Com Um Sorrisinho No Rosto



Felicidade espelha-se no sorriso, naquele que se pespega na boca sem que a gente se dê conta disso. sai naturalmente, floresce sem mais aquela, e tanto se dá se acontece em hora menos própria. Não se obriga ao sorriso falso, nem se cria uma felicidade; ou ela existe ou a arquitetada artificialmente não larga sorriso.
Por outro lado, felicidade e sorrisos requerem trabalho, precisam de afinco, porque não cai no colo, acho que felicidade e sorrisos são resultado daquilo que semeamos, a reacção dos nossos actos.

Se calhar é por isso que, depois de ter lido a notícia de que hoje foi proclamado pelas Nações Unidas como o dia da felicidade... veja nisso algo de meio grotesco, senão mesmo cretino. Vamos ser felizes a força...
Toda gente que ser feliz, mas isso não acontece porque se marcou no calendário que hoje temos que ser felizes, porque é o dia de ser feliz, meio em jeito de uma Pollyana medicamentada com Percodam. Há que dar meios de uma pessoa querer ser feliz.

Por mais que eu fuja da T.V e do marasmo que ela me apresenta, inevitavelmente me passam pelos olhos as gordas aqui na net. E ao ler as notícias, uma pessoa começa a pensar que, se não nos ajudam a ser felizes, pelo menos façam o favor de não atrapalharem. Senão vejamos:

Pensemos numa economia nacional baseada em empregos de salário baixo, mínimo... expliquem-me como uma economia cresce quando o poder de compra é nulo?? Uma economia em que se produz muito mas sem ter quem compre desenvolve?? Talvez outras cabeças pensantes, mais tecnocratas e sumidades iluminadas com este tipo de ideias sejam, mesmo que indirectamente, causadores de tragédias nas famílias e do desespero geral. Ok, Ok... eu nunca fiz curso de economia ou gestão, mas acho que no mínimo, qualquer pessoa com dois dedos de testa chega lá. Esse tipo de afirmação não me alegra... deixa-me injuriada.

Pensamos então naquilo que os cientistas andam a fazer em prol da humanidade, com os meios que nós sabemos, muitos deles batalhando contra ventos e marés, para depois dar de caras com isto e ficar com o queixo caído: homem, vaidade é teu nome do meio... Que morram umas milhares de pessoas com Malária, tudo bem, qual o mal nisso, o bom mesmo é não ficar careca. Desenganem-se em pensar que o que mais assusta aos homens é a disfunção eréctil, não é nada disso, homens não querem ficar carecas. Li uma pesquisa muito interessante sobre como os homens encaram a sua vaidade e os relacionamentos afectivos. Chego a conclusão que a calvice está para os homens como  a celulite está para as mulheres, vaidade não é uma assunto puramente feminino.

Pensemos então na educação, a base de toda civilização moderna e todas as suas convenientes peculiaridades. Estamos com a educação aqui na mesma fórmula de baixo custo e preço, o resultado será sem dúvida catastrófico daqui um par de gerações, com gente mal sabendo escrever, ou no máximo, escrevendo ao velho estilo sms. Se em casa anda tudo ao deus dará, sem tempo para dedicar e a dar formação adequada aos filhos, se a escola está a ser o único local em que muitos miúdos começam a entender o que é uma vida de responsabilidades e vida em comunidade, por este andar a coisa não há de ficar bem entregue. Por outro lado e dada as manchetes nos diversos jornais e sobre a comoção causada sobre os cães chamados de perigosos, irão ser criados mecanismos para ensinar os cães e os donos a serem civilizados. Sintomático será ver que, seja criança ou animal, a resposta social há de ser sempre um reflexo de quem cuida ou de quem é responsável.

Ficar alegre, comemorar o dia mundial da felicidade. É verdade, eu acredito que pensar em coisas boas atraí  coisas boas, que temos que acreditar e construir a nossa felicidade. Mas sinceramente, seria pedir demais que as grandes personalidades que gerem o mundo, que ditam as regras do jogo económico mundial, aquelas mandam e desmandam em nós fossem capazes de pelos menos dar uma chance de não nos atrapalhar a vida?

É que uma pessoa bem tenta... luta e faz por isso.

E só pra não deixar em branco a parte positiva: embora não sejam famosos, embora não joguem futebol e se façam de garotos propaganda de cuecas e shampoos, dois estudantes de design ganharam a oportunidade de fazer o novo vídeo dos Muse. Não terão botas de ouro, nem andaram a fazer merdices na casa dos degredos, é verdade, mas mostraram valor, mostraram capacidade e originalidade. Coisa mais pro lado intelectual, que neste país de baixo custo e de saldos não está pra dar atenção.

Mas ponha lá um sorriso no rosto, nem que seja pela sua felicidade pessoal, de uma coisa mínima mas que fez ganhar o dia. E não tem que ser hoje só porque as Nações Unidas assim o determinou. Mas porque nasceu aí dentro de si e tem que sair cá pra fora.

Apareçam

Rakel.

Comentários