Há certas coisas que deixa-me muito curiosa, na maior parte das vezes são apenas pensamentos ociosos ou até momentos de reflexão num momento justo. Se os avanços científicos são tão grandes que conseguem colocar uma sonda em Marte, porque raios não conseguem fazer que uma depilação com cera não seja o mesmo que sentir-me esfolada viva? Só quem fica deitada numa marquesa olhando para a espátula a chegar perto da pele que mal vê a luz do sol, para sentir que faria todo o sentido um avanço tecnológico nessa área.
Perguntas que poderiam ir mais longe... porque estudos científicos sérios demonstram que há várias formas de combater o câncer não são levados a sério, mas por outro lado aposta-se tanto nas novas tecnologias hospitalares de suporte de vida?... quando apenas prolonga-se o inevitável. Boa pergunta...
Da mesma forma fico a pensar no modo como as pessoas ainda veem o papel de cada um na vida como estanque. É assim e tá dito. Li uma frase, sinceramente, achei limitativa e muito sexista. "Fragilidade, teu nome é mulher". Mulher é frágil? Verdade? Hummmm... não me parece. Argumentei que a aparente falta de força confunde-se com fragilidade. Usei até um ditado japonês que diz que uma mulher consegue prender um elefante apenas usando um fio de cabelo. Aí me responderam que a alma é frágil. Será?
Não vou aqui começar a debulhar o mais e menos de cada sexo... já vi homens a gritarem como meninas num simulador de partos, chegando um deles, depois da experiencia, dizer que estava a pensar seriamente em não engravidar a mulher.. para que ela não passasse por isso. Já vi homens completamente histéricos com uma barata.. ou aranhas. :) Tem calma que eu não te denuncio ok?
Mas devido as minhas convicções, não acredito na fragilidade da alma... então porque ligam tanto o facto da fragilidade com o lado feminino? Se um tipo mostra menos resistência à dor.. chamam de maricas :"Porta-te como um homem, porra!" Parece que ser homem é fazer dele um ser insensível, ou são treinados desde tenra idade a serem assim. Engolir o choro, a fazer das tripas coração, fazer um sorriso sacana... e não se passa absolutamente nada. Mas ainda tem a tal da alma, certo? Eles tem alma... não é?
Se realmente a alma é imortal, se a alma volta as vezes que forem precisas para aprender e evoluir, nesse caso, penso eu, que será tudo menos frágil. A alma, essa essência que abandona o nosso corpo físico na hora certa, experimenta tanto um lado como outro, ser homem ou mulher. Então vamos outra vez ver o assunto por outro ângulo: uma pessoa é frágil porque demonstra mais a sua sensibilidade ou apenas será porque não resiste aos impactos da vida? E essa resistência ou falta dela, contra os impactos existe pelos hábitos criados desde criança ou uma questão de personalidade? Perguntas e mais perguntas...
Uma coisa é certa, somos animais de hábitos arraigados, facto é que ainda persiste o termo "meninos não choram". Sentem tudo por dentro, engolem tudo e amarfanham até ficar uma bolinha bem rija dentro do estômago. E chamam isso de força. Não sei, acho que enfrentar o pior dos nossos pesadelos, ser capaz de colocar para fora as nossas forças emocionais, funciona muito melhor do que desatar aos murros em alguém. Engolir frustrações, vivências emocionalmente fechadas, mais dia, menos dia estoura em algo físico e incontrolável. Úlceras nos estômago, câncer, insónias, doenças cardíacas... violência doméstica...
Fragilidade... não é um estado permanente, são os momentos mais inesperados e talvez os mais genuínos que o ser humano pode experimentar. A certeza de que não podemos controlar tudo, que não somos deuses, que somos feitos de defeitos e pontos fracos. Quem não os tem? Sei que muita gente treina a insensibilidade emocional, fazendo de conta que nada os atinge. Outros até levam uma vida aparentemente tranquila, fingindo que não veem nada de mal, que está tudo bem. Há quem pareça uma montanha de controle emocional, mas no fundo preenchem o vazio desse campo comprando coisas, comendo até arrebentar a escala ou bebendo até perder os sentidos. Má gerencia.. digo eu...
E se a minha curiosidade me permitir ainda mais uma pergunta, será talvez a que mais me encafifa o miolo: não será que perdemos demasiado tempo fingindo que uns são frágeis e outros não? Não seria mais fácil perceber que, a alma de cada um é um bem precioso e merece ser tratado com respeito da mesma forma como pensamos que merecemos ser tratados?
Perguntas e mais perguntas... e respostas? Acho que ainda vou pensar um bocado nelas.
Já agora... quem será que me lê há meses lá no Alasca??? Curisidade de gaja, desculpem lá...
Apareçam
Rakel.
PS. o argumento depois de "a alma é frágil" foi "como o corpo". Aí o post nunca mais acabava...
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