NÃO



Pede-se uma CocaCola e dizem que só tem Pepsi, ou pede-se uma Super Bock e dizem que só tem Sagres, afinal, segundo pensam, tanto faz o que a gente pede, o que interessa é algo que se oferece para beber. É tudo igual não é verdade?
A gente quer uma casinha com jardim e a imobiliária desfia as vantagens de um apartamento em condomínio fechado e com uma varanda mais pequena do que aquela que o Papa dá a bênção.

Há sempre duas escolhas possíveis: ou a gente aceita a opção oferecida ou diz um não obrigada e espera até encontrar aquilo que realmente quer.
Uma das maiores lições de vida que ganhei foi aos 14 anos de uma universitária que guiava um Jeep Willys no limite da velhice e da velocidade a caminho da pizzaria de bairro. Ela disse no alto dos seus 20 anos acabados de fazer, que ser adulto não era poder fazer tudo, de ter tudo. Um dos maiores trunfos de ser adulto é a capacidade de dizer que não. O NÃO  liberta a pessoa de situações que mais tarde serão incómodas, de uma aceitação artificial do fácil dizer que sim a tudo.

E foi naquele Jeep com assentos duros como os cornos e com  uma suspensão já para além do prazo de validade, guardei essa mensagem na minha cabeça recém aberta aos males do mundo; ao mesmo tempo que dava tratos a cabeça em como faria para segurar 3 caixas de pizzas e segurar-me em algum lado para não saltar fora do carro...

E essa verdade tão simples ficou mais ou menos a servir de muleta aos anos da adolescência  onde dizer não era manter uma guerra aberta contra a autoridade, mas sem dar o devido valor que merecia. Desmerecida vai ficando essa capacidade de dizer não ao que nos incomoda e desagrada. O que é aceite  e bem visto no rebanho é o sim colectivo.

Pois é Ju (é pra ti mesmo o post) dizer não só começou a fazer mais sentindo e mais valor lhe dou desde há uns... 8 anos.Não Ju, não gosto de ver novelas e nem concursos ao estilo Big Brother. Não é pra ser do contra, mas é que não gosto mesmo. Nem de naperons em móveis, nem de ver escuteiros. Não gosto (ou abomino será a melhor palavra) roupa amarela,detesto correntes do filho do presidente da Argentina, tenho urticária dos óculos da moda ao estilo Nerd.

Desculpem-me os militantes anacrónicos, mas torra-me o bichinho do ouvido em cada passeata ou manif as cantigas do Zeca Afonso.  Não gosto, perdeu a graça e o viço, de tanto cantarem Grândola ou outras que tais, queimaram a música tal e qual acontece em cada banda sonora de novela.
Todo mundo gosta daquele coreano que tem uma música com maior sucesso na internet e que dança tal e qual como se tivesse algo entalado na região anal. Eu não acho piada, assim como detesto os programas da tarde na Tv, do mundo cão exposto como disputa de audiências... e do João Jardim.

Mais simpática seria eu se gostasse do que todos gostam, se me deixasse ir nessa onda que tu dizes de que mais vale algo do que nada. Isso não é saber levar bem a vida ou viver em paz... é conformismo. O velho e sabido "se não tem tu, vai tu mesmo" é mesquinho e pequeno. Contentar-se com o pouco por medo de nada é covardia. Meias medidas e meias  palavras em meia vida... é triste. É desmerecer-se e conformar-se com aquilo que menos lhe alegra.

Me desculpe a franqueza, que muitas vezes chamas de brutidade, mas entre ter que me conformar com qualquer coisa sob a pena de não ter nada... prefiro o nada. E digo um não categórico à conveniência de seguir a maré e fazer o esperado. Acho que mereço mais do que me contentar com qualquer coisa, ou um prémio de consolação. Sinto-me no direito de querer aquilo que pra mim é exactamente aquilo que quero... e não me conformo com menos.

Por isso Ju, que cada vez que eu peço uma CocaCola e me oferecem Pepsi eu peço uma 7UP. É que não me contento com imitações, porque não são iguais por muito que me digam. E isso se aplica à quase tudo na vida... entendeste? E o que chamas de brutidade é o meu direito de, educadamente, recusar imposições... e não escolhas minhas. Dizer não é libertador... e coloca no lugar num instante as tuas prioridades. Acredita Ju, a vida começa a fazer mais sentido de cada vez que assumes aquilo que gostas, queres e achas que mereces para ti... e recusares aquilo que acham que é melhor pra ti. Já és crescidinha.. escolhe tu os teus maus hábitos, não aceites os hábitos que acham que deves ter em cada canal de TV.

Apareçam.

Rakel.


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