O tamanho e o problemas.... os problemas dizem-se de bom tamanho, sejam eles vistos pela nossa perspectiva como pela de outros. Tamanho...bom, dizem que o tamanho é um assunto também pessoal e que o que vale mesmo é saber fazer bom uso do que há.
Temos estas miudezas de prestarmos atenção ao que nos toca diretamente, das coisas que tomam as suas proporções e que ganham anseios e desafectos. Os problemas e o seu tamanho e peso em tudo na vida, o que não nos deixa adormecer, aquilo que nos impulsiona a levantar de manhã e mais ainda, aquilo que se torna obstáculo ou objectivo na vida. São acima de tudo... escolhas.
Eu posso escolher ficar passada de todo por causa de uma boca foleira, da minha carteira minguada e extorquida, da insanidade de não saber o que será com mais austeridade e obrigações das quais posso fugir. Posso escolher remoer a safada da borbulha que lembrou de aparecer no rosto, qual vulcão avermelhado fora da adolescência. Posso andar de beicinho e emburrada por causa de um par de botas lindas de morrer que a minha carteira não alcança e mal dizer a pouca sorte de só me apaixonar com sapatos de muitas cifras.
Posso passar também todos os dias a desejar que alguém que me tenha me prejudicado a vida, me pague com juros tudo o que torrou. Posso encontrar nomes muito criativos para chamar alguém que pensa que sabe quais são os problemas das mulheres, como se alguma vez tivesse mesmo atento a realidade feminina. Mas sabem de uma coisa? Não perco meu tempo nisso. O passar dos anos deu-me uma certa perspectiva do meu tempo por aqui, ainda com a cabecinha mais ou menos sã, com a capacidade de escolher como uso meu tempo. Merecerei gastar minutos preciosos com questões menores? Será que me dá alguma satisfação pensar em formas tortuosas de conseguir aquilo que acho justo pra mim? Os problemas são mesmo problemas?
Cheguei há algum tempo a resposta do enigma: problema fortalece o caráter, obstáculo existe pra saber se temos inteligencia e força para ultrapassa-lo. Tempo... é algo demasiado precioso pra gastar com coisas que não tem jeito nenhum. Nos dias que acordo com tendencias de auto compaixão... bem, aprendi a me chutar na bunda e tomar rumo, isso não pode durar mais que 15 minutos e nem mais um segundo.
Quando eu digo que pessoas entram e saem da nossa vida e que deixam algo sempre valioso, uma lição de vida, acho que é mesmo verdade a cada dia que passa. Hoje conheci uma mulher fantástica, com um sentido de humor absurdamente delicioso e que me fez rir do começo ao fim da nossa Happy Hour, diante de umas bicas, numa tarde meio emburrada entre sol e nuvens na esplanada do costume. Ela vive todos os dias com a perspectiva de ter como certo só o hoje,não por conceito de vida, mas como realidade. Linfoma, uma palavra do catano pra virar a cabeça de qualquer pessoa ao contrário... mas a dela, caramba, deu-lhe uma sabedoria espetacular.
O hoje que ela vive é sem ansiedade, sem o meticuloso planejamento de querer o retorno dos dividendos que ainda não lhe pagaram porque são dela, nem pela necessidade de assistir de camarote a queda iminente de alguém que lhe deu dissabores mil. Está-se nas tintas para o que pensam ou deixam de pensar dela, trabalha com o mesmo afinco com que se diverte... tem a plena consciência de que o dinheiro é sobrevalorizado e que isso não lhe garante de jeito nenhum o acordar amanhã de manhã. Ela sai pra dançar, namorar quando lhe apetece e agradece os momentos que tem só pra ela. Humoriza com a maior simplicidade as coisas mais caricatas da vida... e de uma maneira desinibida fala de tudo aquilo que mais gosta. Ela não guarda na boca nem em lugar nenhum conveniências para dizer à família, nem diz o que esperam dela. Ela só tem garantido o hoje...
... e foi a maior lição de vida que se pode levar ao vivo e a cores. Foi um pedaço de tarde a rir até as lágrimas com as coisas mais parvas e mais interessantes desta vida.
O Tamanho do Problema?? Francamente.... isso é tão blasé...
Apareçam
Rakel
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