Feliz Aniversário Martin!

... nem parece meu, não é? Deixei passar o dia do teu aniversário e nem me lembrei de te dar os parabéns. Mas pronto, antes tarde do que nunca não é Martin? Esta cabeça anda a mil por hora, pepinos atrás de pepinos e passou-me, quando dei por ela... bem, mas lembrei de ti sim  :)

Tu, e trato-te assim por que são anos e anos de uma grande admiração que cultivo por ti, que sempre remavas contra a maré e que nunca calaste... foste um modelo para mim. Defeitos? claro que ninguém é perfeito, tiveste os teus, é claro, mas tiveste sempre uma imensa coragem.

Falaste dos teus sonhos, dos teus grandes sonhos de uma humanidade justa e igualitária, onde a cor, o credo e as ideias não fossem o motivo de separatismos ou guerras. Sorrio ao lembrar do que dizias sobre a ignorância... é mesmo verdade, essa senhora é causa da maior parte dos nossos problemas. Ignorar é tão mais fácil, temer o que não se conhece é mais seguro. E tu, que sempre falavas em alto e bom som tudo o que querias... pisaste uns tantos calos não foi?

A verdade incomoda Martin, a verdade nem sempre é fácil, e todos aqueles que tem a dignidade de usar a verdade... acabam funhanhados. Hoje estou mais respeitosa a escrever este post não é? O senhor merece...
Justiça, pois, também falavas nisso e nas grandes arbitrariedades de uma justiça que tende a balança para o mais forte, o mais rico ou com melhor influência. Dizias que educação era a base de uma sociedade moderna e que esta deveria ser para todos...

...mas já viste bem Martin? Viste como andam as coisas por aí?

Bem, 45 anos depois de teres ido embora... igualdade é algo inalcançável. A ignorância ainda lavra um pouco por toda a parte, muto graças aos dirigentes do teu país. A guerra financiada, meticulosamente estudada para ajudar quem tem riquezas, esquecendo povos e culturas em vias de desaparecer... olha só o Tibet, por muito menos invadiu-se o Vietnam, mas isso são outros tempos não é? Sei de certeza que te sentes satisfeito, tens pela primeira vez um representante da etnia que tanto fizeste por defender na Casa Branca. E cá pra mim, será o primeiro de muitos e quem sabe muitas. Esse machismo de só Presidentes masculinos... é do tempo do começo da nacionalidade, certo?

Martin, mas teu país está numa bagunça pegada, entram nas escolas ao tiros, miudagem que se passa da marmita e resolve tudo ao tiro. Chamam de bullying, perseguição em bom português, que saltou do problema da cor (e agora pelam-se de medo) e atacam quem bem entendem. Dizem que a culpa é da música, dos metaleiros, dos jogos de vídeo, quando na verdade... é a falta de tempo para acompanhar o crescimento dos miúdos.

Hoje Martin, os sem abrigo, os que passam fome e estão no desemprego, não são só os descendentes dos escravos, não... é a única coisa que democratizou-se no mundo: não há cor nem credo, quando a cor do dinheiro, dos interesses dos Bancos ou da especulação na Bolsa manda e exige, a humanidade fica a perder. E este é o mundo agora...

... mas sabes uma coisa? Inspiraste muita gente, ainda falam dos teus discursos, dos teus sonhos, aquele que contaste à uma data de gente. E muita gente ainda crê nesse sonho Martin, muita gente acha que ainda é possível uma humanidade menos virada para o próprio umbigo, mais virada ao próximo, mais espiritualizada e menos materialista...

...mas não sei não, parece-me que ainda vai levar muito tempo.

De qualquer maneira, deixo-te aqui os meus parabéns, sinceros e abertos. Que voltes, que venhas mais uma vez abanar os alicerces desta sociedade mesquinha e parva, pois precisamos de gente como tu.


Rakel.