la; ou arrastar um cão no para-choques de um carro... ou abandonar quando já não tem paciência de trata-lo.

Vendo friamente as coisas: não estamos evoluindo, não estamos a melhorar em nada a nossa conduta e nem o nosso lugar na sociedade. Se o Estados Unidos anda a brincar de Big Brother, vasculhando o que se passa nas vidas das pessoas pelo mundo, acho lógico que outros países acabem por fazer o mesmo com eles, embora aí a coisa já pie um bocado mais fino, pois os orelhudos/voyers  de lá não acham piada nenhuma. Interessante esse conceito agora forjado de que temos que espiar os outros com o intuito de assegurar a segurança nacional. Acho que o que sempre passou ao lado de quem governa, é que os piores inimigos de uma nação são justamente os que vivem dentro dessa mesma nação, os seus nacionais que de saco cheio de andarem de Pilatos à Herodes, se passem da marmita e façam das suas.

Quanto mais "modernos" nos tornamos, quanto mais aperfeiçoados os conceitos de melhoramentos se tornam, mais tiros nos pés andamos a dar. Acho que tá na hora de dar uma parada, deitar um olhar crítico, realista e construtivo: as coisas assim não estão a correr bem, convenhamos, estamos pior do que numa regressão. Pelo menos antes, os enjeitados ainda iam parar na roda dos mosteiros e conventos. Agora qualquer sanita ou contentor do lixo serve para aliviar o desespero ou a falta de bases.

Direitos, direitos, e mais direitos. Isso é tudo quanto toda gente pede e exige, mas ninguém quer responsabilizar-se por nada e deita as culpas nas costas largas do "eu sou o que a sociedade me dá". Merda, será possível que só eu veja que a sociedade somos nós?
Mas é verdade... quando é que se pode pedir responsabilidade de um filho à uma pessoa que nem sequer um gato ou um cão é capaz de cuidar e amar?

Mais facilmente amam-se sapatos, clubes de futebol e mais depressa descartam-se pessoas na pressa de chegar ao topo, de ser o último a sair de uma casa fictícia que serve de placebo à um povo alienado e ignorante. Isto precisa da mudança da pipoca... aquela que acontece de dentro pra fora, um despertar necessário, de entender que não se pode exigir aquilo que não sabe dar.

Isto anda a precisar de uma faxina grande, de uma barrela com água a ferver e muita escova de cerda dura... pra ver se desencarde as consciências...

Apareçam

Rakel.

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