Bem Me Quer, Mal Me Quer... ou a Arte de Bem Insultar



A gente sabe quando o nível de irritação chega naquele limite perigoso de paciência, quando o rastilho é mesmo curto e prestes a chegar à pólvora.... é quando chega no insulto gratuito.

Insultar é uma arte que pouca gente sabe trabalhar e lidar com ela, porque o insulto gratuito e pouco trabalhado sai na hora da cabeça quente e do ânimo exaltado. Saber insultar é ainda uma valência de que poucos são detentores, uma sabedoria feita em anos de prática e observância.
Há que fazer uso do método cientifico, de estudar com afinco os sujeitos da acção, há que saber a hora certa de o fazer, porque só assim o insulto, se necessário é, surtirá o efeito desejado.
O sarcasmo e o cinismo sempre foram bons meios de insultar sem que o insultado se aperceba da situação, mas usar qualquer um destes meios não é arte para qualquer pessoa. É preciso inteligencia e algum sentido de humor, coisa que nem toda gente cultiva.

Fica provado que os políticos são péssimos a fazer uso do insulto, pra já começam o insulto com o Vossa Excelência, fazem mil floreados em linguagem rebuscada e raiando perto da poesia dos século XVIII e depois rematam com gestos a fingir corninhos como foi o caso do Deputado Manuel Pinho. É nesse mar de ambiguidades de falatório rebuscado e mofento que surge o estalar do verniz fininho e de má qualidade e de onde saem estas imagens para a posteridade. O insultante ao fim e ao cabo, nem é o gesto em si... mas o despropósito dele em um lugar onde se pensa, ou pelo menos se quer gente séria a trabalhar. Mas há algo de incompatível com a palavra "trabalhar" e "deputado" que há muito me intriga...



Outra forma de insulto, e não menos brutal, é aquele que se faz na chamada "imprensa de glamour de oito tostões" que saltou das revistas e veio para a pequena tela, seja ela de plasma ou a normal. Meninas que mostram como é boa a massagem com lama ou chocolate, quem mostram a vida louca das noites nos clubes selectos ou nas festas brancas e azuis. Dizem estas meninas que oferecem sonhos, coisas para ver do lado bom da vida...à milhares de telespectadores que tem que viver com o subsídio de desemprego e que não dura nem sequer até ao meio do mês, e que se estão nas tintas pros sapatos de sola vermelha... o que não dariam por umas febras pah...

Da mesma forma, dois jornalistas mostram dois lugares para passarem o fim de semana, com preços que pagariam os livros escolares de muita gente, mas que mostram, o país fantástico que temos, mas... que só servem para uns poucos. Isto é dos insultos velados mais bem feitos da história social, bem feito, sem palavras agressivas e sem baixar o nível  mas a bem dizer uma lambada nas fuças com luva de pelica de toda gente e mostrando que o país é feito de imagem de marca.

Quanto maior o mal estar social, maior é o crescimento da insatisfação dos cidadãos, e o insulto foge da boca como quem dá um ai. Daí que, com exemplos tão dignos daqueles que estão acima na hierarquia social, o povo se descamba no insulto fácil e banal. Giro mesmo é saber que o estudante que insultou o tão digno Sr. PM seja o único a levar com o castigo todo. Nas redes sociais, nas caricaturas de jornais, não só o Sr. PM  é insultado  mas também todo o seu séquito real, na pessoa do Gasparzinho e do pedante Conselheiro, que no alto da sua imensa sapiência chama de ignorantes aos que ainda teimosamente investem no país. António Borges, que ganha um salário chorudo para aconselhar quem e o quê deve ser privatizado, que andou a fazer sabe-se lá o que num banco estrangeiro, manda cá pra fora abébias como um gajo qualquer de beirada de balcão de boteco. Imaginem que lembrem de passar a pente fino todas as redes sociais e demais meios de comunicação e indignação... e teremos os tribunais atulhados de processos de difamação.

Dos maiores insultos que me calhou ouvir até agora, saiu da boca do Sr. PM ao dizer que os portugueses até gostam de fazer sacrifícios, e que mais um, menos um tanto faz, o que realmente é importante é o Estado continuar com as suas mordomias e Fundações, a pagar as multas de trânsito do SR. Mário Soares e os custos de representação do Relvas. Porque o povo até gosta de pagar um passe que mal vai usar este mês com tanta greve, com manifs e tal e coisa. Se isso não é um insulto à dignidade e ao bom nome de cada cidadão que vota e que desconta pra este país... vou ali e já venho.

Se me disserem hoje que o Sr. PM virá ao meu local de trabalho para uma visita qualquer, podem crer que vai ser o único dia que vou faltar ao trabalho. É isso ou sentir a minha integridade e dignidade a ser violada ao ter que ser forçada a sorrir e cumprimentar esse Sr. alarve. O mais certo seria sentir-me tentada a manda-lo pra.... Massamá, de onde nunca deveria ter saído. Gastar ovos em tão inútil e bipolar governante??? Vocês sabem a quanto anda a dúzia de ovos??? A gente já não ganha pra uma singela omeleta.

E fica mal ver o  amuo num homem que já faz a barbar e tem filhos, só porque a pressão social fez-lhe tirar o TSU. Mas não ainda não atingiu que, com motoristas, secretários e adjuntos do secretário de cada gabinete... é gente demais a mamar na mesma teta seca. Comece a limpar dentro de casa e vai ver que começa a sobrar dinheiro... Mas o maior insulto de todos, aquele que é mais vergonhoso é saber que, em cada gabinete, ministério e demais repartições, sabem pouco do que é a vida real aqui fora e foram eles votados para nos bem representar. Maior insulto do que esse não conheço...


Apareçam

Rakel.

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