Outro dia , aqui na lista de frases que servem para chegarem aqui ao espaço bloguista, vi com alguma insistência, dias seguidos, de "Teorias sobre Lobisomens" e achei interessante. É um assunto que me dá um certo gostinho de comentar.
Por muito que se ignore, em todo tipo de lenda ou mito há um fundo de verdade, que pela ignorância e pelo preconceito tomam rumos diferentes e fantásticos. Não quero com isto dizer que, ao jeito do que muita gente pensa, que há pessoas que ficam de quatro a uivar para a Lua, cobertos de pelos e andando por aí a procura de vítimas. Bolas, dito assim, ficou um bocado mal, há conotações que podem colocar o leitor a dizer que sim senhores, há quem de vez em quando se coloque nesses preparos, mas isso é outra conversa que pro caso, não entra como assunto.
Falando primeiro da Licantropia: é uma doença mental em que o indivíduo pensa que é um lobo, isto em termos médicos e traduzidos da terminologia científica. Portanto, a pessoa julga-se um lobo não porque o seja, mas porque isso dá-lhe certamente uma compensação ao nível da personalidade ou como uma defesa de abusos e agressões contínuas. Certo e sabido que somos 70% feitos de água e que a Lua, tal como nas marés, influenciam o nosso organismo fazendo 30 por uma linha. As oscilações hormonais e o Ciclo Lunar é sobejamente conhecido, aliás, em muitas salas de urgências de hospitais é conhecido o ciclo dos maluquinhos da Lua Cheia. Por outro lado, a influencia da Lua dispara gatilhos hormonais, fomentando em alguns casos, uma subida da líbido sexual. Por assim dizer... põe a malta a uivar pra Lua :)
Mas dentro de todo folclore e lendas há sempre, seja em que lugar do mundo for, uma besta coberta de pelos, que sai por aí em noites de Lua Cheia a dar dentadas em tudo que se veja e se mexa. Na Europa, principalmente e mais tarde nos novos continentes descobertos após Cabral e Colombo. O que já por si seria uma pista valiosa para o caso.
Certo e sabido que, na avareza e na ganância, muitas famílias importantes faziam por não perder de vista a fortuna e terras acumuladas, sendo por isso mesmo muito comum casamentos com ascendências muito próximas, ou aquilo que agora chamamos de endogamia. Algumas doenças hereditárias foram então, tornando-se muito frequentes e também combinadas umas com as outras, dando depois uma descendência comprometida geneticamente. A Hemofilia (a incapacidade do sangue coagular ou regenerar as pequenas roturas dos vasos), a Porfiria (incapacidade de sintetizar o ferro no sangue) e o Albinismo (incapacidade de produzir melanina, a pigmentação dos tecidos) foram as doenças hereditárias mais propagadas durante séculos no Velho Continente. Quanto maior a proximidade familiar dos cônjuges maior tornava-se a possibilidade dos filhos nascerem com uma ou duas destas doenças. Sorte do catano... e ainda por cima faziam filhos fora do "abençoado matrimónio", espalhando assim um pouco mais os males.
Agora imaginem: nasce uma criança, que por infelicidade carrega dentro de si a Porfiria, os sintomas depende do tipo: se for hepática, a pessoa além de não produzir hemoglobina ainda por cima sofre de dores fortíssimas, convulsões e alucinações. As alterações hormonais disparam o gatilho das crises maiores. E como o corpo não consegue produzir a hemoglobina, é normal pensar que "o corpo pede" justamente isso. Não será de todo descabido que, cheio de dores, com alucinações e o corpo a pedir sangue com ferro, que não houvesse por aí quem ferrasse o dente nalguma nalga ou chicha disponível. :) Se por outro lado, tivesse a combinação do outro tipo de Porfiria a cutânea, que faz um exagerado crescimento da pilosidade corporal, além de sensibilidade a luz.... cá temos o desgraçado que só sai de casa em noites de Lua cheia, não vá ele cair num buraco ou coisa pior. Tanto uma como outra variante da doença causa vários distúrbios neurológicos, alguns que chegam à insanidade ou suicídio.
Por outro lado, os que sofrem de Albinismo... além da falta de pigmentação, da sensibilidade a luz solar... ainda por cima tinha os olhos vermelhos, o que facilmente na época em que tudo era obra do Demo, seria quase que ter uma plaquinha pendurada ao peito a dizer : "Olha aqui a vítima certa pra fogueira" . Muitas vezes, estas duas doenças acabavam por combinarem de aparecer numa única pessoa, trazendo ainda maior desconforto e perseguição.
Embora a pele alva fosse quase que como uma marca registada da condição aristocrática (porque a malta que trabalhava nos campos apanhava sol de jorna em jorna e ficavam com bronze) o factor "olhos vermelhos" não era abonatório e muitas vezes alvo de considerações bastante ofensivas.
Portanto, quem me lê imagine que, tais doenças só começaram a aparecer no Novo Mundo depois das descobertas e do "travar de amizades" com as populações locais, que mesmo não se misturando muito com os colonos, ainda assim, vez por outra davam a luz uma criancinha carregadinha de uma carga genética que não pediu.
As lendas de Lobisomens e Vampiros nasceram muitas vezes da incompreensão de algumas doenças dolorosas e complicadas de gerir. Embora que, nos finais do século XIX começassem estudos a tentar explicar não só o que eram, mas a encontrar alguns tratamentos, na verdade só muito recentemente constatou-se que, é uma doença genética, aliás a família Real Inglesa carrega duas delas: Porfiria e Hemofilia. Assim como na última linhagem Russa carregava a Hemofilia.
Lamento por isso, que muita gente que adora o Twlight, veja-se agora sem muitas ilusões, é que de vampiros já temos o Governo. Lobisomens? Bem... já anda praí tanto vira-lata, não acham que já chega??
Apareçam
Rakel.
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