É... Mas Nem Tanto


Primeiro começou com o WonderBra, aquele sutiã que fazia de um peito tipo ovo estrelado num peito farto e bem altinho. Isso se calhar na sucessão daquelas cintas diabólicas que entuxam as refeigas e pneus vários dentro de um pedacito de tecido elástico e milagroso. Saiu-se do espartilho com armações em metal ou osso de baleia e passou-se para a elastina e outras fibras sintéticas. Digamos que a moda recicla-se em materiais diferentes, mas sempre procurando realçar na mulher os pontos fortes, e na falta de ter um ponto forte, cria-se a ilusão de que existe isso.

Foi o caso do merinaque, aquelas armações que ficavam atracadas em cada anca da mulher, fazendo parecer que tinha-as enormes... muito popular na época da Rainha Elizabeth I , chegavam ao ponto de que, algumas damas, terem que passar de lado pelas portas. Cada vez que vejo fotos e gravuras, penso sempre nas milhentas possibilidades de usar esse espaço a mais em porta copos, ou um porta livros... quem sabe uma jarrinha com flores...



Depois houve a moda das anquinhas que foi um diminuir de ancas e um realçar de rabiosque...e daí não percebo o nome, mas tudo bem. Verdadeiras obras artísticas de arquitetura em arames faziam do rabiosque tipo "saiu ao pai" numa padaria enorme e que muitas vezes obrigava a dama a fazer um verdadeiro esforço em sentar-se com aquela tralha toda mais o espartilho. Mais de metade do sofá ou cadeira ocupado por arame e o pouco que restava da anatomia ainda por cima tinha que ficar direita como um fuso pela força do espartilho. E ainda admiram-se de tanta mulher naquela altura desmaiar.



O giro dessa cena toda: roupa interior foi sempre muito pouca ou até nenhuma...


Sintomático e verídico: mamocas e rabiosque sempre foram as armas maiores das mulheres e aquilo que sempre tentou-se realçar ou resguardar mediante a época e a moda. Porque a moda dita, e se a moda dita há que segui-la sem remoer angústias. Sejam as calças justas como tudo ou o levanta/espreme de mamocas... mas salta a vista como o nariz no meio da cara: calças justas realçam o "derrière" (nádegas, rabiosque, bunda e outros sinónimos) seja ele avantajado ou até mesmo a falta dele. Nota-se logo um rabo achatadinho de um do tipo prateleira.

Daí que apesar de termos passados séculos, eras, de tudo, mas no básico, no mais primário, somos tão iguais como antes. A única diferença é na forma e materiais, mas a intenção continua a mesma: realçar e chamar a atenção.
As escolhas: ou come cereais todas as refeições, ou pode ir por batidos, beber água até criar hidropsia ou usar roupa que faça diferença e engane o público. Implantes e lipos e muita musculação...

Já temos o sutiã maravilha que faz os milagres que sabemos... e agora uma prestigiada marca de roupa decidiu lançar umas calças para, e passo a citar, "realçar as formas femininas com bolsas discretas e amovíveis". Meus senhores... ponham-se a pau, quer me parecer que se o leitor for daqueles que fica estasiado com um redondo, abundante e empinadinho rabiosque... pode dar de caras depois de devidamente desempacotada a prenda, com uma "saiu ao pai". E isso as vezes arrefece os ânimos de quem tem os seus fetiches e preferencias muito vincadas e não esteja praí virado a enganos.

Mas pensando bem, até acho caricata essa cena... imaginem então uma mulher que ao querer usar essas calças numa saída...e não encontra um dos tais enchimentos alternativos?? Vai com uma bimba cheia e outra murcha à rua?? Ou improvisa com par de meias enroladas?? E se cai no chão e fica com um nalga cheia e outra com o pneu em baixo?? Ou depois de um "pega" dentro do carro com um tipo e perder uma das tais bolsas amovíveis... Cenários vários se colocam diante dos meus olhos...

Unhas postiças, apliques de cabelo, pestanas postiças, sutiã maravilha, calça levanta e arrendonda rabiosque, corrector de olheiras, maquilhagem que disfarça imperfeições, ... meus senhores, procurem encanto e depois descontem em 70% tudo o que está a vista e depois  pensem bem se querem encarar essa mulher. Porque quando todos os postiços saírem de cena,  a mulher que vos fica a frente, de cara lavada e acabadinha de acordar, nem sempre será aquela que viu na noite anterior.

Ao menos nisso, os homens são autênticos... por enquanto.

Apareçam

Rakel.


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