As Fitas Cantadas ou Tirem-me Deste Filme



Toda gente tem alguns pormenores que as irritam, coisas simples ao ver dos demais, mas que torram a paciência de quem não digere bem esse detalhes. Há uns anos atrás, numa conversa com a minha irmã, falávamos sobre os nossos gostos cinéfilos e para mal dos meus pecados, a miúda gosta de musicais ao estilo Vicent Minelli, ou do Fred Astaire e a Ginger Rogers... pulando, rindo e dançando. Recortam o enredo do filme com aquelas canções chatas pra caramba. Mas felizmente... livramo-nos de no Natal gramar  com My Fair Lady ou The Sound of Music, com uma Julie Andrews rodopiando no imenso relvado de braços abertos e cantando como uma desarvorada... mas na passagem de ano tivemos o triste Herman, que se não fossem a risadas pagas, daria vontade de chorar logo no começo do ano...

Os musicais irritam-me tanto quanto o LOL, meu doce Krishna... como me irritam as pupilas ver um lol pespegado numa mensagem. Lol parece que virou pontuação, servindo para começar e acabar frases mais ou menos como em espanhol se usa o ponto de exclamação e interrogação no começo e fim das frases. Muleta do definhamento mental e da atrofia linguística, sem dúvida encaracola-me o sistema. Isso e as correntes, por incrível que pareça, aquela desgraça da corrente que não pode ser quebrada senão acontece o mesmo que o filho do presidente da Argentina... ainda anda solto por aí. Pegaram na fatalidade do filho do Carlos Menem, coisa que bem convém já que a Argentina fica lá bem longe, e pensam certamente que de todos os problemas que apareciam na secretária do Sr. Presidente Carlos Menem, uma corrente era o mais importante do mundo. Até porque me pergunto se os assessores e secretários deixariam uma corrente em cima da mesa só para zoar com o homem das patilhas a la Tio Patinhas...

... mas eu estava a falar de filmes no começo não era???

De facto o resgatar de antigos sucessos e um desparrame de remakes tem feito o sustento da sétima arte, se bem que do ponto de vista do cinema europeu, nunca andou tão bom, apesar de todas as dificuldades que já sobejamente conhecemos. Mas continuam  a colocar um bocado de lado os filmes feitos no Velho Mundo. As grandes apostas estão nas produções de grande visual, umas carinhas larocas a entrar no lugar de antigas glórias do cinema. Foi um assim nos últimos anos... e sinceramente, dá-me pena ver uma das melhores obras de Victor Hugo outra vez no registo do musical...


Sinceramente... não estou a ver a pena do Victor Hugo a correr pelo papel e ele imaginando um cenário parecido ao do Oliver Twist... ou, valhamesantagrelancia, Feiticeiro do Oz. Perde a intensidade, a profundidade e toda a atmosfera essa coisa de tacar uma música a contar uma história. Para isso existem as Óperas, aquelas senhoras que, tal como a Dama das Camélias ou uma Madame Butterfly levam praí, bem contados, uns vinte minutos só pra dizer que estão a morrer. Gosto de ver ópera, está bem enquadrado dentro do género do dramalhão romântico aliás, foi escrito e concebido para assim o ser.  Perdoo o John Travolta no Grease, Wets Side Story não me diz lhufas... Vi é verdade, pensando que em cada musical encontraria um bocado de encanto. Cresci com os filmes da Disney e a ver a Branca de Neve ou a Duquesa  dos Aristogatos metidas em canções palermas. E mesmo com essa injecção de musica e gente a dançar no meio de um diálogo, não surtiu efeito. Irritam-me de morte os musicais.

É como ver os filmes do Elvis, canastrão que só visto... o rei que não morreu tinha uma boa voz, mas representava mal e com uns enredos mesmo tristes de ver. Lembrei da Esther Williams e dos filmes que então misturavam a natação sincronizada com um enredo que não lembra ao capeta... mas fez as delícias da geração que sonhava com glamour. E a Jessica Rabit que tanta gente achou piada, não foi mais do que uma homenagem à uma ruiva bombástica chamada Rita Hayworth cantando no Night Club o célebre tema Put The Blame on Mame... que se enquadra perfeitamente dentro do contexto...

Mas qualquer dia, sei lá, pegam no texto do Exterminador, colocam o puto cheirando a leite de lata, o Justin Bieber, como a máquina que mata e toca de fazer um musical em jeito de homenagem-remake. E não me digam que eu ando a divagar ou com maus fígados. É que se agora o grande fenómeno musical mundial é um tipo que veste uns fatinhos a chulo e dança como se tivesse um nabo entalado na região anal e que ver se sai a toque de pulo... eu já não duvido de nada.

:)

Apareçam

Rakel.

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