Jogando Tekken com o meu filho, tentando desbloquear os personagens todos, achei piada a um dos filmes que acompanham cada final de luta.
Isso porque o vilão da história, um velhote que provavelmente à força de tantas lutas e pancadas diversas usa agora a indumentária dos lutadores de Sumo, aquele fraldão, dá umas valentes gargalhadas.
Se a gente for ver bem, os vilões são sempre bem humorados, riem-se muito e mais que tudo...tem inteligência.
Não são eles que elaboram planos altamente diabólicos, onde investem tempo e dinheiro na construção de maquinas malucas, laboratórios topo de gama e todos os seus sonhos? Tudo bem, na maior parte das vezes ou são a conquista do mundo ou alcançar o poder absoluto. Miram-se em César, Napoleão e outros conquistadores e generais, estudam e procuram soluções que vá de encontro às suas necessidades. Ok, são meio chanfrados da caixa dos pirolitos, mas colocam o engenho a funcionar.
O vilão vem evoluindo desde que o ser humano deitou-se a fazer histórias, escreve-las ou conta-las oralmente. Vem do tempo da luta do bem e do mal, dos anjos e demónios, da bruxa e da princesa, do lobo e do lenhador. Passar daí para as lutas pela coroa, pelo território, pela amada e pela redenção foi um pulo. Mas não haveria conto, história ou estória que valesse se não fosse o vilão. O que seria do Batman sem aqueles vilões gloriosos, que lutam contra todas as adversidades (claro, Batman era o Bruce-podre-de- rico e podia tudo), lutando pelos seus lugares de destaque?
Há os vilões light, aqueles que apesar de tudo não fazem grandes estragos...olha, o Cebolinha por exemplo. Há mais de 30 anos que aquele menino tenta por todos os meios, não só tirar o coelhinho da Mônica, mas também vencer a sua força. É que aquela menina tem um gancho de direita que arrasa qualquer um. Tem os vampiros e lobisomens, que ao meu ver, são umas vítimas da maldição que não pediram, e lutam pela sobrevivência com umas gotitas de sangue. Pior é o governo, que leva sangue, carne e ossos e dizem que é pelo nosso bem e não há Von Hellsing que nos valha...certo, certo... tenho a minha pancadita por vampiragem. Mas não passaram a sua eternidade apenas bebendo sangue e dormindo na tumba. Não senhores, são cultos, correram mundo, sabem línguas e estudam a natureza humana. E o que seria do Lucky Luke sem os Dalton? (calma Joe...calma!) O coiote, aquele desgraçado que nunca consegue apanhar o Bip-Bip, por mais planos e engenhocas que use (que invariavelmente se viram contra ele), embora invista todos os seus fundos na ACME?
Mas olhem com atenção pros do lado do bem...uma sorte do catano os acompanha, capotam com o carro que se incendeia quando bate e saem de lá, não só vivos mas pelo próprio pé. Pouco sangram, nunca, mas nunca se despenteiam, apanham tareias de morte mas se levantam e continuam aos tiros (que sempre acertam em todos) mas poucos tiros levam. Mas quando apanham um, não só conseguem estancar o sangue com um pedaço da camisa (e nunca, mas nunca vou esquecer aquela do Rambo colocar pólvora na ferida pra cauterizar...) e ainda por cima dão um enxerto de porrada no vilão ou arrancam flechas do peito e vão despejando o canhão do revólver...é revoltante...
Não comecem logo a pensar, que eu sou do lado do mal...não é isso minha gente!! Mas me pergunto, se as vantagens fossem bem distribuídas, como seriam estas historietas? Será que Sherlock Holmes seria o que seria sem o Prof. Moriarty? Batman seria o herói (embora o lado dark dele fosse bem forte) sem o Jocker? O tio Patinhas sem o Pataconcio...seria a mesma coisa?
Os papéis na vida real, acho que estão bem balanceados...vítima, vilão e herói.. somos os três juntos todo os dias. Nos sentimos vítimas das circunstancias, sentimos seres indefesos perante as adversidades e culpamos vilões verdadeiros ou não disso tudo. Somos vilões para quem se sente vítima das nossas reacções, irreflectidas ou calculadas. Somos heróis quando aproveitamos as vantagens da vida e seguimos em frente, ou quando conseguimos fazer das fraquezas forças que nos fazem esgatanhar pela vida que achamos que merecemos.
As alegorias que nos acompanham desde a infância, não passam de um reflexo daquilo que somos, a possibilidade de sermos insanos ou brilhantes, venais ou desenrascados...lutadores ao invés da vítima chorona e descontrolada. É uma questão de querer ser mais do que um espectador da vida. Rir, justamente porque estamos vivos e pra continuar na luta.
Por falar em luta...meu polegar esquerdo está dormente...é que fazer aqueles combos todos amarfanha os meus dedinhos e cansa o polegar com aqueles, para cima + esquerda ou direita...
Não há nada como jogar Tekken pra ver como é giro desancar um mamute enorme e bruto como um pneu, apenas usando uma menina lutadora de capoeira...grande malha... :)
Apareçam
Rakel
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