Os tempos da Ira


Acabei agora de comentar com a Bellona que rir, neste momento de profunda e conturbada situação político-social, é o que nos resta. Não paga imposto, como a famigerada taxa da RTP, que andamos a pagar querendo ou não, desse buraco negro sugador de dinheiro... e tudo o mais que a cáfila politica continua a engendrar. 

Mas as pessoas andam sensíveis, atrevo-me até a pensar que anda um surto, ou quem sabe, uma pandemia de uma TPM mundial. Por dá cá uma palha...estoura a maior briga, arranca rabo, discussão, peixeirada sem melhor motivo do que... descarregar frustrações.

Hoje por exemplo, desloquei-me (pensando eu que teria menos gente, mas esqueci que era dia 28 a muita gente recebe) à um determinado local da cidade onde é um micro-mini kampera. Enquanto namorava umas carteiras Vintage, escutei uma música de fundo nada agradável. Um cavernícola esbravejava e vociferava contra um outro ser humano que afinal lhe tinha tomado a vaga de estacionamento. Se não houvesse 200 lugares vagos no estacionamento por baixo da área comercial... ainda vá (eu fui ver se tinha espaço pro popó do irado), mas não era o caso. Dificuldade?? Até tinha escadas rolantes. Mas o brucutu se encheu de brios e se pôs a berrar como se fosse um fim do mundo. Mais, estava a chamar a vias de facto o ser humano que na frente dele falava calmamente. Óbvio será dizer que juntou povo pra ver, até que uma gaja... e tinha que ser uma gaja, bem educada, perguntou ao berrador se queria que chamasse a polícia, para pelo menos ele CALAR A BOCA. Piorou, berrou ainda mais alto. E ela educadamente disse: "se quer falar comigo, fale com educação e baixe o tom." Como acabou não sei, até porque tenho mais o que fazer do que ver um adulto já com cabelos brancos a fazer figuras tristes.



Na volta para casa, naquela coisa de entrar no transporte público, ficou uma valsa entre uma moça e eu naquela : "entras tu ou entro eu?" Até que eu resolvi a questão dando a minha vez e disse que haviam imensos lugares disponíveis. A mocita me respondeu que já tinha assistido verdadeiras peixeiradas entre pessoas que clamavam por ir primeiro. E eu já presenciei isso também. Anda toda gente assim, brigando por nada, jogando fora as raivas contidas e todas as frustrações de cortes no salário , no IRS e sabendo que o custo de vida vai ficar impossível de levar.

Mas aposto que ninguém, nenhum destes valentões de estacionamentos ou lugares no transporte público, vai pegar na sua ira justificada, na sua sensação de total repúdio com as brincadeiras dos políticos, para sair na rua, de forma maciça e assertiva clamar por justiça. Não, vão ficar covardemente em casa,  vão xingar o primeiro ministro na T.V, dizendo que se fossem eles... ahhhhh muita coisa mudava. Mas não vão fazer NADA.

Tenho imensa PENA dessas alminhas que ao fim e ao cabo são como aqueles cães que ficam ao abrigo do portão e da trela, mas que latem à cada um que passa diante deles. Mas de trela solta e portão aberto... são uns covardolas e andam com o rabo entre as pernas.

Reivindiquem os vossos direitos com EDUCAÇÃO, porque berrar e dizer asneiras é o único refúgio de quem não tem argumentos justificados e dois dedos de testa. E se aquele berrador tinha alguma razão... perdeu no momento que se mostrou irracional.

Apareçam

Rakel.

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