Metal Pesado nas Águas Sociais



A nossa já bem conhecida dicotomia de, gadelhudo e metaleiro é igual a marginal e alienado, deu abertura para mais uma discussão no Heavy Metal Thunder, uma comunidade de Heavy Metal no Face. Não é nada fora do comum colocar e catalogar as pessoas pelo modo que se veste e se apresenta perante a sociedade, onde uma maioria social acha de bom tom o fatinho e cabelinho ajeitado, a moça com fato saia e casaco e ar de que acabou de sair do salão de cabeleireiro, tendo na mão uma malinha do pónei. Isso é fixe para a imagem socialmente correcta.

A pergunta começou por querer saber até que ponto a imagem de metaleiro prejudicava a vida laboral....

IMAGEM DE METALEIRO. Já fazia tempo que uma frase não me deixava passada dos carretos.

Ok, esteriótipo de metaleiro será: gadelha comprida, barba de beijar sopa, T-Shirt preta com imagens e logo de banda, calça de ganga, shitkickers nos pés, nos pulsos pulseiras de couro e montão de tatuagens. É isso??' E as gajas? Terão elas que ser barbadas? Ahhhh pois não, é claro, terão certamente que ter aqueles tops bem justinhos, corpetes, e todas as imagens fetiches que rondam as cabecitas sonhadoras. E como ficam os carecas? Careca não pode ser metaleiro? E quem tem medo de agulhas e da dorzinha da máquina de tattoos? E os imberbes, aqueles que com muito esforço tem meia dúzia de pelos esgrouvinhados pelas bochechas... não pode curtir metal??

Conheço metaleiros que passam desapercebidamente pelo incauto cidadão, pois nele apenas se vê o que vulgarmente chamamos normal. Mas tanto a vivência (um deles já viu todas as bandas míticas, já correu mundo e ando a martelar-lhe o cérebro para que conte isso tudo em livro ou blog) como o gosto pelas bandas em geral, não fazem dele menos do que qualquer gadelhudo, de t-shirt preta e com ar de fuck you...

Imagem versus competência laboral. Aí a porca torce o rabo, em algumas empresas o factor imagem é mais de metade da capacidade de um colaborador, gordas e gordos não entram na jogada, idade... até aos 35 no máximo. Para as demais empresas, que vivem de trabalho e não de imagem,, tanto lhe faz se usa brincos no nariz, o cabelo verde ou a tatuagem de dragão no pescoço. O que interessa é o empenho e a capacidade de trabalho. Já trabalhei (e agora também) em lugares que nunca contou essa ilusão da imagem. Felizmente.

Me pergunto se, hipoteticamente, Jesus voltasse num corpo físico e viesse dar umas voltas por este mundo "civilizado e moderno" , será que ele voltaria num fatinho a maneira à Boss, com o cabelo cortado e estudado para ser um homem de sucesso? Será que as senhoras que rezam para ele, que o amam de coração, iriam aceitar essa nova imagem de um Jesus social. Ou aceitariam o gadelhudo, barbudo, com sandálias enrolado num lençol? Jesus pode...metaleiro não. Isso importa?

E os punks? Os nerds? Os feios? Os bonitos demais?? Pois, bonitos demais agora também já é defeito neste mundinho feito de gente insegura. Três homens foram expulsos da Arábia Saudita... por serem bonitos demais. E toma lá esta... ao que chegamos.  Já agora, se os sauditas concordarem, eu cá acho que podíamos dar à eles o Castelo Branco e a gente fica com os 3 expulsos...   :) ó aqui a casa é pequena, mas sempre cabe mais um... se é que me faço entender...

Querem saber? Senhores metaleiros, sim os senhores que das 9 às 18 afivelam o ar de senhor bem comportado, fatinho azul escuro, camisa rosa e gravata...os deuses que me perdoem, laranja;, os que roendo-se de inveja dos putos que teimam ir trabalhar à vontade, tomem uma atitude:mudem de trabalho ou mudem de ideias. É que gostar de metal não implica farda, imagem, semelhança ou o raio que o parta. É sentir e gostar, conhecer e divulgar. O resto são tretas... Ou acham que me dá algum problema ir trabalhar com uma T-Shirt com uma caveirola estampada nela?? Como no dia seguinte ir toda certinha...nada me obriga à nada, nem moda, nem rótulos, nem seja o que for.

E tanto tenho dias de metal anos 80 como de Nina Simone, ou Prokofiev... e os dias de Depeche Mode??? Mas que raio, há dias de Ramones e de Chico Buarque. Isso me faz menos ou mais?

Tanta futilidade... e tanta gente frustrada...

Apareçam

Rakel.

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