Em Endurance :)




Será de mim e deste feitiozinho ruim, mas não noto grande diferença entre o dia de ontem e o de hoje. Até porque, anunciadas tantas previsões da calamidade e do fim do mundo... e cá estamos, tudo na mesma como a lesma. Ou até chegarem até a caixa do correio as cartas de amor da EDP, do Gás e da Águas de Portugal. Aí sim começa o meu ano cheio de novidades.

Há quem, a toque de mais um copo e cabeça a roda, ponha-se a fazer promessas: é desta que se faz a dita dieta, deixar de fumar, e como diz a canção " muda de vida se não te sentes satisfeito". Outros, mais corajosos pensam em ter filhos ou até... arghhhh.... casar. Quem sou eu para julgar não é? Mas as coisas são assim mesmo: não há cá choradinhos e toca de fazer pela vida. Mas fazer promessa ou objectivos só e unicamente para um ano... será no mínimo uma mostra de um optimismo angelical.

Dei-me conta (há já um bom tempo) que não vale a pena meter uma data de projectos a cumprir, mais vale a teimosia de dois anos (há quem chame de perseverança) do que andar a contra relógio e se matando para cumprir datas marcadas. De todas as coisas que me propus fazer como melhoramento de vida, só faltam dois pequenos detalhes, o que já de si é uma grande conquista para mim. Sem data marcada, sem uma meta especifica ou intricada de destino a cumprir, mas sim a qualidade de vida desejada e necessária. O que não vai significar que vou ser milionária. Qualidade de vida implica outros tipos de confortos que não vem etiquetados e com preço. São coisas muito pessoais e fora da visão imediatista.

E tá aí a data nova para colocar em formulários, nos cheques, nos requerimentos e afins; as ambições novas são as mesmas esquecidas durante o ano que passou, entaladas entre um problema e outro e relegadas ao armário das boas intenções. O fatal "é desta que vai ser" atrofia perante a avalanche do "e agora come é que vai ser" no confronto de todas as precaridades e imprevistos.

Não me tomem por negativista logo de caras, não é caso disso, mas sim a consciência de que a realidade não se apresenta linear e tão calma como desejamos. Acho que as grandes desistências acontecem logo nas altas expectativas colocadas logo a princípio e aquela tendencia de pensar que tudo vai dar certo logo. Se não são desistências, são adiamentos repetidos, o que na verdade vai dar no mesmo. Por isso mesmo, a filosofia que adquiri de ter baixas expectativas e de que não espero grandes facilidades tem me dado mais impulso e mais "garra" do que a espera angelical na providência universal. Até desconfio muito quando algo se resolve fácil demais, fico sempre a espera de algum reverso da moeda ou de alguma compensação pelo facto.

Não fiz nenhuma resolução de começo de ano, nem nenhuma promessa homérica para testar a minha paciência e limites. Nem apostei numa corrida contra o tempo para alcançar objectivo  apostei concretamente no objectivo em si, em concretiza-lo dentro de todas as possibilidades e na minha proverbial marcha de endurance. É de teimosia lenta, mas sem perder de vista o realismo que quero concretizar então os meus dois detalhes. Se levará pouco ou muito tempo... logo se vê, mas certamente data-la ou colocar uma fasquia de sucesso não farei.

E manter os tais detalhes dentro das quatro paredes do meu T-Zero garante que, pelo menos, não me chaguem as orelhas com  cobranças. É que na falta de objetivos próprios há quem faça marcação fechada aos dos outros e cobrem a falta de resultados. E se há coisa que realmente me torra a paciência são as cobranças. Conto, como sempre, com as mesmas pessoas que considero mais chegadas, as que sempre tem vindo a acompanhar os meus tortos trajetos  que assistem em loco ao cair das minhas fichas na ranhura e que pelo menos percebem o meu ritmo de escolhas.

De resto... não vale mesmo a pena ficar matando a cabeça no que será ou não o resto dos dias deste ano. SE começar a pensar em todas as funestas possibilidades e quadraturas problemáticas, mais vale nem sair da cama. É resolver cada pepino de cada vez, com a mesma perspectiva que vem se arrastando desde 2001... tempo que começaram os grandes problemas e ainda assim, ninguém se dignou a tentar resolve-los senão através da guerra e na aliança do pacto do Atlântico. Daí por diante é o mantra do costume: tá tudo mal e ainda vai ficar pior, passados 12 anos cá estamos e parece que o tal do pior é um buraco que quanto mais se cava menos chega ao fundo.

Budha dizia que  a causa do nosso sofrimento na vida era por culpa dos nossos desejos, mas acho que na verdade, a culpa em si é pelo facto de que queremos as coisas... mas queremos já, imediatamente. É a falta de paciência na espera de resultados é que goura até a mais bem intencionada resolução. Por isso, se parecer à si que me lê, que as coisas andam lerdas  e nunca mais se chega à meta... ganhe paciência. Dizem que a perseverança (teimosia, cá pra mim) bem direcionada consegue alcançar os seus objetivos. Não ponha então nenhum cronómetro a correr e nem fique comparando status com os outros.

Façam só o seu melhor, mesmo num tempo que não usam muito a honestidade, sempre tem um gostinho melhor chegar no fim por esse caminho. Mesmo que não reconheçam, mesmo que não vejam ou valorizem. Mas é um ganho próprio.

Apareçam

Rakel


Comentários

  1. como um..."Não tenhas pressa, mas não percas tempo" (José Saramago).

    Ainda assim, sai um, Feliz Ano Novo!

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  2. Anita, é por aí mesmo... mudar as coisas sem pressas, dando importância a cada passo. E pra ti também um bom ano... e cá pra mim vai ser bom, há qualquer coisita cá dentro que me dá a intuição de coisas boas.

    :)

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