Em jeito de quem conta um conto...
....Era uma vez, um deus grego poderoso, Zeus de seu nome, era senhor dos raios, da lei, ordem e justiça (cof, cof, cof) e de temperamento invejoso, com uma estética muito particular e com um problema grave: não podia ver uma mulher que se assanhava todo. Engraçou-se com mortais, ninfas e imortais, nada lhe escapava e foi um dos grandes "fazedores" de semi-deuses.
Mas, uma das coisas que Zeus gostava muito de fazer era ficar olhando lá de cima, observando os mortais que andavam de um lado para outro, grotescos aos seus olhos, pois cada pessoa era feita de um tronco enorme, com duas cabeças, quatro braços e quatro pernas. Zeus aguçou os olhos lá de cima e não achou nada bonito este serviço: uma data de mortais acoplados em pares... e num dia sem mais nada que fazer, mandou lá de cima um um raio. Foi um estrondo e peras, só se viam braços, penas e cabeças a voarem pelos céus e espalhando-se pelo mundo. Daí nasceu a expressão "O raio que te parta". Porque a humanidade ficou fracturada, partida.
Depois do estrondo, cada pessoa ficou tal e qual somos hoje em dia: uma cabeça, um par de braços e outro de pernas... mas sempre faltando alguma coisa: o seu par perdido na explosão. Dizem que a partir daí, estamos todos a procura da nossa outra parte, aquela que se escafedeu na explosão. Passam-se vidas e mais vidas a procura da cara metade, aquele encontro mágico em que solfejam os anjos e há suadeira nas mãos, golpes cardíacos e tudo o resto. E anda meio mundo atrás da sua metade, assim sem mais nem menos, inventou-se o amor, a procura da outra parte que nos falta, a nossa alma gémea perdida neste mudinho dos deuses.
Muitas vezes, vai-se lá saber porque, pensamos que encontramos essa metade perdida, confundimos gestos e palavras, olhares e ensejos na viva procura de quem nos complete. E vai-se experimentando metades que não são nossas, aceitam-se outras partes por cansaço e poucos, muito poucos vivem a plenitude de corpo e alma. Porque corpo é a parte mais fácil... mas alma, abrir a nossa e aceitar a que nos oferecem são outros tantos.
Mas será justamente na raridade desse encontro único que vale a pena os sacrifícios e desilusões que as metades incompletas passam. Aceitar por aceitar é uma derrota, encontrar a justa parte que nos toca nem sempre é algo fácil, mas sempre compensa.
Dizem que dia 14 de Fevereiro é o dia dos namorados, mais uma data calendarizada e que promove o marketing, as vendas e mais uma data de coisas. Mas quem se dá ao trabalho ainda de namorar?? Quem se permite ainda, pegar em tudo o que tem lá dentro e oferecer mais do que o próprio corpo? Oferecer o que só pode ser compreendido é das prendas mais raras de se ganhar, e quem ganha, muitas vezes nem sabe o valor do que lhe caiu nas mãos.
Melhor do que qualquer prenda oferecida em data marcada, é saber-se único e especial para alguém que nos coloca um sorriso bobo na cara, aquela revolução que toma conta da pele e da alma... e que não tem preço, nem vem em embrulho colorido.
Apareçam
Rakel.
É isso, nem que a caminhada seja longa e o caminho apertado... vale a pena ser a parte inteira de nós.
ResponderEliminar:) ... e vem quando menos esperamos e de quem menos imaginamos... é o lado giro disto tudo. A velha história daquilo que julgamos importante e que afinal não é, depois surge aquilo que menos esperamos e cabe tão bem dentro de nós... as ironias da vida.
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