Uns Dias Com Os Pink Floyd



Eu pensei que a febre tinha subido tanto, que já não atinava com a realidade e era tudo ficção, até porque acordei com um sonho estranho... Sonhei que me obrigavam a assistir um concerto da Gaga com a Baby Consuelo, que agora é do Brasil. Eu bem protestava que não queria, que me doía a cabeça ( e doía mesmo) e que tinha frio... um frio que me agarrava até aos ossos, além de detestar o tipo de música. Acordei a bater o queixo, completamente azamboada com um febrão monumental e deixei ficar entre sonhos estranhos  e a sensação que cada braço e perna pesavam toneladas...

Passei o Sábado todo com um frio entranhado nos ossos, vontade de me mexer o menos possível e nem txum para o mundo. Não vi nada na Tv, fiquei-me nas tintas para as notícias e deleguei as refeições aos meus princesos, que felizmente são uns putos desenrascados. Domingo de manhã, acordei francamente melhor: o corpo moído como se tivesse sido atropelada por um autocarro de dois andares, a boca encortiçada, estômago revirado e com uma fraqueza enorme. Aí tive a má ideia de dar uma olhadela às notícias.

Bem... eu até pensei que fosse fruto desse febrão, que tivesse sido um delírio meu, pois só mesmo assim se justifica que alguém ligado a maior maracutaia bancária neste pequeno país a beira do Atlântico fosse nomeado para o actual  Governo. Franquelim Alves, este senhor impoluto, com uma sagacidade e savoir-faire apenas comparado aquela besta do Ulrich, conseguiu tachinho e um salário bem bom a custa dos nossos impostos. É caso para dizer: já não há vergonha nenhuma na focinheira desta gente. A esperança que este Governo fosse mais discreto nas suas cavalices não pegou, pelo contrário. Tá tudo doido... ou sou que que vejo isso como algo de anormal e sem jeito? Entre um chá e mais um paracetamol, fui passando páginas das notícias do país até bater os olhos numa foto: mas quem raio é quela tipa? Mau... querem lá ver que é mais febre? É que a legenda diz uma coisa... mas a cara não é a dela...

Não sei realmente o que leva uma pessoa a tentar de tudo para parecer menos...madura. As fotos que vi da actriz Alexandra Lencastre foi sem dúvida nenhuma uma das coisas mais assustadoras que vi na minha vida. Entendo que o mundo artístico seja volúvel e exigente, tanto que agora até a Dora se propõe a despir-se e mostrar que madura não é podre, mas caramba...Ver uma cara "photoshopada" a toque de botox e sei lá mais o quê, perder expressão e a fisionomia tornando-se num rosto incaracterístico, assustou-me. Tudo bem, vibro-aspiração para tirar pneus e pochetes pendentes, eu até aceito. Levantar umas mamocas... tá certo a gente sabe até que ponto a lei da gravidade pode ser uma grande cabra, mas isto... nem nos meus maiores momentos delirantes.

Segunda Feira chega e sinto-me cada vez mais grata pelo facto de que "mãe só há uma", no meu caso, até me sinto abençoada porque se tivesse duas iguais a minha... Poderão pensar que estou a ser má, inconveniente ou até displicente com aquilo que de mais sagrado há: o acto  de ser mãe. Mas justamente pelo facto de ser mãe e filha dá-me uma perspectiva total do assunto, e tal como se costuma dizer, quem diz a verdade não merece castigo. E cada vez mais agradecida pelo Oceano Atlântico ser tão vasto...e servir de limite.

Resumindo: a banda sonora destes dias bem poderia ter sido aquela faixa dos Pink Floyd - Comfortably Numb, porque não sei se isto tudo que se passa no país é uma má trip, mesmo que nunca tenha consumido nada do tipo... ou se é apenas o efeito pós gripal...

Mas uma coisa é certa... há uma data de coisas que se perdem pelo caminho, mais um bocadinho do que resta da nossa inocência, a nossa fé na justiça e que tudo é uma fogueira de vaidades que não vê o ridículo, nem vê o quanto é fútil.

ficam as palavras do bardo:


When I was a child
I caught a fleeting glimpse

Out of the corner of my eye
I turned to look but it was gone
I cannot put my finger on it now
The child is grown
The dream is gone
And I have become
Comfortably numb.


Apareçam´

Rakel

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